Oito nomes depois do seu

Oito nomes depois do seu. poeira atrás de poeira.
sim, fiquei aqui.
presa no cubo mágico, esperando
as autoridades chegaram logo com reforços
alguém que enumerasse as cores
qualquer um
que soubesse o algoritmo de deus.
movimentos fáceis, pré-ordenados.
em pouco tempo tudo se organizaria
na minha cabeça
ou tanto faz
foda-se
alguém me tira daqui. 

Que resolvessem o enigma de uma vez.
dedos quase dóceis, mãos de fada.
me visitando todas as faces.
depois, me beijariam na boca.
até que finalmente me fariam esquecer
seu cabelo brigando contra o sol
crespo e invencível
seu casado brigando contra o sol
cheiro de musgo. suor.
aquela música que você fez pra mim.
qual a matemática. que solução.
se continuo bebendo feito uma raposa,
vivendo com gente que ri de Babel.
Oito nomes depois do seu. poeira atrás de poeira.
sono após sono, cruel.

       (In: Nossos poemas conjuram e gritam, p. 43)
 

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