DADOS BIOGRÁFICOS


Zainne Lima da Silva (1994) nasceu e vive em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, filha de mãe baiana e pai pernambucano. Em seu perfil publicado na antologia Jovem afro (2017), declara ter sido alfabetizada em casa aos cinco anos e que, desde então, “nunca parou de escrever.” A autora conclui Letras na USP e “pretende seguir carreira acadêmica estudando a literatura negra e periférica de seu povo.”

 

Além de poeta e prosadora, atua como professora do Ensino Básico, arte-educadora, pesquisadora, revisora e roteirista. Escreve para as páginas Zênite, pessoal, e para a do coletivo Entre Irmãs, ambas do facebook. Participante de movimentos sociais, é uma das cofundadoras do coletivo Flores de Baobá, de escritoras negras, e também do coletivo Fora da Garrafa, de arte-educação.

Em 2018, Zainne Lima publicou Pequenas ficções de memória, dividido em três segmentos – Lembranças, Reminiscências, Recordações – apresentando escritos tocantes narrados quase sempre em primeira pessoa. Em 2020, traz a público mais duas produções: Pedra sobre pedra, reunião de poemas, com versos lapidados com esmero, e Canções para desacordar os homens, este último em formato e-book.

Mesmo antes dos livros, a escritora teve seu trabalho reconhecido: ganhou o 2º lugar no concurso “Ensino Médio com Poesia Superior”, da Universidade São Judas Tadeu, em 2012; e foi finalista por três anos seguidos do “Programa Nascente”, da Pró-reitoria de Cultura e Extensão da USP, categoria Texto, tendo obtido Menção Honrosa em 2017 com “A história de Maya”, publicado mais tarde em Pequenas ficções de memória.

Sua obra trabalha com diversos temas, como a figura feminina, amor, solidão e principalmente questões relacionadas ao ser negro, com isso podemos observar em seu poema, toda a perspicácia que a autora possui em retratar o outro:

Reentrâncias

amar as mãos e os pés do homem negro
saber quantas de suas canelas
fugiram de polícias milícias
quantas vezes seus ombros caíram
em mãos atrás da cabeça
amar suas impressões digitais
debaixo dos calos de trabalho
e música
amar suas cicatrizes
de skate cerol e bala perdida
amar seu sobrenome
sem pai
amar seu corpo estirado no chão
vivo ou morto (sempre morto)
amar seus traumas suas neuroses
amar suas contradições
amar sua ejaculação precoce
sua ejaculação retardada
sua impotência
diante dos absurdos da vida
amar as canções que ele ama
amar os poemas que ele odeia
escrever sobre sua percepção de mundo
respeitar seu silêncio
exercitar sua paciência
despertar sua delicadeza
perceber a minúcia
atrás da couraça protetora
saber arrancá-lo à força de seu pesadelo
pôr-se à beira do precipício
que é amar um homem negro
ser gentil na queda
esquecer a colisão

Sendo assim, Zainne Lima é uma promissora poeta do século XXI. Sua arte merece leituras e releituras. Com sutileza e consciência ela reverbera em seus poemas parte da sua alma de escritora, um trabalho de extrema relevância na sociedade, principalmente na exaltação do povo negro, por ter uma linguagem forte, viva e representativa.

Referências:

Disponível em: <https://www.editorapatua.com.br/produto/9096/pequenas-ficcoes-de-memoria-de-zainne-lima-da-silva

http://ruidomanifesto.org/tres-poemas-de-zainne-lima-da-silva/> Acesso em 14/09/2020.

Disponível em: https://revistaacrobata.com.br/demetrios/poesia/3-poemas-de-zainne-lima-da-silva/ > Acesso em 10/10/2020.

 


 

PUBLICAÇÕES

Obra individual

Pequenas ficções de memória. São Paulo: Editora Patuá, 2018.

Canções para desacordar os homens - Veiculação independente em meio digital, 2020.

Pedra sobre pedra. Belo Horizonte: Editora Venas Abiertas, 2020.

Antologias

Jovem Afro. Organização de Márcio Barbosa. São Paulo: Quilombhoje, 2017.

Raízes: resistência histórica. Organização de Karine Bassi. Belo Horizonte: Venas Abiertas, 2018.

Cadernos negros 41. Organização de Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa. São Paulo: Quilombhoje, 2018.

As coisas que as mulheres escrevem. Organização de Luciana Lhuller. São Paulo: Editora Desdêmona, 2019.

Cadernos negros 42. Organização de Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa.  São Paulo: Quilombhoje, 2019.

Pilar futuro presente: uma antologia para Tula. Organização Maitê Freitas e Carmem Faustino, Local: São Paulo Editora Oralituras, 2019.

Nem uma a menos. Organização Jullie Veiga. São Paulo: Editora Versejar, 2020. 

Escritoras de Cadernos Negros - Projeto De Mão Em Mão - Prefeitura Municipal de São Paulo, 2020.

 

TEXTOS

 

CRÍTICA

 

FONTES DE CONSULTA

 

 

LINKS

 

https://revistaacrobata.com.br/demetrios/poesia/3-poemas-de-zainne-lima-da-silva/

https://jornal.usp.br/atualidades/escritora-zainne-lima-matos-fala-sobre-literatura-negra/

http://ruidomanifesto.org/tres-poemas-de-zainne-lima-da-silva/

http://ruidomanifesto.org/tres-poemas-de-zainne-lima-da-silva/

https://www.youtube.com/watch?v=P76ejbA1TAE

https://comoeuescrevo.com/zainne-lima-da-silva/