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Literatura – Prosa e Verso
Livro: Mons Vivus
Vida: 1977

A OVELHA

 

A OVELHA

Encontrastes acaso
a ovelha desgarrada?
A mais tenra
do meu rebanho?
A que despertava ao primeiro
contato do sol?
A que buscava a água sem nuvens
para banhar-se?
A que andava solitária entre as flores
e delas retinha a fragrância
na lã doce e fina?
A que temerosa de espinhos
aos bosques silvestres
preferia o prado liso, a relva?
A que nos olhos trazia
uma luz diferente
quando à tarde voltávamos
ao aprisco?
A que nos meus joelhos brincava
tomada às vezes de alegria louca?
A que se dava em silêncio
ao refrigério da lua
após o longo dia estival?
A que dormindo estremecia
ao menor sussurro da aragem?

Encontrastes acaso
a mais estranha e dócil
das ovelhas?
Aquela a que no coração eu chamava
- a minha ovelha?

 

OVIS MEA

Deviam ovem meam
forte invenistíne?
Quae gregis inter oves
tenuior est omnium?
Quae somnum deserebat
ad primum solis osculum?
Quae se lavandi studio
purum quaerebat fontem?
Quae flores inter errans
in sua lana bibula
olores retinebat?
Quae cum timeret spinas
in plano campo gramina
vel potius frequentabat?
Quae secura lumen aliud
suis ferebat oculis
cum primum subter vesperum
tum repetebat stabulum?
Quae saepe mihi ludebat
ad pedes in laetitia?
Quae lunae refrigerium
iam verso die aestivo
tam tacite carpebat?
Quae dormiens turbabatur
cum flabat aura leviter?

Forte invenistíne
ovem quae mirabilis
simul atque docilis
vocabatur mea
mihi in imo pectore?

 

Henriqueta Lisboa José Lourenço de Oliveira

 

Copyright © 2004 by Alaíde Lisboa de Oliveira.

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