Prezado amigo Lourenço:
Conforme falei a Você pelo telefone, li com interesse e agrado os artigos que teve a bondade de escrever sobre o livro Machado de Assis.
É difícil dizer o que mais me sensibilizou nos comentários, se a generosidade das opiniões relativas a este pobre escritor seu amigo, se a exatidão de certos pensamentos quanto ao grande romancista. Em todo caso, uma satisfação domina as demais, e vem a ser a certeza de que tive em Você o leitor meticuloso e exato, ao par do psicólogo capaz de encarar o assunto no aspecto total.
Deu-me também bom estímulo, ao transmitir-lhe a ilusão de que seja eu capaz de expor agradavelmente. Se isto não for engano natural de sua simpatia, nada mais deseja como escritor, visto que a originalidade não é deste mundo. Juntamente com a ânsia de perfeição, cumpre, em todo mister, possuir a mira modesta. Escrevendo, só aspiro ser natural, convicto e agradável.
Ao lê-lo, tive a ilusão de que fui. Não preciso acrescentar mais, para mostrar quanto lhe sou agradecido pela espontânea gentileza de seus finos comentários.
Visitando-o cordialmente, o seu amigo e admirador,
Mário
Matos
BH, 02.07.1939
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