1.
A boa metódica deve pôr diferença
entre o morfema fabular e o morfema vocabular. O
primeiro, na estrutura da frase indo-européia.
O segundo, na estrutura do vocábulo indo- europeu.
2.
O morfema fabular atualiza os sintagmas
da frase, no atual de um ato de fala: canis currit, "o
cão corre". São morfemas fabulares o -s de canis, em
Nominativo, e o -t de currit, como endereço de
um terceiro procededor, isto é, um procededor que não é Primo
que fala nem Secundo que
ouve.
O morfema vocabular é um conformador de vocábulos,
isto é, daqueles elementos pós-fabulares que Secundo Primo
vai guardando na memória, à medida em que vai aprendendo
a sua língua. Recebe-os do sócio docente, atualizados
nos sintagmas da fala, mas possíveis de se pontecializarem,
como elementos da língua, ao longo daquela espontânea
reflexão vivencial em que dos atos de fala se vão
gerando os fatos da língua. A unidade chamada "sintagma",
então se desfaz nos seus elementos constitutivos, isto é,
o elemento chamado "vocábulo" e o elemento chamado "morfema
fabular".
Se o morfema fabular é um atualizador de
sintagmas, o morfema vocabular é um conformador de vocábulos.
Vocábulos que cada um memoriza, na medida em que aprende
a sua língua, recebida na fala do sócio docente.
Vão procedendo, para ele, dos atos de fala que ouve, os
fatos da língua que vai possuindo. Além do molde
frástico e do molde prolatório, avulta, na lembrança,
o molde da unidade chamada sintagma, vivencialmente desmonstável
nos seus elementos constitutivos: sua base vocabular, endereçada
por um morfema fabular.
O morfema vocabular, conformador de vocábulos, não interessa à estrutura da frase, mas à riqueza léxica do idioma: fundindo-se a uma base pré-existente, forma novos vocábulos,
outros tantos veículos potenciais, capazes de entrar no molde sintágmico, devidamente atualizados pelo morfema fabular. No estado romano da língua indo-européia, a base -leg- do nome lex admitindo a função de vários morfemas vocabulares, multiplicou, no seu rebanho cognatício, vocábulos como lex legalis illegalis legálitas (lex leg-ali-s - in-leg-ali-s - leg-ali-ta-s). Junto à palavra lei, no seu estado pós-românico, as formas legal ilegal legalidade são meras adaptações letradas de um empréstimo feito a um estado anterior da língua, chamado latim.
3.
Convém insistir em que a morfemação
fabular, que atualiza o sintagma da frase, interessa diretamente
ao regime estrutural de uma língua. O mesmo não acontecendo
com a morfemação vocabular, de interesse indireto.
O sintagma, univalente e atual, é uma unidade da língua,
mas o vocábulo, plurivalente e potencial, é apenas
um elemento, contraponteado pelo morfema fabular, outro elemento
da língua. O estudo da formação vocabular,
atomizando vocábulos, exibindo seus moldes e motivando suas
existências, ilumina a via veicular dos cognatos e enriquece
a posse vocabular de quem o faz, mas não pertence, diretamente, ao
cuidado maior da lingüística, posto, como convém,
na estrutura da frase, na estrutura da fala. O vocábulo é um
elemento que se formou na frase e não uma unidade com
que se formam frases. É um valor pós-fabular, guardado
na lembrança, capaz de veicular um sentido. Existe em socialidade com
seu termo semântico, mas só passou a existir, na posse
do discente, depois que lhe veio, da boca do docente, na sociedade
do sintagma em que veio, dentro da frase recebida. Tal sintagma,
preexistente, é que se desfaz, sob análise reflexiva,
no elemento vocábulo e no elemento morfema. Tal discente,
quando lhe chega a vez de falar, toma das frases ouvidas o material
das frases audiendas. Fala por frases feitas, não por frases
faciendas. Não constrói. Repete o construído.
Na variedade da riqueza tradicionalmente acumulada, pode escolher,
pode optar, pode estilizar, pode revigorar utilidades esquecidas
e arcaicas, pode intrometer na circulação o fruto
mutuário que tira de outros idiomas, adaptando-os ou não
ao molde vernáculo, pode, quando muito, inventar algum vocábulo...
mas sempre se atendo às analogias da língua. Esta é que
lhe fornece os elementos do dicendo, tanto mais aceitáveis
e inteligíveis quanto mais correntes e vernáculos.
Tais elementos são:
a) o molde frástico ou tópico,
feito de lugares apropriados aos sintagmas, lugares que a tradição
faz variar mais ou variar menos, conforme a abundância desinencial
dos morfemas. É conhecido, no pós-românico,
a necessidade do molde /213/, em frase como o rei ama o povo, enquanto
o latim podia variar: pópulum amat rex /312/, amat
rex populum /123/ etc;
b) o molde retórico ou prolatório,
feito de um ritmo e melodia que importam responsabilidade semântica.
Veja-se, por exemplo, qual a sucessão tonal da frase "você vai",
se dita com intenção veicular de conteúdo
assertivo ou interrogativo ou admirativo ou cominativo etc.
Veja-se a sucessão rítmica da frase "ressuscitou.
Não está aqui". Vieira a imaginou, dita por
um herege, com a seguinte melo-rítmica: "ressuscitou?.
Não. Está aqui.";
c) o molde sintágmico, feito de
lugares apropriados a cada um dos elementos que o constituem: o
vocábulo e os morfemas fabulares. Pela função
que tenha é que tem seu molde cada sintagma. Veja-se, por
contra-prova, na fala rústica, a feição do
sintagma "os home" ou, na fala suburbana, a feição
do sintagma verbal, na frase "falta poucos dias". Não
se diz "da sala a por ta", em molde cotidiano, mas "a
porta da sala". Embora a intenção poética
possa fazer como fez Garrett, ao interpolar os sintagmas da frase "a
porta do templo estava aberta em par", cujo molde vulgar,
de três sintagmas, é /214/ "a porta do templo" "estava
aberta" "em par". Mas o poeta escreveu, invertendo à latina,
quebrando os moldes dos sintagmas vernáculos: aberta
em par do templo estava a porta;
d) finalmente, a língua fornece a quem fala
os elementos de que se faz o sintagma isto é, os vocábulos
e os morfemas fabulares.
4.
Na medida em que a humanidade mediterrânea,
através do indivíduo pensante, foi mentando melhor
o seu mundo, racionalmente equacionável, também foram
melhorando a hominidade da
espécie e o poder fabular da língua indo-européia.
Sensoriamente internado e reminiscentemente tratado, na usina vivencial
do espírito, o estímulo espacial do proceder
fenomênico se foi transfazendo do estímulo temporal da
idéia, inter-individualmente sintonizável, mediante
a fala de Primo a Secundo. A hominidade, amadurando, como fruto
diacrônico, na gleba zoológica de uma espécie
que se hominiza, é uma con densação temporal.
Escondida no segredo da origem, não se desenvolveu por
igual na superfície do globo. Agora e ainda, no espaço
da terra, essa hominidade se
exibe, diversamente temporal, exibindo, como num corte geológico,
certas cotas diacrônicas da marcha: no lado inferior, os
níveis infralógicos dos tribais in fra-aristotélicos.
Imersos no aqui-agora da simbiose primeira,
diluídos na mítica de um Sujeito vazio de tempo,
espacialmente abafado pela presença de um Objeto a que não
se opõe. Agora e ainda, no espaço da terra, exibe
diversidade temporal a nossa hominidade. Exibe cotas diacrônicas
de sua marcha, como num corte geológico. Em baixo, os níveis
infralógicos do tribal infra- aristotélico, imerso
no aqui - agora da simbiose primeira.
Consta de um Sujeito que já era isso há mais de
cem mil anos, uma espécie de Sujeito ainda futuro, ainda
vazio de tempo, diluído na mítica da espacialidade
circunstante, gravitando para um Objeto de que não sabe
distinguir-se, por não saber opor-se, metido na confusão
do eu e do não-eu. Acima, numa espécie de lógica
não-aristotélica, mas para-aristotélica, a hominidade oriental,
diversamente reflexiva, do homem que internou o Objeto na consciência,
não para o reordenar e reger, como se faz no Ocidente, mas
para o contemplar, em vasta mitologia, e com ele fundir-se, beatificamente.
Mais acima afinal, ordenador do mundo, o homem aristotélico,
mediterraneo, afeiçoador da tradição lógica,
notário da sucessão, descobridor de receitas com
que servilizar a natureza Objeto, adaptando a si o mundo, em vez
de a ele se adaptar. Consta de um Sujeito que aprendeu a discriminar-se
do Objeto e a ele se opor. É o homem realmente
progressivo, nodatamente histórico e diacrônico.
5.
Cortemos agora uma digressão que não é sem
motivo, por nela se motivarem algumas conclusões de vigência
lingüística. Isto, para quem admita que a fala hominizou
o homínida: socializando a existência do homem. Abrindo
comércio mental entre sócio e sócio. inter-individualmente
praticado, a expressão fabular instituiu a didática
da espécie, permitindo que Primo, docente, comunicasse a
experiência de viver a Secundo discente.
Permitiu que se desenvolvesse, após a arte zoológica
dos procederes naturais, a arte pós-natural do
pensar. Permitiu que cada sócio, após fixar, no tempo
reminiscente, a elaboração vivencial de uma idéia,
cooperasse com outro, nela instruído, enriquecendo a tradição
pré-existente, aumentando-lhe o cabedal da teoria. Não é a
sociedade que faz o indivíduo. São os indivíduos
que, modelando a socialidade, formam os outros indivíduos,
dentro da sociedade. Isto, graças à lição
dos procederes que têm, mas graças principalmente à lição
das teorias que tenham, fabularmente veiculadas. Ficou para trás,
no século XIX, o insuficiente naturalismo dos evolucionistas,
que não souberam ver a hominidade do
homem, a hominidade de
um Sujeito a estilizar em leis pós-naturais, temporalmente
equacionadas, as leis naturais do Objeto. Criada a ciência
do Sujeito, que essa estilização permite rastrear,
não mais se poderá confundir, na ciência do
Objeto a ciência da hominidade antrópica.
Tendo encontrado o pitecântropo, o evolucionismo teimou
na recessão, esquecido do ântropo, que subira da
necessidade zoológica para a sua autonomia de homem, Que
estilizando a espacialidade gregária, terrestremente horizontal,
entrara na verticalidade temporal da economia antrópica:
a) pelas cotas diacrônicas do homem progressivo,
escaláveis em cada grupo vernáculo. O nível
de sua hominidade corresponde
ao nível de sua fabularidade, não como densidade
em cada pessoa mas como possibilidade aberta a cada indivíduo.
No comum do ambiente grupal há um ponto limite, uma cota de
altura a que já pode chegar a hominidade vigente,
traduzida nas falas da língua vigente. Aqui e ali, no comum
do ambiente, pontos de melhor densidade e vigor, promessa de que
nutrirão homens mais hominizados. A possibilidade comum
ganhou densidade peculiar, sugerindo a mesma esperança que
sugere, ante a planta futura, uma gleba fecunda. Entretanto, a
densidade homínica de cada pessoa é uma virtude
peculiar, fruto voluntário de opções planejadas,
em conjunções previstas e imprevistas, de um destino
enfrentado. Segundo essa densidade que varia, surgem sempre os
homens destinados, em qualquer grupo vernáculo, de toda cota diacrônica,
abaixo e acima da cota aristotélica.
Todo povo tem poetas, e heróis, e santos, e videntes, empenhados
na batalha da tradição ou na batalha da renovação.
São eles que promovem, revitalizando, a hominidade e
a língua de seu grupo;
b) podemos admitir que a hominização tem
uma escala de passagens multimilenares. Começou no plano
zoológico e evolutivo de um pitecântropo avoengo.
Sob a lei natural da biologia, era, como outros pitecos, um ser
vozeador, mas sem fala e um ser fabricador, mas sem consciência.
Vivia na espacialidade aqui-agora da economia zoológica.
Vivendo, como outros pitecos, sob a lei natural da biologia, era
um ser vozeador mas sem fala (ens àlalum). Era
também um ser fabricador, mas sem consciência (ens
fabrum). Concentrava a existência, feita de um saber
não aprendido mas instintivo, na espacialidade aqui-agora
da economia zoológica. Um dia, no segredo longínquo
das origens, dois homínidas, vozeando um para o outro, conseguiram
veicular no vozeio, mais do que mera expansão, a expressão de
uma idéia, inter-individualmente intencionada. Primo oferecia
em tal vozeio, para a sintonia mental
de Secundo, o incipiente conteúdo vivencial de uma experiência
vital. Era o patamar da superação e a conquista do
planalto: sobre o plano zoológico da vida, ia erguer-se
o plano antrópico da existência, graças à invenção
de um proceder especificamente humano, um proceder pós-natural e
apozoológico, propiciado de uma receita mais eficaz que
a mutação, na intercadência da marcha evolutiva.
Com a invenção de tal proceder, descoberta de Primo
e Secundo, o ens fabrum sed álalum da escala zoológica
subiu a homo faber et loquens da escala antrópica.
Abrindo-se o comércio mental entre dois companheiros, a sintonia espiritual
pôde refinar os frutos da simpatia biológica.
O estímulo da coisa, no agora vital de uma equação
fenomênica, pôde ser transfeito, com o veículo
do signo fabular, no estímulo vivencial de uma idéia.
Na duração reminiscente do outrora. Sobre a espacialidade
gregária do animal gregário. A cogitação
pôde construir a temporidade com que o animal social vai
regendo o mundo, reconfigurado no espírito. O ântropo
superara o piteco;
c) pela concentração temporal de seu
ideário é que a hominidade supera
e converte a espacialidade zoológica. Do aqui agora e vive
o bruto, numa espacialidade que rege também o homem zoológico.
Mais a hominidade vive
de outroras, nos alhures que a mente elabora, remodeláveis
na experiência e reeditáveis nalgum futuro proceder.
Na lição tradicional de Primo a Secundo, pode estar
a contribuição de mudança, de cada indivíduo,
na melhora do mundo. Contribuição que cada um pode
achar, no segredo equacional dos procederes vitais, e somar à teoria
de tal proceder, como fruto viveiicial da experiência
Entende-se bem o que é "vital" e "vivencial",
nos dois procederes do indivíduo Secundo Primo.
O proceder vital é o proceder de um fazer, etimologicamente
natural, contido no aqui-agora do espaço, durante a equação
indivíduo e coisa. Esta, como Objeto, fonte espacial de
estímulos, emite contra o estimulado os estímulos
que emite. Ele, o estimulado, responde com algum proceder vital.
No proceder vital entra o proceder do estimulante e o proceder
do estimulado. A coisa, procedendo ante nós, procede para nós.
No que procede para si, embora praticamente acessível,
etimologicamente é inacessível, inclusa no mistério
da coisa-em-si, pois nossa imagem da coisa não é da
coisa-em-si- mas da coisa-em-nós, vinda como um feixe de
sensações e elaborada numa síntese de estímulos. É um
proceder que, indiferente em si, toma sentido para a nossa vida
e a nossa resposta. Vem daí a justeza da expressão "proceder
vital". Dizemo-lo etimologicamente natural, semelhante ao
dos outros animais, porque a hominidade o
faz pós-natural, por derivação, até onde
lhe troca as equações zoológicas por equações
antropica mente reformuladas, na medida em que o homem rege o proceder
da matéria e o próprio proceder.
O proceder vivencial é o proceder de um pensar, contido não no espaço mas no tempo, livre do aqui-agora coercitivo, metido no alhures inespacial da duração, na continuidade reflexiva da vida interior, chamada vivência.
O proceder vital, desenvolvido no espaço, nasce de uma equação indivíduo-coisa. O proceder vivencial, desenvolvido no tempo, nasce de uma equação reminiscente, uma equação de idéias ou lembranças, tomadas aos estímulos vitais. Dos estímulos
vitais da coisa nasce um proceder. Úm fazer. Dos estímulos vivenciais das idéias nascem outras equações de idéias, nasce uma teoria do proceder.
Entretanto, o que fez frutificar a vivência,
capitalizadora de hominidade. foi o poder fabular da espécie
antrópica. Pela fala e que o homem se foi e vai fazendo
homem. Através de uma superação pós-natural da
fronteira zoológica. Úma superação
que deu num concentrado de tempo, deu em hominidade, esta espécie
de sobrado que a fala permitiu construir, depois do andar térreo,
na gleba zoológica de que o animal homem participa.
Na estrutura vital do corpo, a função vivencial
do espírito, numa atividade que a vida alimenta.
Está sempre fechada, no mutismo zoológico,
a vivência do
bruto, ainda quando superior. É uma pobre vivência intransitiva,
na franja das equações instintivas, biologicamente
armadas pela evolução natural. É uma estreita
lembrança de estímulos, espaciais aderida ao aqui-agora
da coisa, de fraco rendimento criador, embora nos maravilhe a sabedoria
de certos animais, principalmente insetos, capazes de operações
equacionais de complexa e próvida previdência. Tal
sabedoria contudo, como sabedoria não aprendida mas infusa,
não é do indivíduo, mas da sua espécie,
misteriosamente economizada pela sabedoria da vida. Espacializado
e acrõnico, além de intransitivo, o indivíduo
zoológico não temporiza nem capitaliza o saber.
Não passa lição a discentes, nem diacroniza,
através de gerações, o fruto tradicional da
experiência. Úsa, sem consciência, de uma didática
mecânica, rudimentar e prática, motivada no mimicismo zoológico.
Na hora oportuna, o genitor inicia o filhote, com gestos lúdicos,
na estrutura fundamental dos procederes patrimoniais da espécie.
Fechado no intransitivo, o bruto move-se e vozeia, com procede
res que o outro pode copiar, segundo empatias do simpático
e do antipático, mas, por falta de veículo apropriado,
não pode comerciar mentados, não pode suscitar no
companheiro uma idéia que, aliás, não tem.
Vive vivendo e sem pensar.
Um dia, entretanto, haverá quinhentos mil
anos e mais, surgiu a via da superação, no proceder
de certos indivíduos de uma predestinada família
zoológica. Nesse dia, entre a contigüidade espacial
do convívio, Primo conseguira manifestar a Secundo, na intenção
de um gesto e de um vozeio, a luzinha semântica de um sentido,
afeiçoando assim, num ato rudimentar de fala, o signo fabular.
No espaço teatral em que os dois se encontravam, a presença
da coisa estimulante, acessível à referência
visual do gesto, bem como à referência auditiva do vozeio concomitante.
Vista a utilidade do proceder, o mais foi questão
de tempo, no esforço de estilizar vozeios intencionais que
mesmo sem o gesto, mesmo na ausência da coisa, pudessem despertar
nos dois a imagem da coisa, provocando assim uma sintonia de
idéias ou lembranças: na emissão vozeada
de Primo, a idéia da coisa em Primo. Na recepção
auditiva de Secundo, a idéia da coisa em Secundo.
Era o início do proceder fabular, no patareú da
superação, momento mutacional da hominidade, com
sucessão, após um ritmo zoologicamente evolutivo,
de um ritmo pós-natural e
progressivo devia ter sido, no começo, um proceder travadamente
infrafabular, cheio de contingência espacial, mais visivo
que auditivo: soltos vozeios assintáticos, imersos na sintaxe
do gesto e das presenças teatrais. Seria uma fala vito-vivencial
e pragmática, mistura de um fazer e de um pensar, numa representação
mental entremostrada. Mas a prática de partir da idéia
e não da coisa, por estímulo mental de uma experiência
vivida, foi permitindo entre os dois, no agora do ato, a revocação
dos outroras, a extensão da lembrança e o vigor das
ausências, cada vez mais possíveis de surgir, como
representação, nas intenções de um vozeio bem
estilizado e veicular. Na medida em que cresceu, no sintagma fabular,
o poder auditivo, a fala se foi fazendo um contexto fabular, isto é,
um contexto de vozeios, reforçáveis por adminículos
visuais do contexto díctico e achegas visíveis
do contexto teatral. Principalmente porém, fez-se
vivência, integrada na função interna do pensar
(fala coloquial) e na função interna de veicular
até Secundo as
vivências de Primo.
Melhorando-se, a hominidade melhora
o mundo. Somando os frutos tradicionais da cooperação
inter-individual. Mas há na marcha um grave desajuste, que
retarda o progresso moral e deixa avançar o progresso técnico.
Isso tem causas que não cabe relatar aqui mas a que se pode
aludir:
c.a) a hominidade não
se distribuiu por igual na espécie
humana. É incerto o ritmo do homem progressivo, posto que
definidamente superior ao ritmo evolutivo, escuramente vagaroso.
Exibe-se na face da terra uma espécie de amostra geológica
das várias idades temporais do homem. Dentro da diacronia
geral, diferem no espaço as cotas particulares da diacronia
grupal e as cotas individuais da diacronia intra-grupal. Há hominidades
retidas na marca infra-aristotélica de há talvez
cem mil anos. Medindo-se a diferença, compare-se o pensar
ocidental com o pensar vernáculo de algum tibetano, ou
um nativo tribal da Nova Zelândia, há muita humanidade
sem tempo, adicta à mesquinha espacialidade iterativa de
seus agoras. Integrada, aoristicamente, numa vaga fenomenologia
espacial, vive a repetir, num hoje passivo, um ontem sem pretérito,
isento às sugestões da renovação criadora.
Incapaz de se projetar no depois, sujeita-se a um futuro sem porvir,
do tipo sem novidade, como o que se noticia nesta frase: "o
sol nascerá amanhã";
c.b) somente na linha da civilização
mediterrânea foi que se cuidou do progresso, racionalmente
equacionável, dinamicamente aristotélico. Depois
do potente milênio romano, helenicamente aculturado, e do
sumido milênio românico, espiritual mente refinado,
veio o ritmo vivo seguinte, promovido a prestíssimo nos
dois últimos séculos. Entretanto, mesmo no Ocidente
e mesmo entre os sabedores, não foi grande o número
de sábios. Além disto, quando algum deles, dominando
a matéria, inventava uma utilidade mecânica, disposta
para o bem, logo se via ela pervertida, para o mal, no ignorante
e apressado egoísmo de muitos. Ainda não deixaram
de pesar, nossa hominidade recente,
esperteza ignorância e cobiça. Retém-se no
homem novo o homem velho, chumbado a uma saudade animal de centimilênios. É uma
tenacidade que vence a virtude antrópica,
neutralizando-lhe o poder de sublimar a herança zoológica,
levando um ser humano a transmudar, no vício e vileza de
seus procederes, o que era um dom natural no proceder zoológico;
c.c) O século vinte, para cúmulo de
males, trouxe duas agravantes anti-homínicas: a pletora demográfica
do mundo e a velocidade mecânica de nossa pressa. São
duas fontes de alteridade, dois empecilhos do ensimesmar-se, ativos
na função de manter o Sujeito, constantemente, desde
as janelas de si mes mo, a olhar para fora. Mal servindo para alguma
instrução, o tempo não chega para se formar
um educando em hominidade. Sob a avalanche da massa humana, seriamente
produzida, a escola, sem tempo de formar o homem, apenas faz um
técnico de um bárbaro, cada vez mais relegado à barbárie
nativa, segundo tem crescido insaciedade técnica. De tal
dificuldade nos alertara Ortega, em 1930, antes que se agravasse
o problema da pressa, mecanicamente favorecida pela agilidade frenética
de agora. A máquina alterou a paz rotineira de velhos hábitos
milenares, introduzindo na vida uma solicitação espacial
que a hominidade não
suporta, visto viver de tempo e não de espaço. Com
a pressa mecânica, sob a pressão de alteridades que
saturam a capacidade vivencial, é obrigada a manter-se na
superfície de si mesma, quase como na constante vigília
zoológica de um animal na selva. O ritmo do tempo homínico
está longe de estar sincronizado com o ritmo de nosso tempo
mecânico;
c.d) registremos ainda, como alegação
derradeira, uma causa de origem cultural: o atraso da Ciência
do Sujeito, ante o grande progresso da Ciência do Objeto.
O animal não tem um dentro em que olhar, no seu vazio de
tempo e de idéias. A hominidade está nesse
dentro, construída pelo Sujeito, na ba se do homem zoológico,
a partir de procederes espaciais, cujos estímulos, sensoriamente
internados no espírito, a vivência elabora,
ao longo dos lazeres da duração reminiscente. Daí a
atenção que o Objeto provoca, nos procederes que
tem. Mas foi no olhar para dentro, com seu olhar de Sujeito, que
o homem ordenou o mundo, num mundo representado, resposta temporal
do mundo espacial. Ordenando o mundo no espírito, foi criando
a Ciência do Objeto, ciência de uma espacialidade que
repercute no Sujeito através da captação,
naturalmente espacial, do homem zoológico, também
espacial. Mas se o homem zoológico
está no espaço, o homem antrópico está no
tempo, tempo com que se tece a hominidade do
Sujeito. O primeiro, animal entre animais, estuda-se na Ciência
do Objeto. Mas o segundo, antrópico e específico,
estuda-se na Ciência do Sujeito. Entre os enganos que nos
atrasaram, na observação da hominidade, consta o
zelo fisicista do século XIX, quando pelejou para explicar
o homem naturalisticamente, ao se esquecer de regressar da incursão
que fizera no reino dos pitecos. Dentro da evolução
pode explicar-se o homem zoológico, ainda evolutivo, não
porém o homem antrópico ou progressivo. A hominidade é uma
criação pós-natural, cuja estrutura
não cabe nas conclusões naturais da zoologia e da
biologia, e nem tão pouco, bem se vê, nas conclusões
zoológicas da psicologia e da sociologia. Como concentração
de tempo, afeiçoada na diacronia de seus procederes tradicionais
e progressivos, a hominidade identifica-se é na
História. Através dos feitos do homem sobre a terra,
mental mente formulados em teorias que o comércio mental
foi melhorando, veiculado na expressão fabular que correu
entre Primo e Secundo. No dia em que a didática fizer valer
a diferença que vai da Ciência do Objeto à Ciência
do Sujeito será possível então, com melhor
conhecer, planejar melhor a correção de nossos desajustes.
d) Admitimos que é só uma, etimologicamente,
a hominidade da espécie. Única mas não una,
visto que oscila, na superfície da terra, entre a densidade
eficaz do homem do Ocidente e a inatualizada rarez de mentes retardadas,
na franja de há cem milênios passados. Primeiro foi
a superação da cota zoológica,
iniciada com a invenção fabular que,
veículo de idéia, fomentou a indústria mental,
cooperativamente desenvolvida e tradicionalmente capitalizada,
desde os membros da primeira humanidade. Mas o homem, nos espaços
do globo, teve de vegetar, por muitos centimilênios, com
os parcos juros de sua ca pacidade criadora, até que vencesse
outra grande barreira, quando superou, não faz três
milênios, a cota infralógica.
Foi o milagre mediterrâneo a instituir, sob a lição
dos Aristóteles, a maioridade racional. Em lugar da razão
folgada, entrava em serviço a razão ativa, entregue
ao labor de ordenar o mundo, na tarefa de um Sujeito que aprendera
a enfrentar o Objeto.
Sendo assim a diacronia geral, é possível
que a lingüística possa encontrar, numa língua
amplamente histórica, matéria bastante para suas
conclusões. Pressupomos, bem se vê, a língua
indo-européia, cujo patrimônio de expressão,
nos momentos diacrônicos de sua existência, coincide,
no pesquisável, com um resumo da marcha do homem progressivo.
Isto, desde a idade mágica primeira, até a idade
lógica de agora.
A língua indo-européia, na linha de
sua melhor fecundidade, veiculando o milagre helênico da
razão, veiculou também o fervor didático
daquele proselitismo helenizante que, soprando em toda a concha
mediterrânea, renovou o ritmo e o teor da hominidade. Com
essa racionalidade, primeiro latinizada e depois batizada, Roma
fomentou a hominidade ocidental.
Mediante um latim helenicamente aculturado, num ritmo de inteligência
que depois se repetiu, faz quinhentos anos, na reaculturação
clássica dos dialetos da área românica e da área
germânica. A história do latim românico, filologicamen
te pesquisada, forneceu modelos à lingüística,
no miúdo rastreio do cognatismo indo-europeu. Na via diacrônica dos
dialetos de hoje, basta ir recedendo por estados anteriores para
se chegar aos convincentes indícios de um estado visto como
primeiro (dentro da possibilidade recessiva), posto como limite,
não da diacronia mas da pesquisa. Chamou-lhe a convenção "indo-europeu",
língua matriz do que veio depois. Foi onde
a busca parou, incapaz de subir a fonte mais alta, imaginando
para além os centimilênios restantes.
Apesar de saber que estados posteriores de uma língua
não são "línguas" mas estados posteriores
da língua, a rotina tem mantido o pluralício "línguas
indo-européias", dentro de um critério não
metódico mas nativista. Saussure, por exemplo, em vez de
dizer que o francês é o indo-europeu num seu esta
do de agora, diz que são indo-europeus quatro quintos do
francês (CLG, 235).
Preferimos o rigor da idéia "língua",
tecnicamente merecido pela expressão "língua
indo-européia", historicamente identificável,
desde um seu estado de agora, até um seu momento mais antigo,
na raia de pelo menos 40 séculos. Sua diacronia, vista
na linha mediterrânea, pode ser demarcada em quatro largas
fases milenárias:
I. para trás do 5°. século pré-cristão,
no ultra-milênio anterior ao latim, a fase pré-romana.
Aabrange o período em que o indo-europeu primeiro evolveu
para a língua de Cícero;
II. no milênio seguinte, a fase romana, durante cinco séculos pré-cristãos, seguidos de cinco séculos de cristianismo;
III. nos dez séculos imediatos, até a madurez neo-latina do século XV, a fase românica, precipitada pela aculturação alodialética dos germanos desde o V século e pela aculturação aloglótica dos árabes;
IV. finalmente, com cinco séculos vigentes, e ainda aberta à diacronia de sua marcha, a fase pós-românica.
6.
A fase pré-romana corresponde ao que a rotina
chama "indo-europeu". O seu momento sub-histórico,
no lento ritmo sub-homínico de então, fica para lá de
40 séculos, antes do hitita, dialeto indo-europeu que a
cronologia situa a dois milênios antes de Cristo. É uma
fase hipotética, de uma língua s em falas, de que
não ficou documento, posssivelmente por anterior ao hábito
da fala escrita, o hábito de visualizar com letras a expressão
fabular. Seria língua, pois, de gente oral e agráfica.
Por isso é que não se tornou gramaticalizável,
apesar de Schleicher, faz um século, haver tentado, iludido
com o a original, uma fabuleta de dez linhas, sobre
a ovelha e o cavalo, avis akvasas ka, epígrafe
que a lingüística seguinte, mesmo sem a coragem de
repetir semelhante ousadia, teria corrigido para mais ou menos, ouis
ekuos que. [cf Gray, Foundations, 440]. Não
sem razão disse um entendido (parece-me, Vendryès)
que o indo europeu é língua em que se pode saber
como se diz cavalo ou como se diz correr, sem
nos haver, porém, mostrado como se diz "o cavalo corre".
Não passa de um patrimônio de raízes, metodicamente
deduzido, por comparação de seus vários estados
posteriores, principalmente nos dialetos grego, sânscrito
e latim, lingüisticamente clássicos. Reduzindo morfias
comparadas, à luz diacrônica das
tendências fônicas, chegou-se a um elenco das raízes.
Não se chegou porém à mesma segurança,
relativa mente aos sintagmas da frase, ante a mobilidade dos endereços
sintáticos. Apesar de identificados os oito casos do sânscrito,
não se chegou a melhor certeza quanto aos morfemas fabulares
desse primeiro indo-europeu; (relembramos que o sintagma, unidade
atual da frase, consta de uma base ou vocábulo, devidamente
endereçado por um morfema fabular).
Insistimos nessa notícia da fase pré-romana, pela importância que tem, na tese de que chega, para as conclusões de uma lingüística geral, o estudo da língua indo-européia. Funda-se isto na tese da hominidade única, diacronicamente concentrada, através dos milênios, como essência analógica de uma crescente mesmice.
Cumpre admitir que a hominidade é uma
concentração de tempo, vivencialmente elaborada no
espírito, ao longo de uma longa diacronia, segundo as atividades
mentais do homem antrópico, a partir das experiências
vitais do homem zoológico. (Esta explicação,
bem se vê, não supera as fronteiras de uma observação
endofísica, abaixo da explicação metafísica,
perquiridora da etimologia primeira).
Foi pensando assim que já identificamos o homem como sendo
uma expressão espacial em busca de uma tradução
temporal.
Hominizar-se é, pois, temporizar-se, mediante uma sutil concentração de condicionados reminiscentes, que a iteração vital sustenta, com seus estímulos espaciais, mas a tenacidade vivencial desespacializa, convertidos em mnemiatos idealmente elaboráveis, guardados na duração. Acontece que o exercício do tempo, segundo a diacronia indo-européia, é uma função de origem quase especificamente mediterrânea. Um coeficiente helênico da contemplação dinâmica, hoje ocidental, diversa, como dinâmica, da gratuidade oriental, bem como da vigilância, mais ou menos zoológica, da sub-hominidade tribal. É notícia corrente, entre os lingüistas, que o sintagma verbal do indo europeu primeiro saberia exprimir aspectos vários de um proceder, mas não tempo; quem vivia do agora, não precisava atender às débeis solicitações do antes e do depois. Ampliada a capacidade e o cuidado reminiscente do homem, a língua foi recebendo, no seu estado grego e latino, o poder de veicular a discriminação temporal, mediante morfemas verbais que distinguissem, no pro ceder noticiado, posições do passado e projeções do futuro. Que o futuro é incerto no tempo e não seguro na expressão, a mesma diacronia latina o foi mostrando: na fase romana, além de adaptar, ao novo serviço antigos morfemas de outro sentido, como no futuro do tipo legam leges, inventou o futuro itálico do tipo amabo amabis. Depois, na fase românica, trocou os dois tipos romanos pela formação perifrástica do tipo ama rei amarás.
Como prova de que o exercício do tempo foi
uma função vivamente mediterrânea, levantemos
de passagem uma informação de Meillet (Ling.
hist. et ling. gén., pag 5) quando diz que o indianista é obrigado
a pedir à Grécia e à China, para os textos
sanscríticos, as datas que estes omitem. Trata-se, bem se
vê, do texto e não da língua. Mas concorda
bem com a índole do povo uma tal descarência do cronológico,
afinada com o menos cabo da vida terrestre, nos seus limites temporais.
7.
Da fase romana em diante, a língua indo-européia,
através do latim e do grego, esteve a serviço da hominidade aristotélica,
desenvolvida num homem cada vez mais temporizado, o homem ocidental,
de razão ativa, aprendiz de Sujeito que se opõe ao
Objeto, fazendo-se ordenador do inundo, num mundo que foi internando
no tempo da consciência, aí o submetendo a reformulações
equacionais com que volta à espacialidade do Objeto, afim
de lhe ditar procederes. Para trás, na fase pré-romana
do primeiro indo-europeu, a língua do homem infra-aristotélico,
provido de uma sub-hominidade variamente graduável, na
lenta escala progressiva de seus muitos milênios. Não
há com que realmente definir essa primeira hominidade indo-européia,
com sua língua para nós sem falas. O melhor jeito
de aconfigurar, hipoteticamente, está na sub-hominidade
tribal dos nativos de hoje, existentes ainda na face da terra,
estudados por curiosos, por sociológos e lingüistas.
Não há jeito de se interpretar bem a mente do homem
primitivo, na ucronia ou não tempo de sua existência,
ainda vazio de Sujeito, com seu débil cabedal de vivência,
abafado pelo Objeto, anterior ao progresso da ensimesmação,
vigiando se das alteridades constantes, na luta do dia, e até no
recolhimento da noite. Fica longe, a quinhentos milênios,
quem sabe, esse tipo de homem arcaico. Mas há também
a média hominidade, com uma feição de há cem
milênios, mais ou menos presente, ao que parece, na feição
de certas tribos de hoje. Ficaram demorando no passado, talvez
até regredindo, sob um relógio diacrônico de
outro fuso... é fato porém que essa arcaíce
esconde, na sugestão do primitivo, centimilênios
de uma tradição não bem aproveitada. Estudando
essas tribos, na língua e na mente, o glotólogo pode
fazer uma idéia do que seria o poder fabular do primeiro
indo-europeu: entre o dia e a noite e as estações,
a sucessão aorística do tempo, mais ou menos concentrado
num agora sem antes nem depois. A fantasia mítica do mundo,
cheio de seres maléficos e benéficos, submissos ao
poder de um rito mágico. Ritos capazes de obter o que é bom,
com seu poder endotrópico, ou de afastar o mal, com seu
poder apotrópico. Ofícios de encantamento e coerção:
coisas eficazes, gestos e fórmulas fabulares invencíveis.
Simpatias e antipatias. Minuciosos códigos do fazer e do
não fazer. Filiações totêmicas do clã.
Ritos de guerra caça e pesca. Ritos da chefia, do sacerdócio,
da integração social do adolescente, do casamento,
da punição, da morte, da sepultura... uma infinita
gama de obrigações ingenuidades e durezas, num todo
que muito espanta o homem aristotélico...
Para se chegar à idéia de que essa
mente infra-aristotélica, presente na sub-hominidade tribal
de hoje em dia, era a mente também da fase pré-romana,
basta examinar com paciência um dicionário da etimologia indo-européia,
como, por exemplo, o Dicionário Latino de Ernout e Meillet.
Ao longo de seus verbetes há uma suficiente série
de informações que chegam para se ver a definida
parecença. Em verdade, por sob a diferença adjetiva
dos dialetos tribais, na clara distãncia estrutural do veículo
chamado língua, corre, substantivamente, a mesmice homínica
dos agrupados humanos, com um teor que ainda mais se parece, quando
corre a hominidade dos
dois pela mesma cota diacrônica:
oito tipos de fala e frase.
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