DADOS BIOGRÁFICOS

Maria Helena Vargas da Silveira nasceu em Pelotas, no Rio Grande do Sul, em 1940. Detentora de uma sólida formação acadêmica, diplomou-se em Pedagogia pela UFRGS. Conforme se pode ler no trecho abaixo, retirado do site da escritora, Maria Helena relata como a tríade família, terra natal e pertencimento étnico a ajudaram encontrar inspiração para compor suas obras.

 

“Sou uma negra, pelotense. Admiro muito a minha terra natal, pois  representa o espaço onde teve início tudo que sou, o lugar em que viveram meus pais, meus avós, meus amigos, gente que me legou uma estrutura interior muito boa. Tenho certeza que herdei um pouquinho de cada um deles. Quem foram eles? Meu pai, minha mãe e meus avós”. (http://rainhaginga.sites.uol.com.br)

 

Ao ler e analisar suas obras, percebe-se que, dentre os fatores que compõem a tríade, a família é o que atua com maior força na escrita de Silveira. Tendo em vista esse fato, é necessário saber um pouco sobre esses familiares para conhecer a mulher, a mãe e a escritora. Seu pai – José Francisco da Silveira – motorista de profissão, gostava de música, tocava reco-reco e desfilava na Escola de Samba Ramiro Barcelos, a verde e rosa de Pelotas. Zé bigode, apelido pelo qual era conhecido, tinha uma personalidade muito forte e como sua filha o caracteriza, “assumidamente negro e sem cerimônia, fazia com que as pessoas se assumissem, quando ele notava que elas possuíam certas reservas em se mostrar como pertencentes à camada dos negros”. A mãe, Maria Yolanda Vargas da Silveira, era costureira e tinha o hábito de transformar em versos fatos que permeavam o cotidiano. Ela acreditava que era através da educação que se alcançava à liberdade, por isso fez de tudo para que os três filhos chegassem até a universidade.

Seu avô paterno, Armando Vargas, era gráfico, revisor, secretário, poeta, cronista e articulista do jornal A Alvorada, semanário da negritude pelotense. “Em seus textos, muito clamava pela justiça social, falava em luta dos operários, discriminação racial, desemprego, ao mesmo tempo em que era capaz de falar de amores, natureza, carnaval, esperanças, era muito amoroso”. O traço em comum entre eles é assim apontado pela neta: “assim como o meu avô, detesto discurso que não tenha a ver com a minha prática. Quero sempre poder dizer e fazer, percorrer e dar retorno,  sou cobradora de mim mesma, em muitas questões, mas não perco a esperança. Minha prosa não se abate. Seus apelos geraram progresso”.

É Fogo (1987), seu primeiro livro, é uma narrativa de denúncia do preconceito racial nas instituições de ensino, em que a autora lança mão de fatos por ela vividos em seu tempo de escola. Suas outras obras transitam pelo romance, poesia, crônica, contos e textos satíricos. A última publicação de Silveira foi o conto “As Filhas das Lavadeiras”. Além dessas obras, a autora tem participação em diversas coletâneas de textos literários e ensaísticos.

A escritora coordenou e executou trabalhos comunitários com crianças, jovens e mulheres, assessorou os planos de integração escola-comunidade e prestou consultoria a projetos voltados para a formação continuada de professores que atuam em Comunidades Remanescentes de Quilombos. Por suas obras e trabalhos realizados junto às instâncias comunitárias, Maria Helena concorreu a vários prêmios. Em 1997, foi indicada ao troféu Zumbi. No mesmo ano venceu o concurso história de trabalho, categoria troféu Zumbi, com o conto “Conversa de Negro”. Além de troféus, recebeu diversas homenagens. Em 1995, foi patrona da feira do livro em São Lourenço do Sul. E em 2000, foi admitida na Academia Pelotense de Letras.

Em Janeiro de 2009, uma grande perda se abateu sobre os filhos - Eder e Shaiane -, netos, amigos e leitores de Maria Helena Vargas da Silveira: ela faleceu em Brasília, onde estava radicada há mais de dez anos, vítima de aneurisma.

Referência

SILVEIRA, Maria Helena Vargas da. Maria Helena por Maria Helena. Disponível em: <http://rainhaginga.sites.uol.com.br/mariahelenapor.htm>. Acesso em: 24 set. 2008.

 


PUBLICAÇÕES

Obra individual

É Fogo. Porto Alegre: Grupo Editorial Rainha Ginga,1987.

Meu Nome Pessoa - Três Momentos de Poesia. Porto Alegre: Grupo Editorial Rainha Ginga,1989.

O Sol de Fevereiro. Porto Alegre: Grupo Editorial Rainha Ginga,1991.

Odara - Fantasia e Realidade. Porto Alegre: Grupo Editorial Rainha Ginga,1993.

Negrada. Porto Alegre: Grupo Editorial Rainha Ginga,1994

Tipuana. Porto Alegre: Grupo Editorial Rainha Ginga,1997

O Encontro. Porto Alegre: Grupo Editorial Rainha Ginga, 2000.

As filhas das lavadeiras. Porto Alegre: Grupo Cultural Rainha Ginga, 2002.

Antologias

O Bacião e Jacuba. Nós, os Afro-gaúchos (vários autores).Porto Alegre: Editora da UFRGS, (s/d).

Nós. Uma Visão do Mundo Negro Hoje (vários autores). Porto Alegre: Câmara Legislativa de Porto Alegre, (s/d).

A Lágrima (poema). Roda de Poesia (vários autores). Porto Alegre: Editorial Grupo  Semba, (s/d).

Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 2, Consolidação. Organização de Eduardo de Assis Duarte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

Não Ficção

Questões de Negro e Espaços de Realizações. Educação, Etnias e Combate Ao Racismo: Cadernos de Educação da Comissão de Educação da Câmara Federal de Deputados, Distrito Federal, s/d.

Jovens Negros em São Paulo. Revista Palmares, nº 4, Fundação Cultural Palmares, Brasília/DF, 2000.

 


TEXTOS

 


CRÍTICA

 


FONTES DE CONSULTAS

EVARISTO, Conceição. Maria Helena Vargas. In DUARTE, Eduardo de Assis. (Org.). Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 2, Consolidação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

 


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