Registre-se a madureza das convicções
de ensaísta e o seu fervor no culto a um acervo intelectual
e moral que não se constitui apenas de monumentos e obras
literárias sendo que exprime também uma atitude de
homem em face da natureza, e um modo de ser, tanto quanto uma razão
de existir. Postulando a restauração do Humanismo,
porém de um Humanismo embebido de espírito cristão,
e não racionalista, o ilustre professor universitário
revela ter chegado a essa etapa de desenvolvimento do espírito
em que as idéias deixam de ser abstrações
para assumir o aspecto sensível de instrumentos aplicados à melhoria
do Homem e à fundamentação de sua felicidade.
De nada, afinal, valerá uma idéia, se não
acrescentar algo aos motivos que tem a espécie para não
desesperar de si mesma.(...)
O livro é de contextura mais literária
que filosófica, e suas páginas de análise à formação
de Montaigne, à alma de Quixote e à Arte Poética, de
Horácio são perquirições lúcidas
de um clérigo, identificado com a cidade das letras, e dela
conhecendo os segredos.
Carlos
Drummond de Andrade
Minas Gerais, 27.05.1951
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