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Literatura – Prosa e Verso
Livro: Mons Vivus
Vida: 1977

Atmosfera

 

ATMOSFERA

Das lentas águas do dilúvio
que vêm subindo, noite a noite,
da foice de aço que ceifa
a messe, de sol a sol,
do tempo surdo que avança
com suas patinas
e vai roçagando mantos
por onde passa,
há que guardar para sempre

- essas paredes impregnadas
de belas máculas verdes;
esses desgastes da madeira
por tantos passos de ir e vir;
o ar solitário dessas pedras
que tantas sombras recolheram;
esse cansaço esse descanso
de ancianidades coniventes;
esse património heráldico;
esse clima de velho estilo;
essa nobreza na pobreza;
essa nave a que imobilizam
nostalgias remanescentes;
esse relógio do passado
que marca as horas do presente;
essas palmeiras já sem fruto
que apontam rotas futuras.

 

MODUS

E lentis aquis diluvii
lente cretis noctes singulas;
e ferrea falce quae segetes
usque in diem totum resecat;
e tempore quod progreditur
multis vetustatis pedibus
levique murmure palii
fugientis per itinera,
haec servabis in perpetuum:

illos saxeos parietes
viridanti imbutos macula;
illud taciturn materiam
sub continuis rodi passibus;
illum modum solitarium
colligentium umbras lapidum;
illam certam patientiam
serae antiquitatis sociam;
illud sacrum patrimonium;
illam rationem pristinam;
illud esse clarum pauperem;
illam navem quam custodiunt
sempiterna desideria;
illud vetus horologium
quod praesentis horas dictitat;
illas palmas sine pondere
quae futuras vias indicant.

 

Henriqueta Lisboa José Lourenço de Oliveira

 

Copyright © 2004 by Alaíde Lisboa de Oliveira.

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