Entrevista com Tony Tcheka[1]

Eliseu Banori[i]

Eliseu Banori: Como você vê a literatura guineense hoje em dia?

Tony Tcheka: Não obstante a falta de apoios e de incentivos, face o volume e a qualidade da produção literária e o aparecimento de uma nova geração com alguns autores de valor, hoje, prevemos um futuro promissor. Desde a façanha do precursor da literatura escrita guineense nos finais dos anos 1800 e 1900, Marcelino Marques de Barros que foi à oralidade familiarizar-se com contos, histórias, e cantigas da tradição oral e desenvolvendo um aturado trabalho de recolha, escrita e divulgação em língua portuguesa, muitos ciclos foram acontecendo com o protagonismo de outros autores em épocas tanto em estilo como em diferente géneros. Destaca-se  em um período, anos 40 e 50, uma produção interessante onde se destacavam nomes como Fausto Duarte, autor do romance Auá, Fernanda de Castro, Juvenal Cabral, Fernando Pais de Figueiredo, a anti-fascista Maria Archer, o jurista Artur Augusto Silva. Não obstante as origens de cada um, o objeto da abordagem era a Guiné e a mentalidade da época pesava… Bem mais tarde, já na década de sessenta surgiram outros jovens poetas e contistas, destacando-se Atanásio Miranda, Carlos Semedo, autor do livro Poemas (1963), Joaquim Moreira (Quim dinha Rosa) Pascoal D´Artagnan, também conhecidos em certos meios por rapaziada de Bissau,  o advogado Armando Pereira entre outros que ousaram desafiar o status quo, aproveitando as páginas dos jornais Bolamanese (Bolama), Arauto (Bissau) e a revista Poilão (1973), a grande referência editorial com o patrocínio do Banco Nacional Ultramarino.

EB: O que seria Noites de Insônia na Terra Adormecida nas suas palavras?

TT: Este livro resulta de uma enorme desilusão ao ver uma terra cada vez mais destroçada e tudo por construir. Mesmo o elementar como a saúde e a escola. O que se ensaiou nos primeiros anos dos seis anos de independência foi-se esvaindo em nada. O livro é a dor pelos projectos esquecidos, as traições ao pensamento de Amílcar Cabral, Domingos Ramos, Titina Silá, Canha Na Tunguê, Pansau Na Isna, toda uma geração que se privou de tudo para lutar contra a injustiça social e considerou pedra basilar do combate, a nossa identidade, a nossa cultura como ademais definiu o líder do movimento de Libertação nacional, Cabral: “a luta pela emancipação e independência é um acto de cultura”. Sucederam-se assaltos ao poder, golpes de estado, assassinatos, prisões, corrupção, nepotismo, compadrio e o desprezo pelo conhecimento e o saber deu-se início a um longo período de saque, desgoverno, que dura até aos dias de hoje, agravado pela incompetência.

EB: Querido Tony Tcheka, constatamos no livro Noites de Insônia na Terra Adormecida a palavra “amanhã”, repetida dezesseis vezes. O que esse amanhã representa para autor e o seu povo – que insistentemente o poeta insere ao longo do livro em questão. Concorda comigo que esse amanhã “morre-se aos pedaços? ” Como diz um dos versos (do livro).

TT: A nossa geração e aos vindouros foi prometida um amanhã diferente, de paz, de harmonia, de unidade e de construção do desenvolvimento. O povo, foi mobilizado com esta bandeira. Eram palavras-promessas que colhiam bem no fundo e no sentir do homem e da mulher guineense. Dizia-se, vamos sacrificar hoje para termos sossego e oportunidades para todos sem diferenças sociais e culturais. Falava-se de eletricidade, de escolas, hospitais, fabricas, estradas para escoar os produtos. Um amanha de respeito pelo valor do homem, da mulher, dos jovens e das crianças. Rui tudo…Todos acabamos por morrer aos poucos vítimas de incumprimento por parte daqueles que assaltaram o poder e esqueceram-se que havia um amanhã a ser construído hoje – esse hoje já passado e o futuro comprometido. A minoria da população vive abaixo do limiar da pobreza, sem esperança de alguma melhoria, enquanto há uns quantos sobre endinheirados, desligados da realidade sociocultural do país, e exibindo bens e riquezas incomensuráveis, cuja a proveniência se desconhece. Essa gente serve-se do país ao invés de o servir com zelo, competência e honestidade. É o primado do deixa andar do assalto à coisa pública e da aliança com malfeitores, daí o narcotráfico entre outras endemias sociais que asfixiam o país.

EB: A palavra "Geba", assim como a palavra "amanhã", como vimos antes, é repetida diversas vezes no livro Noites de Insônia na Terra Adormecida. Comente um pouco essa repetição - que acho eu necessária do rio geba na obra.

TT: Geba por mil razões. É o nome dado à terra-berço da nossa língua nacional, o kriol. É rio que banha toda a Guiné, que a serpenteia ponta a ponta, unindo-a. Não separa, une. Deixa-se navegar. É um rio amigo recheada de mangais o principal alimento da fauna marítima. Aparentemente o Geba é um rio manso de águas barrentas, mas serenas. Lá no fundo, as suas correntes são fortes e imbatíveis. Mas é esse mesmo rio que, na sua viagem pelo interior, ganha outros nomes e a uma dada altura perde a mansidão e tranquilidade para se elevar numa enorme parede de água produzindo um barulho ensurdecedor que entre nós se dá pelo nome de macaréu ou macaré. Geba é uma referência um exemplo de bem servir a Guiné.

Ele só pede em troca bom tratamento, respeito e desassoreamento de quando em vez, coisas que não têm sido feito. Veja-se o aspecto nauseabundo e miserável do cais de Pindjiguiti, uma referência da nossa história moderna, votada também ao abandono. Até os navios ali enterrados foram morrendo aos pedaços. É triste e doloroso o que nos acontece.

EB: Os seus poemas, a maioria, nos revela a grande preocupação com os problemas sociais guineenses. Essa preocupação é ainda o motivo de sua falta de sono?

TT: O que venho dizendo responde por inteiro a essa questão. Naturalmente que vivo preocupado com a situação. Tira-me o sono. Não posso aceitar certos comportamentos da classe política. Evidentemente que nesta classe há gente boa com capacidade para alavancar a economia e desenvolver a terra. Só que não deixam conduzir os destinos da terra. Há um grupinho os sanguessugas do poder, infiltrados no poder ou gravitando à sua volta, que não os deixam governar. Boicotam tudo. Só querem estar e ser poder. E se não estão fazem o que sabem melhor: desestabilizam, lideram campanhas de maldizer, mentiras, desinformação… São peritos em propaganda gratuita e sem fundamento, sem verdade. Odeiam a verdade e acham cada cidadão tem um preço e assim enveredam pela via da compra de consciências. Com a pobreza e o desespero espraiando-se pelo país todo, uma responsabilidade deles grupinhos, revela-se terreno favorável para as suas maquiavelices. Isto tudo provoca dores, Insônia e muita revolta no interior de nós mesmos.

EB: Há uma enorme distância do tempo entre a publicação Noites de Insônia na Terra Adormecida (1996) e Guiné Sabura que dói (2008). O que tens a dizer sobre essa distância?

TT: Quer dizer que não há apoios às letras e às artes. Cada um faz o que pode. Não há uma política de apoio à cultura. Não há verbas consagradas ao incremento de atividades culturais. Hoje há duas editoras privadas sem qualquer apoio do Estado. Faz-se o que se pode. Veja os pintores a grande qualidade que apresentam… os músicos fazem autêntico milagre sem apoios.

Não há condições para e viver da escrita… Temos de trabalhar duramente noutras área, para garantir o pão de cada dia. Todos temos família e responsabilidades diárias com ela. Nas horas de ócio, roubamos algum tempo à família, vencemos o cansaço físico e espiritual para escrever. E depois editar é outra luta desigual e quase impossível. O grosso da escrita também morre nas gavetas esquecidas.

EB: Moema Parente Augel, a grande estudiosa da literatura guineense e a autora do prefácio do seu primeiro livro de poesia Noites de Insônia na Terra Adormecida (1996), afirma em Desafio do escombro: nação, identidades e pós-colonialismo na literatura de Guiné-Bissau (2007), que “a crítica literária tem o poder de consagrar ou proscrever um escritor”... Segundo constatei no livro da autora citada, em 1979, após dois anos de publicação de Mantenhas para quem luta, Mário de Andrade, angolano, considerado como um amante da literatura guineense, no seu segundo volume de Antologia Temática de Poesia Africana, incluiu apenas dois poetas guineenses: Agnello Regalla e José Carlos Schwarz. Manuel Ferreira, também, considerado um dos grandes estudiosos da literatura africana de língua portuguesa, autor da Antologia Panorâmica da Poesia Africana de Expressão Portuguesa, uma antologia de três volumes, cujo título é: No reino de Calibam, em que somam um total de cento e trinta e oito poetas participantes. Ferreira só convidou um único poeta guineense: António Baticã Ferreira. É autor da conhecida frase: “Um Espaço vazio para literatura guineense” (AUGEL, 2007, p.96). Convido-te a falar um pouco do silenciamento e ausência da literatura guineense e da postura desses dois intelectuais referidos em relação a divulgação da literatura guineense.

TT: O silêncio e o desconhecimento da realidade cultural e nomeadamente literária ficou a dever-se à realidade do regime político que vigorava. Ao contrário de outras colônias sob o domínio colonial português, como são os casos de Angola e Cabo Verde, por exemplo, na Guiné-Bissau, não houve movimentos literários e nem uma história de jornalismo guineense, cujo gérmen está intimamente ligado à Luta de Libertação Nacional. Outro ponto a reter é que como entreposto como era considerado e tratado, só veio a conhecer uma escola com nome de Liceu nos finais de década de 50 e só comportava o 1º ciclo e muito restritiva enquanto em Cabo Verde o liceu Gil Eanes data de 1860. Convém notar que o Estatuto de Indigenato que impunha duras restrições aos nativos, de circulação incluindo o acesso à escola, vigorou até ao início da década de 60. Já que falou das Observações de Moema Augel, uma conhecedora profunda da realidade guineense, ela registou que “até ao final sessenta (século XX) o número de alunos não ultrapassava os três por cento da população, notando-se ainda assim, uma maioria de filhos dos chamados metropolitanos.

Logo de início desta entrevista fiz um historial do percurso literário na nossa terra. Diz a verdade que Mário de Andrade, foi quem nos sensibilizou e criou a possibilidade para que o livro Mantenhas para Quem Luta fosse editado em Bissau (1979), sendo primeiro publicado na era pós independência que Andrade e outros escreveram foi um olhar à distância, um olhar de fora de quem na altura devido a ausência de estudos e de informação, limitava-se “ao espaço vazio” como qualificou Manuel Ferreira. Mario de Andrade, na altura cita dois autores, o Regalla que já nos anos de 70, cujas obras tinham sido divulgadas pela conceituada revista Afrique Asie e o Zé Carlos porque cedo se destacou na poesia em kriol, português, francês e na música com enorme sucesso. Os demais autores foram sendo conhecidos aos poucos e a explosão só acontece nos anos 90. Daí a surpresa de Mario de Andrade quando já vivendo em Bissau, a convite do Presidente Luiz Cabral, e coordenando o Conselho Nacional de Cultura, descobriu o trabalho daqueles que ele viria de batizar de “Meninos da Hora de Pindjiguiti”.

EB: Você já pensou em escrever ficção?

TT: Não só pensei como tenho trabalhos nesse género, embora nunca os tivesse publicado em livro. Olhe neste momento tenho dois livros com contos friccionados pronto a editar. Um leva o título Quando Cravos Vermelhos Cruzaram o Geba e outro, Bissau-Velho e sonhos capturados. Entretanto já terminei mais um de poesia.

EB: Quando o poeta começou a escrever? Como você vê o papel da Literatura na Guiné-Bissau?

TT: Os meus primeiros versos datam de um período entre a minha infância e adolescência. Os primeiros passos, dei-os escrevendo versos à minha Mãe e depois às namoradas. Tudo em segredo absoluto das gavetas de conivência fácil. Mais tarde, veio o tempo das dúvidas, da rebeldia, da observação atenta do meio, das pessoas e os conteúdos foram mudando dando alimento à caneta e ao papel… A literatura como em todas sociedades é uma ferramenta do saber e do conhecimento. Ela, sob a forma de livros fornece-nos meios para viajarmos e conhecer outras realidades e a própria história, sentados num banco, deitados em casa, no campo na praia, a caminho da escola ou do trabalho… Viajamos e ficamos a conhecer… Isso enriquece-nos. Faz-nos crescer e encurta distancias. Na guiné devia-se investir mais na cultura e levar o livro e os escritores à escola.

Em termos de criadores estamos no bom caminho. Há uma nova geração exibindo pergaminhos prometedores. Acredito nela.

EB: Desta vez o poeta volta a morar em Lisboa, depois de muitos anos ausentes da Terra dos colonos. “Já não caibo nesta concha”, revela um dos versos do poema “ Sonho emigrante”, do livro Noites de Insônia na terra Adormecida. O poeta ainda se sente estranho num país que já viveu há anos?

TT: Estou aqui temporariamente. Tinha terminado um contrato com a União Europeia, quando recebi apoio para escrever. Não deixei a minha terra. Estou aqui a fazer uma pausa escrevendo. Neste hiato, tive tempo e sossego para escrever dois livros de ficção e um terceiro de poesia, como já referi. Conto regressar brevemente. A minha ligação à terra é bem forte e desde a independência, só tinha saído uma vez, por um período curto mas sempre em trabalhos de consultoria que a isso me obrigava.

EB: No livro Noites de Insônia na terra Adormecida, há dois poemas em homenagem ao José Carlos Schwarz “Morte de Poeta” e “Zé meu poeta”. Conte-nos pouco da sua relação com o poeta – que muito cedo “Negou a vida”.

TT: Era um amigo, um irmão, um camarada com que me identificava em muitas coisas da vida. Solidário e fraterno com sentido crítico apurado. No dealbar da independência passávamos muitas horas na redação do jornal Nô Pintcha, à noite, trocando ideias e analisando o rumo do país. Lucido e corajoso era perfeccionista em tudo o que fazia. Era um estudioso, um jovem bem informado, mas que queria saber sempre mais. Para ele não havia verdades únicas, daí uma certa rebeldia que moldava a sua maneira de ser e estar. Era também pessoa de grandes e francas gargalhadas. Gostava de viver. A sua morte prematura foi uma grande perda para o país. Foi-me difícil aceitar o seu fim de forma tão trágica e com tanto que ele tinha para dar. Era o mais completo de nós. Doeu e escrevi o que me ia na alma.

EB: É grande verdade que Tony Tcheka é um dos poucos escritores a participar em todas as antologias poéticas publicadas na Guiné-Bissau. Percebemos que, desde a primeira participação na antologia mantenhas para quem Luta, a maioria dos seus versos mostram os sofrimentos, desespero e desassossego das crianças do seu chão. Você pode nos explicar por que cita as crianças repetidas vezes nos seus versos?

TT: Não me limito a citar a minha fonte inspiradora, a Guiné-Bissau, entro nela, estou com ela, ela palpita dentro de mim. E os temas que mais me interpelam e que me são gratos são a criança e a mulher. São aquelas que mais sofrem com os desmandos dos senhores da terra. Veja a situação da mulher, continua duplamente castigada, pela sociedade e pelo homem. É uma realidade que entra pelos olhos. Mas são elas que mais têm lutado pela coesão familiar trabalhando arduamente em casa e no trabalho. Inventam o que fazer para salvar a família, incluindo os homens… Os índices elevados da mortalidade materno-infantil são incomodativos, a taxa do insucesso escolar… crianças talibés, meninos de kriason… como não escrever sobre essas tragédias que nos perseguem, 45 anos depois da proclamação da independência?

EB: Para terminar, gostaríamos de saber de onde vem a sua inspiração. E, quais são seus autores preferidos? Que conselhos você daria para as novas gerações que buscam se afirmar no mundo literário?

TT: É a vida que me inspira. O dia-a-dia, as pessoas, tudo o que é vida. O que me rodeia o que encanta ou desencanta. Mas sinceramente quando escrevo penso no meu principal destinatário o (a) guineense e os amigos da guiné, aqueles que a amam como se fossem filhos ali nascidos. Ao fim de muitos anos de leitura e de descobertas vai ficando difícil enumerar aqueles que nos influenciaram. Agora, devo confesso que o primeiro livro que mexeu comigo e fez soar uma espécie de campainha de alerta foi a Geografia da fome, do brasileiro Josué de Castro. Aos jovens e não só, sugiro que leiam, que leiam muito e cada vez mais. Que ninguém se deixe enganar, porque quem não lê, não pode escrever. Façam o favor de ler. O gosto pela escrita nasce na leitura.

NOTAS

1 Originalmente publicada como anexo na dissertação de mestrado do entrevistador intitulada Pequena longa viagem da literatura guineense, defendida em 2019, no mestrado em Letras da UFRJ, sob orientação da Professora Dra. Maria Teresa Salgado Guimarães e coorientação da Professora Dra. Moema Parente Augel.


[i] Eliseu José Pereira Ié (Eliseu Banori) é mestre em Letras pela UFRJ. Pós-Graduado - Lato senso Especialização em Literaturas Africanas e Portuguesa pela UFRJ 2015/2016; graduado em Letras: Português-Literaturas pela UFRJ-2009/2014; Foi homenageado como Escritor do Ano na Guiné-Bissau (2021); Membro e poeta honorário do Instituto Internacional Cultura em Movimento (2021); É poeta e escritor com dez livros já publicados: Em busca do espaço Verde (Poesia), Ed. Magnífica-2011; O vento Ainda Sopra, Ed. Multifoco-2012; Memórias fascinantes: relatos que traduzem o silêncio (sociologia), Ed. Multifoco-2014; As Almas em Agonia (romance), Ed. Pod, 2015; Cantar do Galo (contos), Gramma Ed. 2017; O Rei Imbatível: Caminhos Árduos do Juju ( Biografia do músico Justino Gomes Delgado), Ed Autografia, 2019; A História que a minha mãe não me contou e outras histórias da Guiné-Bissau (contos infanto-juvenil), Ed Nandyala, 2020; Papa Negado: Uma fonte de inspiração ( biografia de Ector Diógenes Cassamá), Editora Autografia, 2022; Djarama - (contos infanto-juvenil) , Editora Globo, 2022; Nada é para sempre (contos juvenis), Editora Revista África e Africanidades, 2022. Cantar do Galo - contos ( segunda edição) pela Editora e Revista África e Africanidades. Em andamento o processo de publicação das obras literárias: Numa Manhã de Junho (romance), Memórias de guerra civil de 1998 na Guiné-Bissau, A história do rei mágico (infatojuvenil), Hoje é amanhã (infatojuvenil)., pela editora Pallas. Atualmente, é membro efetivo do PEN da Guiné-Bissau.

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