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Literatura – Prosa e Verso
Livro: Mons Vivus
Vida: 1977

O ÓRGÃO

 

O ÓRGÃO

A exemplo do Criador,
plasmou o Artista, em madeira,
sua caixa de música.
E com o cedro incorruptível,
veio a lembrança dos pássaros.
E com o negro jacarandá,
um revérbero de vagalumes.
E com as raízes do alto pinheiro,
o odor da malva e do musgo.

Arvoredo ou jaula?
E esse favo de mel com zumbidos antigos,
e esse tufo de orquídeas em rapto,
e a água que escorre nos desenhos do vento?

As mãos poderosas do Artista,
soa em plenitude o canto.
(Nos seus recônditos freme
a selva. E são vivas clareiras.)
0 canto que jamais se ouvira.
Do bojo seco da matéria
para as madrugadas do éter.

 

ORGANUM

A Creatore exemplum capiens
e levi ligno arcam musicam
peritus ille fecit opifex.
Una cum cedro incorruptibili
inclusa mens remansit avium;
et cum obscura e silvis tabula
remissa lumina lampyridum;
et cum radice pini altissimae
odores malvae et musci teneri.

Illicne silva an carcer volucrum?
Qui favus ille resonans antiquo fremitu
quae crista florum turgida
et quae nunc fluitans aqua intra ventorum lineas!

Firmis sub digitis artificis
personant cantus plenitudine.
(Dum silva fremit in reconditis
tum et aperta fiunt lucida.)
Et inauditum meios fulgidum
ab alvo ligni sicca defluens
leves in rores it diluculi.

 

Henriqueta Lisboa José Lourenço de Oliveira

 

Copyright © 2004 by Alaíde Lisboa de Oliveira.

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