As notícias da criação da
Faculdade de Filosofia, pelo Ministro Gustavo Capanema, eram manchetes
de todos os jornais. No Colégio Marconi, de Belo Horizonte,
os professores comentavam, com entusiasmo, a deliberação
do Ministro. Professores dados às Letras e às Ciências,
mesmo os que já lecionavam em alguma escola superior, em
que algumas disciplinas do novo Curso tinham guarida, no sentido
profissional, começaram a interessar-se por uma Faculdade
que realizava a idéia de Letras pelas Letras; de Ciência
pela Ciência, de Cultura pela Cultura. Era um despertar
para o aprofundamento teórico, envolvente, sério,
em buscas, pesquisas, e na formação de professores
de matérias básicas do curso secundário.
E os professores do Marconi, ali reunidos, começaram a
sonhar: José Lourenço de Oliveira, Artur Versiani
Veloso, Padre Clóvis de Souza e Silva, Braz Pelegrini,
Vicenzio Spinelli. E dos sonhos à realidade o passo foi
rápido: local de início de aulas: Casa da Itália.
E foi escolhido e convidado para Diretor, Lúcio dos Santos,
o admirável professor de grandes méritos morais,
intelectuais, sociais. Para redação do regimento
foi indicado o nosso Professor Lourenço de Oliveira. Para
contatos oficiais, Artur Veloso, Padre Clóvis, Braz Pelegrini.
E a imprensa de Belo Horizonte anunciava os projetos.
E começaram os entendimentos com os professores
especializados em cada disciplina dos cursos que seriam criados:
Filosofia, Letras Clássicas, Neolatinas, Anglogermânicas,
Química, História Natural, Pedagogia, História,
Geografia, Ciências Sociais (para Bacharelado e Licenciatura)
Logo foram preenchidos os quadros. E se anunciou um Curso com
os mesmos professores, de preparação para os exames
vestibulares. A repercussão foi ótima, com freqüência
de numerosos candidatos.
O professor Mário Casasanta, um dos pioneiros
da análise de texto a estudar os sonetos de Camões,
conhecido pelas suas excelentes publicações, lecionava
Português. Professor Orlando de Carvalho lecionava Francês,
língua de que sabidamente era bom conhecedor. Padre Clóvis
lecionava Filosofia, com o natural entusiasmo. Outros ainda, com
a maior seriedade, cada um lecionando sua disciplina de especialização.
Vamos ao nosso biografado. Coube-lhe preparar os
alunos para o vestibular de Língua e Literatura Latina.
As aulas eram à noite, porque os professores tinham suas
atribuições magisteriais durante o dia. Nada perturbava
o ideal de bem lastrear a Faculdade de Filosofia que se ia formando.
Todos já conheciam o entusiasmo do Professor
Lourenço pela língua latina, em si mesma, e o prazer
em transmitir aos alunos toda a beleza da língua e da literatura
latina. Dar uma aula era assim como realizar-se, a si mesmo, buscar
alegrias, conquistar espaços interiores, trilhar caminhos
de felicidade. Voltava a seu amado latim e repartia com os alunos
tudo que podia estar ao alcance deles, na esperança de
levá-los mais longe, nos anos de Curso Superior, que sucederiam
ao Vestibular.
E a esposa, que não estudou latim, nem no
Curso Normal, nem na Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico
de Minas Gerais, que vislumbrava o latim na Gramática Histórica,
bem estudada no Sion, foi assistir às aulas do querido
professor. E estudava em todos os seus momentos livres, e fazia
as atividades sugeridas pelo Mestre, e procurava ir penetrando
nos primeiros segredos do latim. O marido sorria de sua boa vontade.
O pai um dia lhe disse: "Quando você
foi seguir o curso do Lourenço, eu pensei que você
queria apenas estar com ele, movida talvez por um ciumezinho de
ver o marido saindo à noite, mas agora estou gostando de
ver que havia interesse de estudo ..." Ao que o Lourenço
afirmou: "Se ela não aprendeu o latim, porque latim
não se aprende em um ano, pelo menos valeu para valorizar
mais o seu professor e para se interessar pela leitura de um Vergílio
ou de um Horácio, ainda que em tradução."
A licença prévia de funcionamento
da Faculdade foi concedida e os Cursos iniciados.
Durante mais de seis anos, aqueles professores-fundadores
trabalharam de graça, sem nenhuma remuneração,
nem simbólica, e o Professor Lourenço, nesse tempo,
trabalhava com ardor, como se compensação material
para atividades intelecto-espirituais nada significasse. Com o
tempo, o reconhecimento oficial se fez e com o tempo, ainda, a
Faculdade de Filosofia de Minas foi incorporada à UFMG.
Com a criação da Cadeira de Lingüística,
o Professor Lourenço foi indicado para exercê-la.
Partiu do domínio do latim, da literatura latina e da língua
portuguesa e literatura, para um aprofundamento maior, para a
atualização dos estudos lingüísticos;
foi uma bela caminhada. Em pouco tempo a sua biblioteca se multiplicava
no setor. Os livros mais recentes, da Europa ou dos Estados Unidos,
se enfileiravam nas suas estantes. E em pouco tempo eram lidos,
relidos, anotados, não apenas como complementação
de cultura, mas para que as afirmações, as idéias,
as sugestões, as buscas, as conclusões, se integrassem
nas suas cogitações iniciais. Lia, relia, analisava,
discutia (com os próprios livros) aceitava, recusava, criava.
Tudo para levar a seus alunos, sempre respeitados. Nunca compreendeu
professor simplesmente improvisador de aulas, como aliás
há tantos. As aulas eram produto de muito estudo, muita
meditação.
Ao encontrar alunos despreparados, em vez de acusar
o curso anterior, o Professor Lourenço entendia que no
Curso Superior, se bem motivado, bem orientado, um aluno normal
pode, como qualquer autodidata, refazer-se.
Como estimular
alunos de Curso Superior? Ele bem sabia: o primeiro estímulo
é o exemplo de seriedade e amor à cultura, o segundo
é o diálogo, a troca de idéias, a força
de boa argumentação, o terceiro é o amor
à disciplina e aos alunos que vão continuar as pegadas
do mestre.
Às vezes, uma palavra provoca todo um processo
de ação Vamos lembrar uma das situações
vividas pelo Professor Lourenço, que, embora sendo uma,
e foram muitas, é sugestiva.
Um Secretário de Educação
do Estado encontrou-se socialmente com o Professor Lourenço
e lhe afirmou: "Professor, fui examinado pelo senhor no Vestibular
de Direito, o senhor me aprovou e elogiou minha performance, mas
disse que queria chamar a atenção para um fato:
eu devia estudar um pouco mais os verbos irregulares; se me dava
uma orientação, era porque me considerava inteligente.
Hoje, Professor, sou afiado nos verbos e passei a ser também
afiado na língua, para ler, para falar, para escrever."
E o Lourenço sentia-se feliz ao saber que,
de alguma forma, contribuía para que a nossa língua
fosse querida por mais um brasileiro ... e os casos se sucediam.
INSTITUTO DE HUMANIDADES
O Professor Lourenço, sempre interessado
em ver os professores, ex-alunos, continuando os estudos feitos
na Faculdade, não se contentava em apenas prepará-los
no Curso de Bacharelado. Não existiam, ainda, na Faculdade,
os Cursos de Pós-Graduação. A lacuna era
preenchida com exames de Venia Legendi, mas que se destinavam
mais especificamente aos pretendentes do magistério superior.
Com o interesse no desenvolvimento cultural e melhor
preparação para o exercício das funções
de professor de curso secundário e superior, idealizou
a criação de um Instituto de Estudos e Aperfeiçoamento,
no campo das letras. E assim fundou com os colegas da Faculdade
o Instituto de Humanidades Arduíno Bolivar, para o qual
foi eleito Presidente. Reproduzo aqui elementos que caracterizam
bem as altas intenções culturais e o espírito
prático da Instituição
Alguns artigos do regimento:
Art. 1° - O Instituto de Humanidades
Arduíno Bolivar, da Faculdade de Filosofia da Universidade
de Minas Gerais, agremiação fundada em 12
de outubro de 1955, tem por objetivo estudar as Humanidades
na sua expressão mediterrânea, isto é,
grega, latina e neolatina.
Art. 2º - O Instituto Arduíno
Bolivar é, pois, uma associação de
estudos, em cuja estrutura constam: a sociedade, uma diretoria
geral, três departamentos de estudo e um departamento
de divulgação.
Art. 8° - As sessões gerais,
sessões de assembléia, do Instituto, terão
periodicidade convenientes ao zelo da agremiação.
Destinam-se a comemorações e conferências,
bem como à recepção de trabalhos apresentados
pelos sócios ao respectivo departamento, quando julga
dos dignos de tal solene comunicação.
Art. 11 - O Instituto manterá
uma revista em que se publiquem trabalhos de seus associados;
cuidará também de manter intercâmbio
com institutos e publicações congêneres.
Art. 12 - O Instituto de Humanidades
Arduíno Bolivar é uma sociedade civil, de
finalidade estritamente cultural, preocupada só no
objetivo que aqui se determina: o estudo das Humanidades.
(...)
Belo Horizonte, 21 de outubro
de 1955. |
O TÍTULO
DE PROFESSOR EMÉRITO
O Professor Lourenço trabalhou,
durante mais de trinta anos na UFMG, numa dedicação
ímpar ao magistério. Aos sessenta e cinco anos de
idade, conforme decreto da época, requereu aposentadoria.
O decreto previa que, se a Congregação deliberasse,
a aposentadoria compulsória se faria aos setenta anos.
A Congregação se reuniu e votou pela continuidade
de suas atividades nas Letras. Mas, acontece que ficava reservado
o direito de o professor aceitar ou não a decisão.
O Professor Lourenço entendeu que aos sessenta e cinco
anos poderia prestar maiores serviços à cultura
e aos alunos escrevendo, registrando suas idéias (ricas
de sabedoria e criatividade, todos sentiam) e divulgando-as. Sobretudo
lhe interessava no momento, no campo da lingüística,
o aprofundamento das buscas n a área de estrutura de frase.
Agradeceu à Congregação, tão empenhada
na sua volta direta à Faculdade de Letras.
E então escrevia e escrevia, sempre na mesma
ansiedade de perfeição. E vamos ver agora quem vai
lançar-se àquelas inúmeras pastas para ordená-las
e levá-las à composição gráfica,
como aconteceu com Saussure, que ele tanto admirava, mas com quem,
de vez em quando, polemizava, através dos livros, conforme
seu feitio intelectual. O Professor Lourenço recomendava
a seus assistentes na Cadeira de Linguistica: "Vocês
dêem a lingüística ortodoxa porque assim eu
posso dar a lingüística heterodoxa."
Em seu livro Conceitos de Linguistica Fabular,
já se encontram idéias originais, pioneiras na época;
talvez os lingüistas de hoje, mesmo estrangeiros, tenham
chegado a conclusões idênticas. A heterodoxia vai
tornando-se ortodoxia, com o tempo.
Ao completar setenta anos, a Congregação
da Faculdade de Letras o surpreende com a proposta aprovada do
título de Professor Emérito da UFMG.
(...)
VISITAS DE PROFESSORES
O Professor Lourenço recebia
sempre em sua residência professores estrangeiros que vinham
participar, em conferências e debates, das atividades da
Faculdade de Filosofia da UFMG, sobretudo no setor das Letras.
Participava dos programas culturais e mesmo turísticos,
que eram organizados para os Mestres. Vamos lembrar, de início,
a visita do Professor Marouzeau, da Sorbonne, latinista conhecido
em todo o mundo civilizado, pelas suas obras e atividades culturais,
seus livros, seu magistério, membro da Légion
d'Honneur. Passou ele três dias em Belo Horizonte.
Nos intervalos das palestras, um almoço num restaurante,
um jantar em outro e a troca de idéias constantes. Marouzeau
a querer saber coisas de cultura no Brasil e Lourenço a
querer inteirar-se das inovações no campo do latim.
E eram horas seguidas de conversação. O que admirava
era verificar que um professor de Minas Gerais estava absolutamente
por dentro, com a maior segurança, dos autores, dos livros,
das idéias, das convergências e divergências
entre intelectuais franceses, sobre os mínimos pormenores
do pensamento intelectual, de qualquer época a que se referisse.
Sentia-se o prazer de Marouzeau de verificar que um professor
brasileiro tinha, dentro da cabeça e do coração,
a Europa, e, especialmente, a França.
Houve em casa de Lourenço um jantar seguido
de recepção. Participou do jantar e da recepção
o nosso grande Ernesto Faria. Que elegância intelectual
e social naquele jantar; pena não ter sido filmado ou gravado.
O espirito francês, de que nos pretendíamos herdeiros,
ali estava presente. Ao champagne, com elegância. Marouzeau
levanta-se, ergue a taça e saúda a dona da casa,
a Senhora Lourenço. Será que palavras gentis em
francês são mais gentis que em português?
Na recepção, era bom ver Lourenço
feliz naquele entrosamento de grandes colegas.
Nas trocas de impressões, Marouzeau se mostrou
surpreendido com a maneira natural, simples, espontânea
com que os professores tratavam os alunos e como eram tratados.
Na França: Mademoiselle e o sobrenome, no Brasil:
Amelinha, Helena, Rosita, Teresinha ...
Presente na recepção um grupo de
alunas, o Professor Marouzeau, de setenta anos, saudou-as gentilmente:
"Je desirais être professeur de ces belles jeunes filles."
Alguém brincou: "En France ou au Brésil? E
ele, rápido: "Au Brésil, naturellement ...
E, no final, com aquelas maneiras gentis, o Professor
Marouzeau agradecia as atenções do colega e amigo
que lhe proporcionara horas e dias tão agradáveis.
Na visita ao Palácio, entre a comitiva que
o recebia, um ex-aluno de Lourenço falava o francês
fluentemente, e, uma coincidência, o oficial era genro de
Bernanos. O que valeu, posteriormente, uma troca de idéias
sobre Bernanos, o escritor tão apreciado entre nós.
As visitas de professores estrangeiros se sucediam,
para as conferências na Faculdade de Filosofia, e sempre
havia, em casa de Lourenço, um encontro, antes ou depois
do programa oficial. Entre amigos e intelectuais, era um prazer
aquela troca informal de idéias, fosse no humor, fosse
na erudição envolvente, fosse nas críticas
e observações, o clima elevado que se mantinha,
ficava muito bem na casa de Lourenço, aquele homem que
amava e valorizava a cultura. Vamos lembrar alguns desses momentos:
a visita de Valbuena Prat e Tierno Galvan, o primeiro, autor da
notável História da Literatura Espanhola; o
segundo, o sociólogo afamado, depois Alcalde de Madrid.
Na véspera das palestras, que ambos fariam na Faculdade:
um sobre Literatura Espanhola; outro, sobre Ideologia e Utopia.
Como iriam falar em Espanhol, estavam interessados em saber a
capacidade, a sensibilidade, a compreensão da língua,
dos ouvintes que os esperavam. Apenas foi-lhe feita uma sugestão:
falassem um pouco mais devagar do que estavam falando naquele
ambiente de sala de visitas, entre professores mais exercitados
no ouvir e entender línguas. Os alunos, não apenas
os de Língua e Literatura Espanhola, estariam presentes.
Durante essa visita em casa de Lourenço,
deu-se um fato curioso. Começou-se a falar do D. Juan,
o de Zorilla, e o de Tirso de Molina; e o interessante é
que os dois professores tinham preferências diferentes:
um valorizava mais Zorilla; outro, Tirso de Molina. E, com isso,
assistimos todos a uma belíssima polêmica, só
possível em Literatura, em que as belezas, os valores,
os fatos, as idéias podem ter interpretações
do quilate de nobres mestres. Onde se pode sentir que consumir
Literatura é uma forma de produzir. Esse ambiente, na casa,
fazia feliz o Lourenço e também a esposa, os filhos,
os amigos. O alto nível cultural dos professores da Universidade
de Madrid foi depois confirmado nas excelentes palestras programadas
para a Faculdade.
As visitas de professores europeus, especialmente
espanhóis, se deviam ao Professor José Carlos Lisboa,
cunhado de Lourenço, Catedrático de Língua
e Literatura Espanhola, na UFRJ e na UFMG. Nessa época,
a biblioteca da família Oliveira era atualizada rapidamente
com os livros lançados no Rio de Janeiro e com as novidades
chegadas do Exterior. O Professor José Carlos se encarregava
do intercâmbio mais rápido. E, assim, continuava
em casa o ambiente de cultura.
As visitas se sucediam.
Mário de Andrade estava em Belo Horizonte,
e Henriqueta Lisboa o convidou para almoçar na casa da
irmã Alaíde e do cunhado Lourenço. E também
foi convidada Dona Helena Antipoff.
Aquele almoço se iniciou ao meio-dia e meia
e se prolongou, na troca de idéias, até dezessete
horas. Um almoço memorável.
Quem conheceu bem Mário, Dona Helena, Henriqueta,
Lourenço e Alaíde pode imaginar o clima de beleza,
de harmonia, vividos ali naquela casa da Rua Timbiras.
Ao se despedir, às dezessete horas, Dona
Helena disse a Alaíde: "Passei horas em que me senti
muito feliz, muito feliz mesmo, e me pergunto se tenho direito
de ter a minha felicidade pessoal por tantas horas, horas que
poderia empregar nas soluções de problemas daqueles
que precisam de minha assistência, para a busca de ser feliz."
Curto tempo depois daquele almoço, Mário
de Andrade morria em São Paulo. Dona Helena, comovida,
escreveu lembrando o almoço na casa de Lourenço
e falava naquele gigante, associando o tamanho físico de
Mário ao intelectual e afetivo.
Voltou ao Lourenço a lembrança de
Mário de Andrade, quando, em 1924, numa visita a São
João del-Rei, uma Caravana Modernista deixou no hotel o
seguinte registro:
D. Olivia Guedes Penteado, solt., photographer,
anglaise, London. D. Tarsila do Amaral, solt., dentista,
americana, Chicago. Dr René Thiollier, casado, pianista,
russo, Rio. Blaise Cendrars, solteiro; violinista, allemand,
Berlin. MÁRIO DE ANDRADE, SOLTEIRO, NEGRO. FAZENDEIRO,
BAHIA. Oswald de Andrade Filho, solt., escrittore, suíço,
Berne. Oswald de Andrade, viúvo, escolar, holandês,
Rotterdan.
Já admirava Mário de Andrade pela
personalidade, pela originalidade, pela capacidade literária,
de pensamento e expressão. Lourenço não havia
ainda feito vinte anos e aquele extravagante registro de hotel
como que marcava um outro encontro com o Modernismo. E, como ele
mesmo dizia, ficou sendo Professor de Gramática e Modernista:
"Professor nas aulas, assistido por Eduardo Carlos Pereira,
Carlos Góis, Maximiano Maciel, João Ribeiro ...
Modernista no quarto, invocando Mário de Andrade, Graça
Aranha, Ronald de Carvalho, Guilherme de Almeida, Alcântara
Machado, Manuel Bandeira..."
Com o tempo, o latinista foi tomando raízes
e o professor de gramática, de língua, irrompeu,
ganhando a batalha.
O professor, pregando o vernáculo, ensinava
o correto. Verberava o saber, teorizava a Estilística.
Mas o Autor de Macunaíma, chegando perto lhe dizia: "Veja
o que é a Língua Brasileira." E o Professor
dizia: "Falamos brasileiro, mas devemos escrever português."
Mais alguns nomes ilustres de professores estrangeiros
e brasileiros que visitaram a casa de Lourenço: Professor
Entrambasaguas y Pena, o filósofo jesuíta, Professor
Leon Bourdon, Professor Henri Piéron, Professor Manuel
de Paiva Boléo, Professor Rodrigues Lapa, Professor Victorino
Nemésio; Professor Mattoso Câmara; Professor Serafim
da Silva Neto; Professor Celso Cunha, Professor Sílvio
Elia...
(In: Oliveira, Alaíde Lisboa de.
José Lourenço de Oliveira – Educador.
Belo Horizonte: Cuatiara, 1996, p. 59-69; p. 112-6] |
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