As tranças

procurando uma explosão impossível.
sua voz, o engano que trancei junto aos meus cabelos
enquanto eu não olhava o espelho.
o couro cabeludo à mostra.
precisei desenhar na minha cabeça
algo que parecesse a estrada até a sua casa.
então a verdade seria um penteado bonito
que eu pudesse exibir na rua pros desconhecidos.
o pente meu cúmplice dizia
não se atreva
mal senti o sol bater
ardi como jamais.
se até ontem nada me escapava
teve aquela festa
onde dancei feito uma mariposa perdida
a alegria nos quadris não passava de um jogo
que acreditei conhecer as cartas.

             (In: Nossos poemas conjuram e gritam, p. 45)

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