O CARVALHO E SUA SOMBRA
Dentro da amêndoa veio a seiva.
A amêndoa na terra fofa
deitou raízes. Palpitou. Cresceu.
O tronco abriu-se em ramagens.
E o carvalho deu sombra.
Era uma sombra de outros mundos
e de tempos remotos.
Era uma sombra de suave
e envolvente fragrância.
Propícia ao brinquedo dos pássaros,
ao encontro de transidas ovelhas,
ao adomecimento das víboras.
Pairou a sombra sobre o vale.
Multiplicou-se nos vergéis.
Cobriu toda a montanha.
Arrimou-se aos despenhadeiros.
Atingiu, porfiada, a planície.
Penetrou os espessos muros
em que os homens se fecham.
Entrou em agonia lenta.
E, quando menos se esperava, tranqüilamente, na altura,
revestiu-se de verdes franças.
|
OUERCUS ET UMBRA
Intra glandem venit sucus.
Molli glans in humo sita
mox radice mota crevit.
Ramos truncus mittit novos
umbras quercus spargit primas.
Alia ex terra haec erat umbra
alio ex aevo quoque longo.
Erat etiam mitis umbra
permanantis plena odoris.
Illic aves lusitabant
illic oves quiescebant
dormiebant et serpentes.
Super vallem stitit umbra
inundavit omne pratum
involvitque totum montem
et ad nigras fauces haesit.
Semper victrix campos texit
densos et intravit muros
quibus viri se clausere.
Lente post mors coepit umbrae.
Inopina tamen floruit
superius tranquille induta
foliis viridioribus.
|