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Literatura – Prosa e Verso
Livro: Mons Vivus
Vida: 1977

ROMARIA

 

ROMARIA

Aonde vai essa gente a subir a encosta, essa gente que leva o semblante sombrio
e entrementes recobra o sorriso da infância?

A que vão as numerosas criaturas
de ombros caídos e frouxos braços?
Em que serenos lagos se banham?
Sob que largas árvores descansam?

Que óleo se derrama sobre as almas e os corpos dos que vão ter ao cimo rochoso
e à planície logo depois regressam
como se houvessem renascido?

De que tecido são as novas vestes imaculadas e simples
a adelgaçarem a cintura dos que lá deixaram suas antigas escuras roupagens?

Que luz é essa a brilhar nos olhos
do homem taciturno chegado há pouco
e agora gárrulo entre as crianças e as fontes
sorvendo a plenos pulmões o ar livre?

Tudo isso é misterioso ao extremo.
E eu bem quisera, unida à Montanha Viva, participar do segredo que se resguarda
no seio das pedras sob a coroa das nuvens.

 

PEREGRINATIO

Lassoque pede et tristi vultu
quo vadit turba peregrina
quam mox reficiet risus primus:


Quo pergunt illi filii Dei
remissis bracchiis umerisque?
Quibus in rivulis lavantur
vel quibus umbris recreantur?

Quo in oleo corpus quoque et animam roborant cum verticem petunt
ita ut planitiem repetentes
sint quasi nati rursus essent?

Quo filo textae puro sunt
hae vestes integrae tegentes
corum corpora qui vestes
veteres illic reliquerunt?

Quam festa lux in ore illius
hominis qui tacitus venerat
sed inter fontes nunc et pueros
garrulus crebras auras haurit!


Haec omnia sunt arcana sacra.
Utinam possim, monte concors,
secreta scire quae servantur
sub nubibus petroso in sinu!

 

Henriqueta Lisboa José Lourenço de Oliveira

 

Copyright © 2004 by Alaíde Lisboa de Oliveira.

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