Esta é a nossa homenagem centenária
a LÚCIO JOSÉ DOS SANTOS, co-fundador da Faculdade
que a promove, prestada por um ramo derivado, a Faculdade de Filosofia
e Ciências Humanas, regida por um hábil diretor -
José Ernesto Ballstaedt - cujo sobrenome soa quase como
em Alberto de Bollstaedt, mais referido como Alberto Magno, o
santo mestre de Tomás de Aquino. Fui tirado de um ócio
precioso para um negócio de alto encargo: fazer o panegírico
da festa, louvando o reitor primeiro que tivemos, na corajosa
fundação de nossa casa, tão ampla que, depois,
teve de fracionar-se, em respectivas faculdades e institutos:
as faculdades de ciências hermenêuticas - letras,
educação, filosofia e ciências humanas - e
os institutos de ciências técnicas - matemática,
física, química, biologia, geociência.
Panegýricon era um discurso ante
a panégyris, reunião do povo em assembléia.
Firmou-se após como discurso de louvor, de um santo ou
de um herói.
"Antes de morto o homem, não o louves",
disse discreto o Eclesiástico 11.30: ante mortem ne
laudes hominem quemquam. Lembre-se a imprudência de
Beethoven, amante da liberdade. Ante os feitos do caporal Bonaparte,
durante a Revolução, teceu-lhe na terceira sinfonia
um fervoroso panegírico de herói, arrependendo-se
depois do que fizera, vexado por impostura manifesta: não
celebrara um campeão da liberdade, mas sim mero soldado
da fortuna, oportunista genial, que se coroou imperador, no frimário
de 1804. A "Heróica" ficou sendo, em vez de do
herói, sinfonia em memória de um herói. Morrera
Bonaparte para o autor. Só lhe restava na saudade o caporal.
Quem exalta a virtude e lhe aconselha a prática,
move a imitação o seu ouvinte. Feitos de heróis
querem notícia parenética, notícia acompanhada
de parênese que, sendo um aviso ou conselho, é coisa
que todos dão e poucos seguem.
Nosso herói de hoje, douto varão
de Plutarco, e homem, para quem viver foi cogitar, merecia a referência
de Cícero, quando Cícero disse: loquor de doctissimo
homine cui vivere est cogitare. E, com S. Agostinho, podia
repetir: negotium meum quáerere veritatem (Contra acadêmicos
3.1.1). Meu negócio é buscar a verdade, amiga
insubornável que nos fala, na intimidade antrópica
do ser.
Na filosofia dos antigos, era mandado cada um se
conhecer: nosce te ipsum; nosce animum tuum. Mas não
mandavam conhecer o outro, pois isso gostamos todos de fazer,
medindo feitos alheios com os nossos. Já dizia Plauto:
cuius animum de nostris factis noscimus.
A praxe da autognose (conhecimento de si mesmo)
é uma praxe difícil, um exercício maduro,
cheio de arguto escrutínio. Funda-se em dois princípios,
o etimológico e o didático.
Diz o primeiro: O Eu de cada um provém
do Outro; e o Outro provém da diacronia antrópica.
Diz depois o segundo: Conhece-te pelo Outro
e ao Outro desde ti.
Desde a infância, o Eu de cada um começa
a definir-se, didaticamente conduzido pelo Outro. Indo de pai
a filho, a geração maior passa à menor a
tradição, o patrimônio individual de um saber
aprendido (saber etimológico) medido ao nível da
vigente hominidade, talvez detida no infralógico, talvez
chegada ao endológico.
Eis a expressão latina dos princípios:
1º. Ego ab Áltero et Alter ab anthrópica
diachrónia.
2º. Nosce te ab Áltero et Álterum ex te
ipso.
Há um duplo efeito negativo que apontar:
1°) quem se quer conhecer não sabe ver-se; 2°)
quem tenta conhecer outra pessoa, sabe que o homem nos engana,
seja propositado ou sem querer, mostrando-se mendaz nos feitos
e nos fatos. Na Ciência do Sujeito, que as faculdades hermenêuticas
estudam, a hominidade
é cambiante e fugidia. Por isso é que nos olham
de soslaio, certos colegas de institutos, mui anchos de trabalho
mais seguro, nos campos da Ciência do Objeto.
Apesar de tudo, no entretanto, nosso tema seduz
pela nobreza. É rico de estrutura e de hombridade, nos
muitos eus antrópicos da História. Ele estuda é
o senhor da razão, do endocosmo
temporal do espírito, onde se criam equações
ditadas à matéria, extensa no seu cosmo espacial.
Na fosca aurora antrópica do homem, certa
vez a família destinada, uma família de primatas
semifabros, começou a fundir o signo fabular, veículo
da idéia inteligível, movida no exercício
cogitante. A fala permitiu vencer a cota
evolutiva, ou natural, enquanto, pós-natural
no seu regime, ia surgindo a hominidade progressiva: uma estrutura
temporal do Eu pensante, encarregado de reger o corpo espacial.
O corpo faz e o espírito cogita, formando a teoria dos
fazeres.
Essa invenção fugia ao fato natural
do reino evolutivo, ao costumeiro crivo zoológico. Um fato
natural passara a feito e privilégio, no reino pós-natural
do mundo antrópico. Devido a um lento começar difuso
e arcaico, não se revelava, no entretanto, a importância
feliz do grande achado. Cada indivíduo prosseguia, muito
zoológico, na antiga servidão espacial, geneticamente
repetida pela vida. Mal mal se estilizava lento e lento. Mesmo
assim ia cedendo, a paciência do indivíduo-corpo,
à intelectiva atividade da pessoa, no patrimônio
temporal de um eu etimológico.
No reino do viver, afora o homem, o que reina é
o saber genético da espécie que, repetindo-se nos
gênitos, repete um portador da mesma herança. Não
fosse a evolução do meio trófico, não
haveria evolução.
No reino antrópico, porém, reino
da hominidade, vale o saber da pessoa, capaz de interferir na
marcha natural. É um saber do indivíduo e não
da espécie. Não é de herança mas de
aquisição. Nem é espacial e evolutivo, mas
temporal e progressivo. É enfim pós-natural
e etimológico.
Por vários centos de milênios, o homem
viveu vivência
vaga, de solta fantasia ideativa e tempo raramente condensado.
O corpo, mui zoológico nos hábitos, tinha de estar
atento à alteridade
espacial. O espírito, ainda curto e pobre de abstrações,
logo se difundia, nebuloso, na franja mítica de aorísticos
outroras. Nos fazeres vitais, mandava uma tradição
mesmista e iterativa, continuada numa posse empírica,
toda incapaz de amadurar em consciência. Voava baixo a infantil
mente comum, sem força de vencer o infra-lógico.
Podemos ver como diferem, posse e consciência,
olhando a hominidade
progressiva, no curso da escala diacrônica. Procededor que
faz e não explica, é um procededor que tem a posse,
não a consciência. Tem só um como sem porquê.
Querendo de um tribal a causa de um fazer, responderá que
sempre foi assim, talvez juntando alguma fantasia. No seu grau
de saber, há pouco mais do que o genético.
Quem já tem consciência da posse é
um procededor que faz e explica. Mesmo fora da hora de fazer,
repete a ordem racional da teoria, fundada no saber etimológico.
Apenas haverá uns dez milênios, o
fim do infra-lógico teve início, na concha mediterrânea.
Crescendo-lhe o poder intelectivo, o homem começou a descobrir,
na experiência da matéria, a conta racional que nela
existe. Floriu então a inteligência, na primavera
do milagre helênico, talvez posterior em dois milênios,
ao milagre feliz do signo fabular. Após tão longa
anemia, na lenta fase do infra-lógico, enfim chegou a seiva
aristotélica, a seiva do endológico. Fundando a
inteligência na razão, foi o homem capaz de se opor
ao real, de ordenar consigo, num endocosmo
temporal, o regime do cosmo espacial.
A novidade do pensar metódico, abrindo via
ao cognoscível, trouxe prazer à inteligência,
no gosto de verificar. Ia, porém, ficando sem mais trato,
e menos estudada, a figura subtil do cognoscente, o Eu complexo
e autenticável do Sujeito, condensador da duração
reminiscente, tenaz fabricador da idéia inteligível.
Na economia da natureza, dinamizada pela coisa,
uma idéia sensível, no agora espacial do equacionado,
repercutindo sobre o estimulado, provoca-lhe o fazer vital de
uma resposta.
Na economia pós-natural, dinamizada pela
idéia inteligível, o nome dessa idéia vindo
no tempo da memória ativa, age nos estímulos, movendo-lhe
um pensar vivencial. Graças ao signo fabular, veículo
da idéia inteligível, o homem trata consigo, na
duração ativa da vivência, os mnemiatos
da idéia sensível, que o corpo colhe da coisa, no
agora espacial do perceber. Com a colheita passiva do corpo, nutre-se
a atividade cogitante, que é do espírito. Foi assim
que se criou uma nova indústria, capaz de elaborar, nos
outroras da mente, os agoras sentidos no espaço. O regime
espacial do viver nutre o regime temporal do pensar. É
um exercício permanente, que não pára. Espontâneo
e mítico, na sua fase primeira, com o tempo se tornou policiável,
quando a razão o pôde governar.
Quem pensa, confeiçoa a idéia inteligível,
destilando no tempo a idéia sensível da coisa no
espaço. A primeira hominidade, recente ainda para um corpo
zoológico, era modesta e fraca para o cogitar. Era primária,
miúda no concreto, particular em distinções
não generalizadas. Na idéia da coisa, veiculada
por um nome, era mais o sentido da coisa sentida que da coisa
entendida. Foi custoso atingir o nível secundário,
onde há nomes de idéias da idéia. Mas chegou
afinal, quando chegou à madurez. Ao nome da "idéia
da coisa" (um abstrato de padrão verificável)
juntou o nome da "idéia da idéia"
(um abstrato de padrão autenticável).
Na idéia verificável, fundem-se notas
do sensível, direta repercussão da coisa estimulante.
Na idéia autenticável, condensa-se uma idéia
vinda de outra idéia, não da coisa direta. Na primeira,
o nomear traz um sentido espacial. Na segunda, somente um entender
temporal.
Todo nome de idéia é veículo
temporal de uma abstração. A coisa é que
é concreta, espacial, fonte da idéia sensível,
captável pelo corpo. A idéia inteligível,
temporal, tem sua fonte no espírito, não no corpo.
A idéia vinda de outra idéia é um abstrato
de mais grau que a verificável. Não vem diretamente
do sensível. Filtra-se na axiológica do estético.
Não tem iteração comensurável, mas
só iteração avaliável. É conferida
por autognose, ou seja, a gnose autêntica de si
mesmo, feita no seípso da pessoa, mais a heterognose,
ou seja: gnose análoga a outra, fundada na sentença
de que o bom julgador julga outrem por si.
O Círculo de Viena, faz mais de quatro décadas,
quis anular a idéia autenticável, havendo-a por
vazia de sentido. Quis recluir
o conhecer na fonte do sensível, que o corpo colhe num
agora espacial. Não viu que este, promovendo a resposta
vital, fornece apenas a matéria destilável, que
a mente temporal converte em conhecer. Sentir não é
conhecer. Caso o fosse, era preciso diplomar o asno, cui non
est intellectus, conforme diz o salmista. O conceituar positivista,
parece que parou na mítica de outrora, ao misturar idéia
e coisa, num nome que devia ser da idéia. Por tal engano,
muito antigo, é que se toma a fala, ainda hoje, como "expressão
da coisa", apesar de ela ser uma "expressão do
homem" que nela mostra a sua hominidade
e não a coisa. Hominidade que é fugaz e que é
mudável. Quando disse Heraclito Escotino que "ninguém
se banha duas vezes no mesmo rio", deixou de ver que é
mais notável a recíproca: "Não banha
um rio o mesmo homem duas vezes". Algo muda nele a cada passo,
estando sempre a revolver, no interno do conceito, os seus guardados
da memória ativa. No curso pessoal da diacronia, sempre
a vivência
influi algum teor, na esquiva identidade do seípso.
Quando penso em matemática, sinto inveja
a Cristóvão dos Santos, na sua octogenária
juventude. Medita as altas coisas que ignoro, no pitagórico
jardim da exatidão. E lembra-me um reparo arguto e leve,
que é de Paul Valery, sobre a necessidade de ser Newton,
para se ver que a lua cai, pois todo mundo sabe que não
cai. ("Il fallait être Newton, pour apercevoir
que la lune tombe, quand tout le monde sait bien qu'elle ne tombe
pas.").
Lúcio e Cristóvão, dos Santos
ambos e de vida santa, quase me fazem crer numa crendice antiga,
que crê no preságio do nome, omen nóminis.
Dos dois, Deus permitiu que o outro continue, cumprindo ativo
e lúcido a carreira, para lição e exemplo
de apressados. Maneat nobiscum.
No ano em que nasceu Lúcio dos Santos (1875-1944),
nasceu também Artur Bernardes (1875-1955), o educador em
Cachoeira do Campo e o estadista em Viçosa. São
malungos no tempo, são coevos, ou iguais no sentido latino:
alter alterius aequalis. O curso de humanidades, um fez
no seminário em Mariana e o outro no Caraça, onde
também se formaram alguns de seus futuros companheiros
de política: Afonso Pena pai e Afonso Pena filho, Olegário
Maciel, Raul Soares, Melo Viana.
No ano de 1875, morria o bispo de Mariana, dom
Viçoso, cuja biografia se editava, já no ano seguinte,
escrita por um professor de latim do aluno Lúcio, Padre
Silvério Gomes Pimenta, futuro sucessor do biografado.
Com esse livro, e já então arcebispo, o autor foi
eleito, em 1920, para a Academia Brasileira de Letras.
No mesmo 75, nascia a Escola de Minas, iniciada
no outro ano. Escola de Gorceix, Thiré, Langret e Ferdinand,
centro francês de ciência técnica, junto aos
três outros já existentes - Caraça, Mariana
e Diamantina (1820, 1853, 1864), centros de humanidades clássicas
francesas.
Isso era num Brasil tremendamente vasto e escassamente
povoado: algo mais de dez milhões, pelo recenseamento de
72, o primeiro que se fizera no país. No todo proporcional,
grosseiramente repartido, para quatro milhões de gente
branca havia quatro de mestiços e dois de negros. Para
uma parte de alfabetizados, havia nove de analfabetos. Das províncias,
era Minas a mais habitada, com acima de dois milhões. Estavam
depois Bahia e Pernambuco, acima de um milhão, então
seguindo S.Paulo, abaixo de um milhão.
Pondo esse outrora junto ao nosso agora, sente-se
a cor diacrônica
do tempo, no tempo em que nasceu Lúcio dos Santos. Ainda
não corria como hoje, embora o dos poetas já voasse.
Andava muito calmo, em compasso com o homem, apesar de já
estar começada, pela velocidade mecânica, a superação
da velocidade zoológica. Já o trem apitava na serra,
audaz e bufador, semeando no ar o sonho das distâncias.
Não só andava o tempo com o homem,
como também até parava, na espera de algum evento,
dando folga de cismar ao operoso e folga de ensimesmar-se ao reflexivo,
ordenando razões de aconteceres. Às vezes, chegava
a ser demais a quietude. De um lugar assim escreveu Guimarães
Rosa, no Grande Sertão, p.94: "O espaço
é tão calado que ali passa o sussurro da meia-noite
às nove horas." Este tempo melhor de que se fala,
gosta muito de estar no passado: "Quem não viveu antes
de 89, dizia Talleyrand, não conhece a doçura de
viver: "qui n'a pas vécu avant 1789 ne connait
pas la douceur de vivre."
Faz pena hoje ver a mocidade, que um mistagogo
subversivo impele, vivendo na perene alteridade, sempre fugindo
a estar consigo mesma. Na faina hominizante da teoria é
que se adensa e cresce o eu antrópico. A alteridade
é natural no ser do infante, cujo instinto animal está
por sublimar, sob o governo da educação. É
lamentável, pois, na mocidade, empobrecida de exercício
antrópico, essa regressão propositada, sob o olhar
permissivo de educadores que não podem educar, na miséria
geral de nossa burguesice, tanto capitalista como proletária.
Talvez o moço, movendo seus pendores zoológicos,
pense na soltura sem fronteiras de um encontrável paraíso
botocudo. Talvez não veja o negativo da atitude, pois tem
de reagir ao mundo em que ele vive, enquanto o índio, qual
menino, vive no seu mundo positivo.
Em 1925, morando eu em S. João dei Rei,
conheci Lúcio dos Santos em pessoa, com 50 anos de idade
e 30 de magistério. Era o ano dois de meu ofício,
no Instituto Padre Machado, colégio do Professor Lara Resende.
Este, no mesmo ano 25, fundara uma União de Moços
Católicos e, para órgão dela, o jornal
A Cruzada, de que foi diretor, e eu, um redator.
Presidia Melo Viana ao governo e dirigia Lúcio
dos Santos a Instrução do Estado, quando foi a S.
João paraninfar normalistas. Honrada e alegremente recebido,
na União e no jornal, fez- nos uma bela conferência,
havida no teatro da cidade, com muita concorrência de auditório;
o tema era "Jesus Cristo".
Na comitiva que levara o visitante, estava um poeta,
quase desconhecido para mim naquele tempo, mas que hoje é
para mim uma saudade; o nome, Djalma Andrade; no mesmo número
de A CRUZADA em que escrevi sobre Lúcio, fiz publicar emoldurado,
na primeira página, o "Ato de Caridade":
Que eu faça o bem e de tal modo o faça
que ninguém saiba o quanto me custou.
Mãe, espero de ti mais esta graça:
que eu seja bom sem parecer que o sou. |
Lúcio dos Santos, como professor,
iniciou-se em Ouro Preto, no Ginásio Mineiro, em 1893,
logo ao deixar o seminário: lecionava história e
cursava engenharia, desde então bifurcando seu caminho,
endereçado para a hermenêutica
e para a técnica; diplomado pela Escola de Minas, em 1900,
nela já era professor no outro ano; em 1908, diplomou-se
em direito, em S.Paulo; em 1922, entrou como professor na Escola
de Engenharia de Belo Horizonte.
Em 1924, foi nomeado Diretor da Instrução
Pública do Estado, não existindo ainda, nesse tempo,
Secretaria de Educação. Em 1929, como primeiro diretor,
regeu a Escola de Aperfeiçoamento pedagógico, nos
claros dias arejados do presidente Antônio Carlos e do secretário
Francisco Campos. Tal escola, no Brasil, era uma empresa pioneira.
Cruzava-se ali a pedagogia européia, cheia de prudência,
com a pedagogia norte-americana. Suas professoras mineiras tinham
ido cursar, em Nova Iorque, a Universidade de Colúmbia.
Seus professores europeus, dando aulas em francês, eram
de Genebra, Paris e Bruxelas.
Certa vez, nesse ano de 29, Lúcio dos Santos
chamou-me, dizendo que a professora de psicologia, assistente
de Eduardo Claparède, queria aprender português.
Estava ansiosa de entender-nos e de conosco se entender. Aeitando
a incumbência, honrosa para mim, ganhei de Helena Antípoff,
em alta e nobre amizade, mais de 40 anos de convívio.
De 31 a 33, Lúcio foi reitor da UMG, criada
por Antônio Carlos, em 1927, sob a recção
de Mendes Pimentel e tendo o lema na divisa "íncipit
vita nova". Pela revolução de 30, no Brasil,
começara o governo do Baixinho, e o sufocar do sonho democrático,
motivo nosso da revolução. No caso dos exames por
decreto, eu vi, como estudante de direito, a violência estudantil
que então se fez e que forçou o afastamento do reitor,
o grande Mendes Pimentel. Não era ainda o esquema tático
e metódico de espoliar a hierarquia, mas era já
um sintoma hiatizante, no suceder das gerações.
Chamado a remediar a turbulência, Lúcio foi compostura
e dignidade, impondo-se ao respeito dos alunos. É que lhe
cabia muito bem o homo sum do Cremes de Terêncio:
humani nil a me alienum puto (Heautón
1.1.27).
Em 1934, fundando-se o Ginásio Afonso Arinos,
além do nome, que propus, propus também para reitor
Lúcio dos Santos. Era um grande homem bom e simples, interessado
em toda empresa de educar. Entretanto, por audácia de um
dos diretores, ao ser desfigurado o plano original, Lúcio
demitiu-se de reitor e eu fui afastado. Certo empresário
tomou conta do negócio, trazendo-o para aqui, para esta
propriedade, comprada bem depois por nossa Faculdade. Assim ficara
de antemão ligado à nossa história, como
fundador do Afonso Arinos, o nome de um varão sibiconstante,
capaz de não mudar a sua altura, fosse reitor de universidade
ou mesmo de um projeto de ginásio. Para ele, a nobreza
era servir a boa causa. Não exibir um título vistoso.
Em 1939, do cheiro de um projeto nacional, que
chegara ao Marconi, surgiu a idéia de uma faculdade. Veloso
com prudência me dizia: - "Criemos por nós mesmos,
no futuro, nosso lugar na Universidade."
Nos planos que desenha, Veloso enxerga longe e
risca largo. Bem mais tarde, em tempo de campanha sucessória,
um nosso ex-aluno e agora ex-professor, Morse Belém Teixeira,
contava isto: - "Quando for diretor, Veloso vai mudar, nas
dimensões, a Faculdade; você terá uma idéia
do trabalho, imaginando o todo pela entrada, onde estará,
sobre colunas, a figura de um globo terrestre, modelado em tamanho
natural." Merece o exagero quem o motivou. De entre nós,
embora vários já se tenham ido, ele inda continua
pertinaz, cheio de sonhos do primeiro dia; ele, mais que todos,
fez existir a Faculdade.
Gizado o plano, com esmero especial no magistério,
foi resolvido que o reitor tinha de ser Lúcio dos Santos,
nome tão alto no respeito que convidá-lo foi tarefa
de receios. Fomos procurá-lo, quais três embaixadores,
Veloso, Spinelli e eu, que era mais chegado ao candidato. Ouviu-nos
lhano, e simples aceitou, contentes nós com seu renome
nacional, respaldo e escudo para nosso intento.
Depois de ser levado para o Rio, Francisco Campos,
Ministro da Educação, em Minas continuou por algum
tempo, graças a Gustavo Capanema, a visita intelectual
de europeus. Mas em 34 isso acabou. A moldura dos tempos estreitara,
sob o regime de um procônsul que dizia: - "Mais vale
um analfabeto no arado que um bacharel ocioso". O que nos
dava mal estar não era o teor da frase, acaciana e chocha,
mas a cota
mental de seu autor. Cessara a diligência pedagógica,
tão bem iniciada por Antônio Carlos, voltando o ensino
a seu marasmo costumeiro, no meio nacional, e miseravelmente prorrogado
até 64, com governos padrastos da enteada educação.
Hoje, com tantos males no mundo, tantos dejectos da ressaca atlântica,
ficou difícil corrigir os nossos desarranjos, acumulados
desde 30, no espólio que nos legou, manhoso e pervicaz,
o manso ditador que nos regeu sorrindo.
Após o ano 38, homens de bem foram vexados
por um governo envilecido em sua autoridade. Vinda a guerra contra
o Eixo, a situação do Marconi esteve incerta, perigando
com ele a Faculdade. Pedida a ajuda do governo, esse prometeu-nos
abrigo, no Instituto de Educação, mas contanto que
nosso reitor se afastasse, acusado que era de integralista e,
pois, de traidor. Reunida a assembléia de fundadores, explicou-nos
Lúcio dos Santos que a sessão era para decidir de
seu afastamento e que, para deixar-nos à vontade, ia passar
a presidência e retirar-se. Então, saiu e não
voltou. Fora afastado, ele, nosso título de glória,
nossa projeção além fronteiras, como professor
e pensador. Na inspecção federal de 45, sendo ele
titular de sociologia, não constou o seu nome na lista
dos catedráticos-fundadores. Falecera no ano anterior.
Bernardes, sendo político, tratava o homem
como homem. Mas Lúcio, educador, guiava-o na rota do saber
e da sabedoria. Pelo saber que ordena o mundo circunstante, o
homem insere-se no meio espacial, habilitando-se em cultura. Pela
sabedoria, com que se ordena a si mesmo, no seu meio temporal,
o homem se habilita em civilização.
Ensinando engenharia, dando receitas de ciência
técnica, Lúcio lidava com a Ciência do Objeto.
Ensinando história, sociologia, filosofia, pedagogia, temperando
receitas morais da ciência hermenêutica, lidava com
a Ciência do Sujeito, a perquirir a hominidade
do ântropo, capaz de melhorar, embora incerta, na diacronia
da humanidade.
A Ciência do Objeto, constando apenas de
saber, é a ciência do homem ante a coisa, empenhado
na empresa dos fazeres. A Ciência do Sujeito, nobre tarefa
da sabedoria, estuda o homem, não no corpo, mas no espírito,
com sua atividade de pensar. É a ciência do homem
ante a idéia, e sócio de outro homem.
Tratando a coisa, constrói cultura o cientista,
mas o filósofo, escala em seu teor a civilização,
enquanto estuda o Outro, seu análogo, e avalia, no seu
meio diacrônico, a nossa hominidade
progressiva.
Lúcio escreveu, como engenheiro, quatro
volumes de Hidrotécnica e um sobre Turbina
tangencial, bem como artigos vários em revistas. Como
historiador e educador, escreveu livros, artigos, conferências,
num magistério de 50 anos.
Destacam-se dois livros eminentes: Inconfidência
Mineira, editado em 1927, e depois, em 1936, Filosofia,
Pedagogia, Religião. Afonso de Taunay, que o apresenta,
assim o classifica: - "Obra valiosíssima de didata
e de técnico, de pensador e de moralista, de sociólogo
e de historiador, de educador católico e de apaixonado
brasileiro". Tudo está dito, bem se vê.
Lúcio dos Santos, nem literato nem poeta.
Foi um letrado responsável, na sua vocação
de educador. Nos bons recursos do vernáculo, buscou da
boa idéia o bom veículo. Para idéias em francês,
inglês ou alemão, fundia em português a boa
equivalência. Não careceu de "americanalhar"
a língua pátria, como na bruta gíria bárbara
de agora, digna dos que chamou Alberto Torres "analfabetos
da inteligência".
Após a guerra contra o Eixo, ganhada pela
Rússia, não pelo Ocidente, deu septicemia pelo mundo,
iscado pelo vírus do marxismo. Com um profeta anti-Cristo,
o "Messias do Século do Nada" (na frase de Corção),
hoje até católicos se fazem complacentes, na pressa
vesga de querer terrestrizar o céu, mediante luta corporal
e predomínio, em vez de celestizar a terra pelo amor cristão.
Certa mitologia subversiva, destruindo a virtude
social, força de nossa hominidade, pervertendo conceitos
milenares, força de um passado progressivo, quer reduzir
o povo a massa, num rebanho de unidades gregárias, mecanizadas
e passivas, a fim de vegetarmos, brevemente, no vasto parque zoológico
do Estado. Por toda parte ela se infiltra: na escola e na família,
no teatro e no cinema, no rádio e na televisão,
na imprensa diária e periódica. Cínica ou
discreta, exalta o vício e zomba da virtude. Competem assanhadas,
na zona franca da animalidade, a burguesia poderosa com dinheiro
e a burguesia proletária sem dinheiro, esta invejando àquela
a vida larga do capitalista. Na vida de virtudes não se
pensa. Rompendo a tradição, criando o hiato, nutre-se
a desordem de Babel, até que venha, torvo, o apocalipse.
Legada de pai a filho, a língua serve o
entender de quem cogita e o inter-entender de quem conversa, quer
na sintonia monologal, da fala interna de quem pensa, quer na
sintonia
dialogal da fala externa, entre parceiros convivendo.
Pela fala inter-individual de quem ensina, chega
a língua pouco a pouco a quem aprende, ganhando posse dela,
posse intra-individual que se enriquece e firma, ao longo do conviver.
Desde que o homem é homem, ele cria pensando e fala com
o parceiro para se entenderem. Criar no espírito e dialogar
com outrem, são pressupostos do viver antrópico.
Numa nação de gente ágrafa, a fala oral faz
o vigor da tradição, fortemente mantida. De uma
tribo amazônica, li que nela existe o "índio
lingüista", encarregado de espevitar e não deixar
morrer palavras que ameaçam de esquecer. Numa nação
de letrados, é a leitura dos mestres escritores que garante
melhor o uso do vernáculo.
Por mais que se receda no passado, é aprendendo
de outro homem que se faz o homem, às vezes repetindo simplesmente.
Por isso disse o Eclesiastes: "Nada de novo sob o sol";
nil sub sole novum (1.10). Glosou Teréncio tal
conceito, no verso 41 da peça Eunuco: - "Nada
se diz que já não tenham dito antes"; nullum
est iam dictum quod non dictum sit prius.
Pascal opôs a isso restrição,
ao reclamar assim: Qu'on ne dise pas que je n'ai
rien dit de nouveau; la disposition des matières
est nouvelle". Mais razão que a de Pascal tem
esta letra, do carnaval de 74: - Adevorve as lentejoula que
eles te deste, ó peste!
Será que é só brincadeira?
- No gosto contencioso da desordem, mora também a inconsciência
da ignorância. Já temos professor de português
a pretender que quando o ouvinte entendeu, então o outro
falou bem. Parece não entender que existe a fala urbana,
que tem Mobral para os adultos carecidos. Na fala oral, fala-se
como falam os outros. Na fala escrita, escreve-se como os outros
escrevem. Dizia muito bem o nosso Mário Casasanta: - "Falem,
ao falar, o brasileiro; mas escrevendo, escrevam o português."
Há uma sentença de Buffon que, na
segunda parte, muito se repete: "Les choses sont hors
de l'homme; le style est l'homme même". Tais palavras,
imagino-as contendo mais do que elas dizem; se as coisas são
fora do homem e o estilo é o próprio homem, então
a fala exprime o homem e não a coisa. Buffon tocou numa
verdade mui metódica, mas até hoje mal discreta
e mal tratada, na filosofia e na lingüística. Isso
apesar de repetir-se, desde gregos e romanos, que a fala é
imagem da alma.
Criação na mente, expressão
na fala, sintonia
fabular no convívio, é tudo velho como a Serra do
Itambé. De geração a geração,
começa o moço um dia a descobrir o mundo, vertido
na feição vigente do momento. Aí então,
para aprender, confere com os mais velhos seus achados. Os de
agora, entretanto, nascidos no hiato, alarmam-se demais com seus
descobrimentos. Novos Colombos, com seu "terra à vista",
sentem-se inventores do inventado diálogo, comunicação,
criatividade, e outras coisas mais. Sabendo ou não sabendo,
revolvem seu tumulto vesperal, que nos prepara, em duro dia, o
dia do monólogo estatal.
De certo autor americano, li como condena a leitura,
havendo-a por nociva à criatividade. É uma brincadeira
doentia, de certo Norman Brown, da fase moça de 60. Norman
finge pensar, do espírito criador, já vir completo
quando o homem nasce. Que surge como Pálade Atena, quando
saiu do crânio de seu pai, já de capacete, escudo
e lança. Ou talvez como Hitler, produto natural do solo
pátrio, descarecido de lições de escola,
conforme o dr. Goebels explicava, ante o povo germânico,
gente que gosta muito de universidades.
A América do Norte, país de bons
mecânicos, é forte em conseguir, do solo bem tratado,
os juros que do solo se conseguem. Mas não é forte
em filosofia, ciência metafísica havida por não
prática. Honra lhe seja por nutrir o globo, com trigo para
o russo, além da coca-cola para todos. É mestra
exercitada no fazer e deixa a Europa ser a mestra do pensar.
A leitura profissional que forma um técnico
forma somente um "bárbaro" (de Ortega y Gasset)
caso não se acompanhe de uma outra, a das humanidades.
De filosofia, história e arte é que se nutre a hominidade
antrópica.
Cumpre adotar, fundado na razão, um modo
de viver que dignifique. O homem é um animal etimológico,
ansioso de entender a coisa em sua origem. É como aquele
Mítia, dos Irmãos Karamazoff, quando dizia:
-"Eu não quero milhões; eu só quero
as razões de meus porquês." Quem esquadrinha
a diacronia dos eventos, vendo como tem sido a humanidade, pode
preparar melhor o seu futuro, concordando com Byron, quando disse
que o melhor profeta do futuro é o passado. Ignorá-lo
é ficar sempre criança, como declara Cícero:
-"Nescire quid antequam natus sis accíderit id
est semper esse púer. (Orator 34.120): "Ignorar
alguém o que houve, antes de ele ter nascido, isso é
continuar a ser criança", como já tenho dito.
Ninguém despreza com vantagem pais e avós,
havendo-os por superados e 'quadrados'. Eletricidade ou automóvel,
televisão ou aeronave, não brotaram, como goiabeiras,
da terra em que nasce o jovem. Deixar mato crescer na inteligência
é só uma brincadeira estúpida e nociva.
Ultrapassei a meta por demais, falando no valor
castiço do vernáculo. Um povo, aculturando-se com
vizinhos, se tem suficiente alma nacional, vernaculiza bem suas
importações. Isso requer o amor da pátria,
em termos como os que Lúcio nos aconselha, em Inconfidência
Mineira, página XIII:
"Hoje, mais do que nunca,
precisamos ancorar, no mais profundo de nosso ser, essa
convicção de quanto vale um ideal nobre e
alevantado, porque a época é de gozo e materialismo;
- só se consegue conservar o que se consegue defender;
- quem é incapaz de sacrifício, é incapaz
de amor, é incapaz de patriotismo." |
Antes de terminar, algumas palavras sobre Filosofia, Pedagogia,
Religião, livro que vale muito e que interessa direto
a nossas faculdades hermenêuticas. Lúcio, motivando-se
na ciência e na filosofia, discorre sobre a origem da vida
e do homem, sobre a história da psicologia, da pedagogia
e da religião, com exame da verdade e da virtude. É
mui notável o capítulo da psicologia e o fenómeno
psicológico. Mostra dos gregos até nós, a
vária posição dos pensadores, no campo de
uma ciência não tranqüila, por sua muita subtileza.
Mostra Aristóteles e Tomás de Aquino, Descartes,
o sensismo inglês e Kant, a visão evolucionista de
Spencer e a visão psicofísica de Wundt, a associação
e a Gestalt... numa filigrana de veredas onde o fenômeno
evanesce, difícil de definir.
O mal, dizemos nós, é sem remédio,
enquanto se continuar fechando a Ciência do Sujeito na Ciência
do Objeto. Enquanto se buscar a hominidade
antrópica na mera explicação do corpo zoológico,
sem ver que é pelo espírito, no tempo, que o homem
conquista o mundo no espaço. Que é no seu tempo
interior que ele modela o endocosmo
inteligível, filtrando repercussões vitais do cosmo
externo, sentidas pelo corpo espacial.
A base fisiológica do corpo, sede vital
de suas funções, pertence à biologia, uma
ciência da Ciência do Objeto. Mas cabe à psicologia,
em campo seu na Ciência do Sujeito, estudar a vivência,
uma indústria do espírito, nosso conversor temporal
da espacialidade vital, quando destila a idéia inteligível,
feita de mnemiatos
da idéia sensível, que o corpo colhe no espaço.
O século 19, descobrindo um piteco
na origem do ântropo, logo se pôs a escumar, no coração
do homem, o gosto da saudade zoológica, tão 'curtida'
hoje em dia por quem 'adorou' reverter ao nível do macaco,
livre da lei moral do cristianismo: laqueus contritus est
et nos liberati sumus. Não se quis ver que a hominidade
apareceu, com seu teor, exatamente por ter sido superada a cota
do macaco, espacial e evolutivo, dentro de seu nível natural.
Venceu a barreira certa família primata, ao inventar um
proceder temporizante, e nele a criação da hominidade,
marcada claramente como pós-natural
e progressiva. A hipóstase do antrópico no zoológico
abriu uma exceção na escala natural.
Sem ver as duas fases da superação
- primeiro a que venceu a cota
zoológica, depois a que venceu a infra-lógica -
a pesquisa desceu para o porão sem alma, onde faz psicologia
zoológica: aí estuda a economia do corpo animal,
fundada na provisão genética da espécie,
querendo achar vivência
e alma intelectiva onde ela não está. Cai na falácia
hysteron-próteron, com o mesmo engano e preposteração
do neurofisiólogo, se fala em zooconsciência e bioconsciência,
ao referir-se à telebiose.
Tal ciência, incerta no idear e, pois, no
definir, carece de sanar da ambigüidade a diferença
entre o fazer e o pensar. O fazer é vital, é do
corpo zoológico, munido de um saber genético da
espécie. O pensar é vivencial, vindo num privilégio
antrópico do espírito, onde o saber etimológico
se cria, num cabedal que é do indivíduo e não
da espécie.
O bem fisiológico da vida, repetido no espaço
pela espécie, estuda-se na Ciência do Objeto. O bem
intelectivo da alma, criado pelo espírito no tempo, estuda-se
na Ciência do Sujeito.
Nesta homenagem ao herói, creio ter ido
além de algum limite, pondo interpretação
de jeito meu em coisas que ele diria de seu jeito. Nos meus contactos
com Lúcio, fui profissional e reservado, preso à
reverência que lhe tinha e a meu temperamento de arredio.
Professor particular de filhos dele, nem isso deu para vencer
a timidez. Hoje ele está presente, neste preito de honra
ao nobre educador. Ensinou por aulas e por livros. Dirigiu e foi
reitor. Foi sobretudo homem de bem e defensor da fé. Com
S.Paulo, podia repetir: - "Combati o bom combate, acabei
a corrida, guardei a fé": bonum certamen certavi,
cursum consummavi, fidem servavi - (2 Tm 4,7).
Podia consagrar-se, nossa festividade centenária,
ou com um retrato de bom porte ou com um monumento no vestíbulo,
erguido pela Faculdade a seu mais grado fundador.
(1975)
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