Compromisso
o passarinho morto na garganta
é a ode que você não compôs
aos mortos
do calabouço.
essa corrente ancestral
que volta lingoteando seus passos
é a antiga força da violência.
essa águia podre comprimindo
o espaço ancho do seu peito
é o seu silêncio.
é você inteiramente omisso
sem poder estender essas armas frágeis
que são suas mãos.
(Água marinha ou tempo sem palavra, p. 19)