Herdade
Adio os búzios ante a vastidão dos tempos
A fim de ocultar o que em mim
Será o nascer inadiável do sol,
Ou a cicatrização paulatina dos ferimentos.
És, em mim, a Herdade.
O feudo imensurável dos meus quilombos.
O abandono mais desatinado de mim mesma
E dos projetos de Ser que armazenei nos ponteiros.
Enquanto aguardava o despotismo
Do teu aferro à inércia,
E dizia dos teus erros apenas Pacatez
E dissonância,
Fincava no Desejo o meu deus de obstinações!
Adiava a Exaustão!
Afugentava abstinências!
(Alforrias, p. 35)