banco de textosvidalivroshome
Literatura – Prosa e Verso
Livro: Mons Vivus
Vida: 1977

MATINAL

 

MATINAL

Acorda de madrugada
em lugarejo distante
uma voz terna e confiada:
- Deus é grande.

Nasce das escuras pedras
uma fita de água voante
em que o arco-íris se reflete.
- Deus é grande.

As águas límpidas jorram
de banquetas espelhantes
num desperdício de jóias.
- Deus é grande.

São cabritos, vêm aos saltos
esses meninos ao banho.
Como está cheia a cascata!
- Deus é grande.

O poço preto do diabo
com sua velha artimanha
fica ali perto no mato.
- Deus é grande.

Os meninos que desnudos
e rosados lembram anjos
pênseis do sol à moldura
- Deus é grande -

atiram sete pedrinhas
no lameiro do demônio
sete vezes repetindo:
- Deus é grande.

 

AD MATUTINUM

lam orto lucis sidere
fit dissito in pratulo
dulcisona vox fidei:
Quis ut Deus?

De fusca rupe nascitur
fonticulus volatilis
et lucet arcus pluvius.
Quis ut Deus?

Undae spumosae pullulant
de repercussis gradibus
inaniter gemmiferae.
Quis ut Deus?

Nunc iuvenes capreoli
saltatim petunt balnea
et cataractas contegunt.
Quis ut Deus?

Obscurus Satan puteus
artis periti subdolae
in silva hiat proxima.
Quis ut Deus?

Hic turba iuveniliter
- roseos diceres angelos
de solis ora pendulos
-Quis ut Deus? -

emittunt septem saxula
in foedi lamam daemonis
et vocem iactant septies
"Quis ut Deus?"

 

Henriqueta Lisboa José Lourenço de Oliveira

 

Copyright © 2004 by Alaíde Lisboa de Oliveira.

Informações e imagens podem ser copiadas para uso educacional,
sem finalidades comerciais, desde que citada a fonte. Para outros usos,
entre em contato:
joselourencooliveira@terra.com.br.