Mestre Didi: entre o mito e a palavra falada

Giovanna Soalheiro Pinheiro*

“Antigamente, os orixás eram homens. Homens que se tornaram orixás por causa de seus poderes. Homens que se tornaram orixás por causa de sua sabedoria.

Eles eram respeitados por causa de sua força, Eles eram venerados por causa de suas virtudes. Nós adoramos sua memória e os altos feitos que realizaram.

Foi assim que estes homens tornaram-se orixás. (...)

 (...) Em cada vila, um culto se estabeleceu

Sobre a lembrança de um ancestral de prestígio E lendas foram transmitidas de geração em geração para render-lhes homenagem”.

Lendas Africanas dos Orixás

Pierre Verger

A tradição da palavra falada e a memória cultural

Deoscóredes Maximiliano dos Santos ─ Mestre Didi ─ é um esplêndido artista da palavra e singular escultor. Sua obra pode ser vista como símbolo de um universo repleto de magia e riqueza ancestral em que se revela ‘o saber do povo’: “a tradição mais nobre e bela da Literatura Brasileira”, conforme atesta o escritor baiano Jorge Amado. Nota-se, em seu processo de composição, uma percepção simbólica da vida e dos hábitos sócio-culturais africanos, no qual o próprio artista aqui mencionado é um dos maiores emissários. Segundo Juana Elbein dos Santos, antropóloga e esposa de Didi, na obra do “autor” não há dicotomia entre as artes, uma vez que estas são miscelâneas entre as várias maneiras de perceber a cultura afro-brasileira. A mitologia dos orixás, a religiosidade, a literatura oral e os símbolos estão, todos, na base da estrutura artística, sendo possível notar que, em grande medida, uma está contida na outra.

Didi, nascido e criado na Bahia, é um dos maiores expoentes das tradições negras em nosso país. É nítida a estética vinculada às suas heranças, com ervas medicinais, búzios, contas e outros elementos sagrados formando um mundo densamente mágico e poético. O autor é na verdade um “sacerdote-artista”, senhor reinante na terra, cultor das fontes imemoriais e guardião dos mistérios inerentes à ancestralidade do seu povo. Nos dizeres de Jorge Amado, prefaciador dos livros Contos negros da Bahia e contos de Nagô, Didi é depositário

não apenas dos segredos das ervas sagradas, de cada planta brasileira, não apenas dos segredos mais profundos da linha de Ifá (e será possivelmente ele hoje, no mundo das seitas afrobrasileiras, a mais alta autoridade nesse mágico mundo do Ifá), mas também das histórias e fábulas através das quais a massa negra, depois mulata, primeiro escrava e depois pobre, expressa sua vida, sua dor, sua luta, sua esperança. (Amado: 2003, 17).

O autor de Contos negros da Bahia e contos de Nagô é uma ponte – elo entre passado e presente –, propagador dos mitos e das lendas que permeiam animais, vegetais, deuses e seres humanos. É necessário ressaltar ainda a importância das belas esculturas construídas por Didi, que simbolizam além dos aspectos sagrados, um mundo densamente ligado ao seu continente de origem, assim como observado em seus contos.

Para compreendermos as narrativas “compostas” por Mestre Didi, é de essencial importância viajar à África e resgatar o fio condutor da oralidade e das tradições culturais e religiosas transmitidas pelos povos da “Diáspora Negra”. Didi não é autor, em sentido estrito do termo, das narrativas que serão aqui apresentadas, mas sim o sacerdote transmissor da memória cultural expressa através dos contos orais, dos mitos e, de certa maneira, das esculturas por ele produzidas. A genialidade da criação surge na medida em que o “autor” absorve, com dedicada seriedade, as suas fontes e raízes, trazidas da Mãe África. O autor pode ser considerado também um griot africano, narrador das histórias dos deuses e guardião da memória cultural e religiosa dos povos de origem africana.

Sabe-se que somente com os novos estudos sobre a cultura foi possível fazer o resgate das tradições de origem africana, sob o prisma da contemporaneidade, o que até meados do século XX era quase impraticável, tendo em vista a pretensa “supremacia” da civilização ocidental e de seus preceitos de uma arte superior. Tais estudos relativizaram as relações de dominação, fazendo (re-) surgir outras artes, igualmente majestosas, como, por exemplo, a própria tradição oral, tão presente no folclore brasileiro. Vejamos Câmara Cascudo, na sua obra Literatura oral no Brasil, no que diz respeito às narrativas orais dos povos africanos:

Toda África ainda mantém seus escritores verbais, oradores das crônicas antigas, cantores das glórias guerreiras e sociais, antigas e modernas, proclamadores das genealogias ilustres. São os akpalô kpatita, ologbo, griotes. Constituem castas, com regras, direitos deveres, interditos, privilégios. De geração em geração, mudando de lábios, persiste a voz evocadora, ressuscitando o que não deve morrer no esquecimento. (CASCUDO: 1984, 143).

Mestre Didi enquadra-se com maestria no modelo de narrador acima ilustrado por Cascudo, já que representa, ao mesmo tempo, a voz ancestral africana e as tradições afro-brasileiras, especialmente da Bahia. Os contos, além de pintarem o nascimento dos orixás e suas funções, falam sobre os acontecimentos humanos, sobre a moral e os princípios éticos que governam as comunidades. Um exemplo pertinente é o “Conto das três mulheres que se chamavam Paciência, Discórdia e Riqueza”. Neste há o relato sobre Orumilá, orixá que simboliza a sabedoria e os mistérios da adivinhação, e que teve, à sua porta, três mulheres: Paciência, Discórdia e Riqueza. Esses seres, na realidade personificações, pediram a Orumilá que escolhesse uma das três, tendo o orixá optado pela Paciência. Tal escolha foi o motivo para que as outras duas entrassem em confronto, sendo levadas, por alguns trabalhadores que assistiram à briga, ao chefe local. Orumilá foi chamado, já que tinha uma espantosa sapiência, para solucionar o conflito. A Riqueza e a Discórdia disseram que não poderiam viver sem a Paciência, justificando que precisariam ficar todas juntas e com o mesmo homem, até os últimos dias de suas vidas. O narrador no conto chega a seguinte conclusão: “Fica assim provado que, onde tem paciência, existe tudo necessário para viver”. (Mestre Didi: 2003, 87). O conto é apenas uma versão dos vários mitos em torno do orixá Orumilá, que instituiu o oráculo ou o Ifá. Tais narrativas, a exemplo da citada acima, ao mesmo tempo em que revelam como algo passou a ser e existir, mostram-se como fortes aliadas no método pedagógico, visto difundirem, sobretudo entre as crianças, os valores morais e éticos das comunidades.

A mitologia dos orixás e o espaço sagrado

“Um dia, em terras africanas dos povos iorubas, um mensageiro chamado Exu andava de aldeia em aldeia à procura de solução para terríveis problemas que na ocasião afligiam a todos, tanto homens como os orixás”. (Prandi: 2005, p.17). A mitologia africana, como é possível observar no excerto acima, é repleta de magia e encanto, assim como as narrativas míticas da cultura ocidental. O resgate desse maravilhoso universo é possível devido à consciência enraizada de Mestre Didi, que procurou compreender e propalar sua tradição, universal pela mensagem inerente aos povos e pela identificação entre os deuses das diferentes civilizações.

Compreender o mito é adentrar em um tempo misterioso e sagrado por excelência. É, sobretudo, sair do habitual e tentar captar a essência dos seres e das coisas. Conforme atesta Mircea Eliade, tal fenômeno “narra os acontecimentos que se sucederam in principio, ou seja, ‘no começo’, em um instante primordial e atemporal, num lapso de tempo sagrado. Esse tempo mítico ou sagrado é qualitativamente diferente do tempo profano, da contínua e irreversível duração na qual está inserida nossa existência cotidiana dessacralizada. Ao narrar um mito reatualizamos de certa forma o tempo sagrado no qual se sucederam os acontecimentos de que falamos”. (Eliade, 1991, p.53).

Ainda segundo Eliade, ao ouvirmos um mito saímos de nossa condição profana, para mergulhar no sagrado. Dá-se o abandono da “situação histórica” e o esquecimento das angústias que atormentam a humanidade, por isso a precisão do mito, que é verdadeiro porque é sagrado. Nesse sentido é possível notar, nas narrativas afrobrasileiras, a ilustração dos episódios primordiais inerentes à memória cultural da ancestralidade. Narrar os mitos dessa tradição é resgatar valores humano-sociais e propalar as heranças e crenças religiosas dessas civilizações. De certa maneira, o mito, para os povos afro-brasileiros, é um “remédio momentâneo” para as dores enraizadas na memória coletiva, desde os navios negreiros à sociedade contemporânea. A arte literária, seja ela oral ou escrita, transcende à existência humana e cria uma outra realidade: a de construir mundos plenamente vivíveis. Vejamos um excerto do conto “Ossain”, que retrata o universo mítico do mundo dos orixás e suas representações nas religiões de origem africana:

Havia na Bahia, em uma certa época, um casal que tinha três filhos. Um deles chamava-se Ossain. Desde pequeno era devotado às matas e só vivia dentro delas; era muito querido por todos que o conheciam.

Com a idade de dez anos já era médico de todos os moradores da cidade e de toda a redondeza onde ele morava com sua mãezinha e seus irmãos, faltando o pai, que ele não tinha conhecido.

A sua mãe lhe gostava um pouco, porém simpatizava mais com os outros irmãos, que também lhe invejavam muito e não lhe tinham muita simpatia. Ossain reconhecia tudo o que faziam com ele em casa, porém não ligava, pois tudo o que faltava a ele em casa encontrada no mato, na rua, a chamado de alguma família, finalmente em qualquer que fosse o lugar que ele estivesse.

Os anos passaram. Sua mãe já estava bem velhinha e seus irmãos também já estavam com a idade bem avançada; só Ossain contava com dezoito anos de idade.

Um dia, sem ninguém esperar, Ossain pegou um apo oké (saco grande), juntou todos os seus adôs kekerê (cabaças pequenas) com seus ixés (trabalhos), suas roupas e todos os seus de mais ingredientes; depois de tudo arrumadinho, despediu-se de sua mãe, seus irmãos e todos, saindo pelo mundo afora. (Mestre Didi: 2003, 71).

O excerto acima nos mostra uma fonte povoada pelos aspectos do mundo sagrado e do substrato mítico-religioso afro-brasileiro. Na mitologia dos orixás, Ossain é aquele que tem o poder da cura e o conhecimento das ervas sagradas, sendo que a sua função essencial é andar pelo mundo, libertando-nos dos males e doenças que assolam o planeta. O conto acima expõe um mito cosmogônico, pois pinta um acontecimento mágico primordial: o nascimento de Ossain, cultor das ervas e das religiões de origem africana no Brasil. As narrativas presentes na obra de Mestre Didi, em sua grande maioria, estão impregnadas pelo imaginário mágico-religioso das tradições as quais nos referimos. Xangô, Exu, Yemanjá, Ogum, Ibeji, Oxalá, Oxumaré, em meio a muitos outros, são os orixás mais retratados na obra do “autor”. São variantes de mitos, recriados por varias gerações e repassadas com admirável sabedoria ao povo.

Outro exemplo é o conto “Orixá Ibeji, Cosme e Damião”, no qual há a comparecimento do sincretismo religioso e, além disso, presença da própria tradição oral ecoada pela voz de Caetana, uma senhora de “idade bastante avançada”, filha de africanos. A personagem e, também o narrador, configuram um painel exuberante da cultura da África ancestral e sua difusão nos territórios brasileiros, sobretudo no baiano. Mestre Didi, narrador desse conto, após terminar a leitura do livro Os velhos marinheiros, de Jorge Amado e sair para o trabalho, recorda-se que é dia 27, portanto data de comemoração de São Cosme e Damião. Juntamente com esta recordação, lembra-se de um acontecimento da sua infância ocorrido há vinte e oito anos. Afloram na memória as lembranças do ribeirão da infância e, com ela, o resgate de uma das mais belas formas de tradição ancestral, a oralidade, síntese de toda a obra do autor aqui estudado. Didi recorda-se de uma noite, na cidade de São Gonçalo do Retiro, na roça do Opô Afonjá, quando já haviam começado as festas da Água de Oxalá. Ele, juntamente com outras crianças, estava em uma brincadeira, mas teve que voltar à casa grande, visto já ser muito tarde. Os meninos ficaram magoados, pois queriam continuar a brincadeira, mas a velhinha Caetana levou-os ao quarto e iniciou uma linda história sobre o orixá Ibeji, São Cosme e Damião:

.. Cosme e Damião era menino cumu ocês tudo é, mai moreu feito. Preste atenção: Cosme e Damião nasceu in larubáwa (Arábia), foi dôs irmãos mabáço, todo dôs era doutô, curava gente, gostava muito do pobre, dava muita esmola e num ligava pra dinheiro, até qui um dia levantarum farço a ele e o rei daquela téra mando cortá a cabeça de todo dôs. Dipôs copo dele tudo foi pra Roma, lá todo dôs viro santo e teve um casa cum nome Igreja (Ilê Orixá Ibeji – Casa dos santos Dois Dois). Daí pur diante, no dia de hoji, todu mundu bancu, nego, mulatu, todu, raça de gente faz caruru, efó, acarajé, abará e chama gente conhecida pra cume, e diz ta fazendo festa pra minino Cosme e Damião. Só nós Omo Ketu, qui só faz brigação dele da festa de Oxun purque mai veiu dizia qui Eledá, o Criador dele, foi Oxun purisso inté hoje se diz qui mãe de orixá Ibeji é Oxun. (Mestre Didi: 2003, 191).

A velhinha africana continuou mais um pouco a história e os meninos adormeceram. O narrador Didi, que estava entre eles, somente acordou no outro dia pela manhã e não soube mais o que havia ocorrido. O conto relatado acima apresentanos o belo patrimônio artístico transmitidos pelos africanos. A fala da velhinha Caetana é, na verdade, uma metáfora que representa o eterno retorno dos valores humanos e culturais destes povos. Simboliza a ponte entre o presente e o passado; entre a voz e a memória, fazendo ressurgir os mitos, as lendas, os sonhos, o nascimento e a morte de seres primordiais. Sobretudo, traz à superfície uma vasta e majestosa tradição, que deve ser continuamente propalada, pois carrega os mistérios e, ao mesmo tempo, as explicações de uma existência atemporal, infinitamente poética e sublime. O conto é em grande medida, a própria voz de mestre Didi.

Conhecer este mundo é transcender no tempo. É descobrir outra vez a infância: sagrada, mágica, fabulosa e arteira. Tais narrativas permitem-nos sempre mergulhar nas nossas tradições e fazer emergir, no rio da memória, os sonhos do nosso tempo primordial. Mestre Didi é segredo e sagrado; não fala sobre os mistérios que permeiam a produção da sua arte, no entanto, como é possível notar, a riqueza incutida neste vasto império ancestral, pereniza a mão e a voz de um dos grandes narradores da cultura afro-brasileira.

As fábulas e os ensinamentos

Assim como os mitos, as fábulas também estão impregnadas pela magia. São narrativas curtas, de caráter nitidamente moralizante, em que os animais recebem quase sempre características personificadas. Isso confere aos textos uma aproximação ideológica com os seres humanos. Os contos são ora pedagógicos ora satíricos, referindo-se, em seu sentido alegórico, aos costumes humanos. Na obra de Mestre Didi não é muito explícita a percepção diferencial entre mitos, lendas e fábulas, visto que há a confluência entre elementos históricos, sagrados e simbólicos. Pode-se afirmar apenas que alguns fatores de diferenciação, como, por exemplo, o comparecimento de animais, determina, em maior ou menor grau, tais classificações.

Agora observemos a narrativa “O Macaco e a Onça”. Eis, primeiramente, um breve resumo. Reza a lenda que um Macaco estava passando por inúmeras dificuldades e precisava, desesperadamente, sair desta condição. Sobre uma árvore encontrava-se o pobre animal que dava saltos de tanta aflição, mas, eis que de repente, escutou a voz de Caipora, ou Ossain (rei da mata). Este último explicou para o Macaco que era necessária paciência e, sobretudo, a prática de boas ações. Sendo assim decidiu ajudar uma onça que havia caído no “buraco da morte”, lançou a sua forte cauda e puxou o animal para cima. Mas a onça, que há dias não se alimentava, prendeu o pobre Macaco para saciar a sua fome. Foi montada uma assembléia para entender as razões da Onça, sob a liderança do Cágado, convocado pelo Macaco, já que ele era muito arguto. Prepararam uma armadilha e o Macaco conseguiu fugir para as matas, mas o pobre astucioso foi muito surrado, ficando todo marcado:

Não podendo mais alcançar o Macaco, a Onça, indignada, voltou e, encontrado ainda o Cágado, começou a bater nele de tal forma que resultou rebentar-lhe todo.Daí, vieram as formigas, deram remédio e salvaram o Cágado, dizendo: ─ Nunca pagam um bem com outro bem, e quando se fizer bem não se deve esperar recompensa e sim confiar na providência divina. (Mestre Didi: 2003, 92).

Vários aspectos podem ser abordados no relato acima. O primeiro é a associação entre o folclore brasileiro e os mitos africanos, construída pelo próprio narrador em torno dos entes míticos Caipora e Ossain. Seguindo a percepção de Câmara Cascudo em Geografia dos mitos brasileiros, Caipora ou Caapora é uma figura indígena pequena e forte que vive nas matas, resguardando as florestas dos maus caçadores. Já Ossain, como foi dito mais acima, é orixá que habita os bosques, também exercendo a função de protetor das matas. A aproximação entre os dois seres lendários revela a riqueza e a universalidade dos mitos e lendas de varias tradições, sendo possível notar a presença desse sincretismo cultural em vários contos do autor aqui estudado.

Quanto à fábula, torna-se de fácil percepção, uma vez que os animais refletem a consciência humana e suas doutrinas de dominação e poder sobre o outro. Na realidade, nota-se uma narrativa de cunho nitidamente moralizante: os animais praticam o bem e o mal, sendo punidos conforme os seus atos. Tais fábulas terminam sempre com uma Lição de Moral, como a expressa no conto O Macaco e a onça. Vários outros textos na obra de Mestre Didi são construídos dessa maneira. A fábula serve para desnudar uma realidade grotesca, na qual os valores universais de igualdade e liberdade são achincalhados pelas relações de poder.

Percebe-se, portanto, que as palavras, na obra de Mestre Didi, soam como uma bela música que ouvimos em momentos de angústia. São imprescindíveis, pois conduzem harmonia e beleza rara aos ouvidos e às consciências. Formam imagens de tempos infindos, mágicos e misteriosos, no qual se construíam valores verdadeiramente humanos. Propalar e resgatar as tradições da ancestralidade é manifestar um profundo afeto às próprias raízes, mostrando às varias gerações o patrimônio artístico e cultural que foi, durante séculos, comprimido a um plano inferior. Didi, a meu ver, é mestre universal, por varias razões, sua obra artística é esplêndida e, sobretudo, reflete a consciência límpida de uma sociedade que, também, é afro-brasileira.

Referências Bibliográficas:

CASCUDO, Luís da Câmara. Geografia dos mitos brasileiros. Editora Itatiaia, Belo Horizonte, 1983.

CASCUDO, Luís da Câmara. Literatura oral no Brasil. Editora Itatiaia. Belo Horizonte,1984

ELIADE, Mircea. Imagens e símbolos. Ensaio sobre o simbolismo mágico-religioso. Editora Martins Fontes, São Paulo, 1º edição, 1991.

PRANDI, Reginaldo. Mitologias dos Orixás. Editora Companhia das Letras. São Paulo, 2005.

SANTOS, Deoscóredes M. dos. Contos negros da Bahia e contos de Nagô. Prefácio de Jorge Amado. Salvador: Editora Corrupio, 2003.

SANTOS, Deoscóredes M. dos. Contos crioulos da Bahia. Editora Vozes, Petrópolis, 1976.

SANTOS, Deoscóredes M. dos. Contos de Mestre Didi. Editora Codecri, Rio de Janeiro, 1981.

* Giovanna Soalheiro Pinheiro é mestre em Teoria da Literatura e doutoranda em Literatura Brasileira pela UFMG. Integra o grupo interinstitucional de pesquisa “Afrodescendências na literatura brasileira”, vinculado ao NEIA-UFMG.

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