Isto não é um fuzil

Adriano Moura

Não foi apenas chuva, mas um dilúvio. Amaro chegou muito molhado, ganhando de presente o resfriado que durou uma semana. A distância do ponto de ônibus até sua casa era de mais ou menos 2 km. Saiu desprotegido, pois sabia o quanto um homem negro, armado com seu guarda-chuva até os dentes, em vez de se proteger, pode ser vítima de fuzilamento. Portanto Amaro preferiu a chuva, que não faz distinção de cor quando decide pela justiça das águas.

(In: Invisíveis, p. 93).

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