Frutos do medo de estrangeiros, como resultado de uma avaliação de decadência moral por parte dos escritores ou como metáfora da liberdade, os monstros estão intimamente ligados aos espaços onde perambulam insones, assustando e ameaçando os cidadãos. Surgem, desse modo, os monstros urbanos, os casos de demônios, mortos-vivos e vampiros que circulam, sobretudo, à margem dos grandes centros. Em Como me contaram: fábulas historiais, de Maria José de Queiroz, por exemplo, narrativas orais de assombração e de crime são registradas por uma cronista que ouve e escreve, num misto de ficção e história, os casos, transformando-os, assim, em fábulas historiais.
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