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Literatura – Prosa e Verso
Livro: Mons Vivus
Vida: 1977

VOCAÇÃO

 

VOCAÇÃO

Ah! que esse vulto estranho
talvez evoque tempos mortos,
no anseio de achar vida nova.

Caminha a largos passos lentos.
Traz no horizonte os olhos fixos.
Talvez nas nuvens veja signos

e logre coordenar palavras
do alto e secreto códice
que ao võo convida almas e aves.

Vem de outras terras e outras eras,
rosário ao pescoço e bordão,
na roupagem de franciscano.

Talhado para empresas magnas,
o corpo esbelto vence as fráguas,
o espírito quer plenitude.

Ei-lo. Da planície contempla
a serra que na tela azul
recorta a máscara de um homem.

(Negra muralha de montanhas
torna-se escada de Jacob,
não antes da luta com o anjo)

Empalidece o peregrino.
Fogem-lhe os ímpetos. Ajoelha-se.
E há luz em volta aos seus cabelos.

 

VOCATIO

Et forsitan hic peregrinus
temporis acti qui meminerit
diversam cupiat sibi vitam.

Eundo lente passu lato
oculos vertit in longínqua.
Haud scio in nubibus an signa

legat et quaerat alta verba
illius codicis volandi
quem sicut aves norunt animae.

Tempore et terra ex alia ventus
baculum gerit et rosarium
indutus veste franciscana.

Formose ad ardua destinatus
corpore sibi petit aspera
sed vult spiritui plenitates.

Sistenti gradum mons apparuit
in caelo caerulo designans
hominis oris saxei vultum.

(Hic praeceps mons ut scala lacob
ei fiet olim sed cum angelo
antea necesse erit pugnare.)

Tum peregrini facies pallet;
impetum fugit; flectit genua:
est circurn frontem eius lux.

 

Henriqueta Lisboa José Lourenço de Oliveira

 

Copyright © 2004 by Alaíde Lisboa de Oliveira.

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