Florão dos mocambos
Negra, formosa flor dos meus mocambos,
Rosa do sofrimento das senzalas,
Ébano de mil sonhos cor de jambos,
Em cuja face o próprio amor exalas.
Por teu corpo queimado, por tuas falas
Não há quem se não ponha de olhos bambos;
Reis, por ti, tornaram-se molambos
Deuses, por teu olhar, rolam nas valas.
Monja tostada, de alma hospitaleira.
Enquanto escrava, foste mãe; enquanto
mãe, foste, dentre tantas, a primeira,
- 0h, langor africano, que acalanto! –
A ser berço da gente brasileira...
Que, p’ra vê-la feliz, sofreste tanto.
(As gestas Líricas da negritude, 1967, p. 39)