Machado de Assis – Homem do seu tempo e do seu país

 

Elisângela Lopes*

 

 

 

Ele é o maior literato negro,
creio, da história da literatura
universal.

Harold Bloom

 

 

Há na crítica literária brasileira uma tendência em se dividir o conjunto dos romances machadianos em duas fases: a primeira – na qual se encontram os seus quatro primeiros livros, marcados pela influência do romantismo e a segunda – contendo os demais. O marco dessa divisão, a meu ver simplista demais, seria o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas. Nele, o autor inova o enredo ao começar o livro pelo fim, pois a narrativa inicia-se pela morte de Brás Cubas, narrador-personagem que se faz autor depois de morto e “para quem a campa foi um novo berço”. Ele é o morto que revive através da escrita de suas memórias, tornando-se um escritor que narra suas histórias “cá do outro mundo”. (MACHADO DE ASSIS: 1997, 513. Vol.I).

Uma outra tendência crítica que gostaríamos de ressaltar é a insistência em se afirmar que Machado de Assis não se envolveu no debate dos grandes temas político-sociais de seu tempo. Acusaram-no de indiferença quanto às questões nacionais, de ser autor de uma literatura construída aos moldes europeus – uma escrita burguesa, preocupada em retratar apenas a elite – e marcada, ainda, pela não representação dos grandes símbolos nacionais, ao contrário da prática adotada por Gonçalves Dias e José de Alencar, dentre outros. Nesta linha, a maior crítica talvez seja a respeito da provável ausência da temática da escravatura em seus escritos, que soaria contraditória frente ao seu pertencimento étnico. O fato de o escritor ser neto de escravos e ocupar uma posição de destaque na esfera pública motivou a cobrança de um posicionamento explícito de combate ao regime, daí a acusação de absenteísmo.

Entretanto, Machado de Assis foi um crítico ácido da elite de seu tempo. Os traços de uma sociedade que buscava sua modernização em meio à forte permanência de resquícios coloniais estão presentes em personagens caracterizados pela ambição, desonestidade, tibieza de caráter e egoísmo. Em se tratando da “ausência” da temática da escravidão, basta uma pesquisa mais detida em sua obra para se detectar a inconsistência da acusação. O autor enfoca, sim, o tema, mas em consonância com seu projeto literário, que descartava o panfletarismo. A escravização dos africanos e seus descendentes foi tratada sobretudo pela via irônica. Nos romances, ela se faz presente em pequenos, mas significativos momentos. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, por exemplo, é marcante a inserção do personagem Prudêncio, quando este nos é apresentado pelo narrador-personagem:

 

Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de ‘menino diabo’; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer a minha mãe que a escrava é que estragara o doce ‘por pirraça’; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, – algumas vezes gemendo – mas obedecia sem dizer palavra ou, quando muito, um – ‘ai nhonhô!’ – ao que eu retorquia – ‘Cala a boca besta!’. (MACHADO DE ASSIS: 1997, 526-7, Vol.I).

 

O escravo, fazendo jus ao nome, não questiona as “travessuras” do sinhozinho, apenas o obedece. A narrativa segue, Prudêncio é alforriado mais tarde pelo pai de Brás Cubas e, quando menos se espera, retorna à obra em meio as lembranças e reflexões do narrador:

 

Interrompeu-mas um ajuntamento: era um preto que vergava outro na praça. O outro não se atrevia a fugir; gemia somente estas únicas palavras: - ‘Não, perdão, meu senhor; meu senhor, perdão!’ – Mas o primeiro não fazia caso, e, cada súplica, respondia com uma vergalhada nova.

Toma, diabo! Dizia ele, toma mais perdão bêbado!

Meu senhor! Gemia o outro.

Cala a boca besta! replicava o vergalho.

Parei, olhei... Justos céus! Quem havia de ser o do vergalho? Nada menos que o meu moleque Prudêncio o que meu pai libertara alguns anos antes (...) (MACHADO DE ASSIS: 1997, 581-2. Vol.I)

 

Depois de presenciar a cena, Brás Cubas conclui:

 

Logo que me meti mais dentro a faca do raciocínio achei-lhe um miolo gaiato, fino, e até profundo. Era um modo que o Prudêncio tinha de se desfazer das pancadas recebidas – transmitindo-as a outro (...) Agora, porém que era livre, dispunha de si mesmo, dos braços, das pernas, podia trabalhar, folgar, dormir, desagrilhoado da antiga condição, agora é que ele se desbancava: comprou um escravo, e ia-lhe pagando, com alto juro, as quantias que de mim recebera. Vejam as sutilezas do maroto! (idem)

 

 

Como se vê, Machado não esteve indiferente às crueldades da escravidão, as quais criticou e questionou mesmo quando representa o negro como personagem de segundo plano diante da representação das demais figuras: brancos e abastados. Em estudo sobre a ausência/presença de personagens negros na ficção machadiana, Gizêlda do Nascimento afirma que Machado retratou com maestria e coerência a presença de escravos em seus escritos: maestria porque se deve buscar nas entrelinhas do texto ficcional a crítica do escritor à sociedade do seu tempo e às regras que ditavam as relações sociais; e coerência porque “seu compromisso era retratar a sociedade tal qual se lhe apresentava, e aí, o negro não constituía uma representação significativa, melhor dizendo, nem mesmo como ser social era reconhecido.” (www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa) Seguindo essa linha de raciocínio, podemos dizer que o romancista retratava a sociedade brasileira tal como ela era: o negro, visto apenas como força de trabalho, não ocupava espaço na sociedade, não tinha voz, nem vez, personagem mudo excluído da arena pública.

Outro aspecto que deve ser considerado, ao tratarmos da representação do negro na obra do escritor, é o ponto de vista, o lugar de fala do texto. Certamente, a narrativa machadiana não se apresenta como a louvação da classe senhorial brasileira do final do século XIX. A atitude de Prudêncio ilustra a reprodução entre os subalternos do sistema que reduz pessoas a propriedades. Ele, já liberto, irá comprar um escravo para si, a fim de pagar “com alto juro” as pancadas que havia recebido do nhonhô, tornando-se agente da reprodutibilidade do sistema escravista.

A fim de sintetizar a idéia da manutenção das regras sociais, denunciada pelo escritor, destacamos o comentário de Faoro, a respeito desse novo segmento social que surgiu no Brasil no fim do século XIX e do qual Prudêncio faz parte: “os libertos – apesar da amizade – deixam a fazenda, atraídos pelo mistério interior, que os leva, envolvidos pela ordem social, a procurar um posto onde possam exercer, pela hierarquia, a vingança”. (FAORO: 1988, 335)

Há, no entanto, diversas outras referências ao negro e à escravidão disseminadas na obra machadiana. No conto “Pai contra mãe”, por exemplo, publicado em Relíquias de Casa Velha (1906), o narrador inicia a história com a descrição de um dos “aparelhos” de tortura usados pela escravidão, a máscara de folha-de flandres: “era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras”. (MACHADO DE ASSIS: 1997, 659. Vol. II) Complexo e surpreendente, o conto é pautado por um ritmo frenético no encadeamento das ações e por uma ironia cortante. A crítica às crueldades da escravidão é conjugada com a crítica às dificuldades econômicas do homem que se encontra na base da pirâmide social. Desta forma, o autor articula a perspectiva étnica com o fator econômico, desnudando seus vínculos na sociedade brasileira do Segundo Império.

Para completar essa pequena amostragem, deixamos por último uma crônica escrita pelo autor em 19 de maio de 1888, seis dias depois de proclamada a Lei Áurea. No texto, um senhor de escravos diz ter previsto, com alguns dias de antecedência, “toda a história dessa Lei Áurea”. Assim, ele liberta, oficialmente, Pancrácio - um de seus escravos - diante de um “banquete” no qual encontravam-se reunidos seus amigos mais influentes. Depois do discurso que alforria o negro, o senhor propõe a este que permaneça na casa, a cuidar das pequenas coisas, sob jura de um pagamento mensal. A proposta é logo aceita pelo liberto, que agradece beijando-lhe os pés... Porém, por detrás da camaradagem do senhor branco numa atitude aparentemente inovadora, encontrava-se a manutenção de seus próprios interesses:

 

O meu plano está feito; quero ser deputado, e, na circular que mandarei aos meus eleitores, direi que, antes de abolição legal, em casa, na modéstia da família, libertava um escravo, ato que comoveu a toda gente que dele teve notícia. (MACHADO DE ASSIS: 1997, 491. Vol. III)

 

E conclui:

 

Os homens puros, grandes e verdadeiramente políticos, não são os que obedecem à lei, mas os que se antecipam a ela, dizendo ao escravo: és livre, antes que o digam os poderes públicos, sempre retardatários, trôpegos e incapazes de restaurar a justiça na terra, para satisfação do céu. (idem)

 

O texto machadiano põe a nu a hipocrisia interesseira da classe dominante que, depois de se beneficiar do trabalho cativo, prepara as bases para a nova forma de exploração da mão-de-obra. A crônica indicia que a escravidão estava com seus dias contados e que a proclamação da Lei Áurea só veio a confirmar algo que já estava claro no contexto da sociedade brasileira, na segunda metade do século XIX: a impossibilidade de se manter o regime, diante das pressões externas e da emergência de modernização e industrialização do país, como ressalta Schwarz no ensaio “As idéias fora do lugar”. Além disso, antecipa acontecimentos futuros: os escravos, recém-libertos, diante da impossibilidade de se manter, permaneceriam sob o jugo dos senhores, agora feitos patrões. Além disso, o texto denuncia a ineficiência da Abolição, ao apontar a manutenção das regras que determinavam a relação entre duas classes sociais: a do senhor e a do escravo. Novamente é a noção de propriedade que irá permitir ao personagem continuar tratando o escravo liberto como se ainda fosse cativo, sendo assim, o sistema mudava, mas a mentalidade e as regras sociais permaneciam as mesmas, como comenta Paulo, personagem do livro Esaú e Jacó: “A abolição é a aurora da liberdade, esperemos o sol. Emancipado e negro, resta emancipar o branco” (MACHADO DE ASSIS: 1997, 992. Vol. I). Nesse sentido, Machado configura-se como uma voz solitária que se propõe a questionar, de forma irônica e sutil, a libertação dos escravos, conforme enfatiza Faoro:

 

Havia alguma coisa diferente no seu modo de sentir a realidade do Rio de Janeiro, sem o véu culto, ilustrado, falsamente livresco de seus contemporâneos, embriagados de fórmulas. Somente ele, isolado na multidão que aclama, ousou manifestar a inanidade do 13 de maio. Livre o escravo, estará na rua, sem emprego, ou receberá do senhor a esmola do salário, em troca de igual trabalho, com antigas pancadas e injúrias. (FAORO: 1988, 323)

 

Em seu clássico ensaio “Literatura e consciência”, Octávio Ianni estabelece três pilares para a fundação da literatura negra brasileira, a saber: Machado de Assis, Cruz e Souza e Lima Barreto, que formariam três “famílias” literárias afro-descendentes. Esta produção, enquanto ramificação da literatura brasileira, é entendida pelo crítico como manifestação que tem o negro como tema, constituindo-se como “universo humano, social, cultural e artístico” (IANNI: 1988, 2). O autor pontua que a representação desse universo nem sempre é realizada de forma explícita e acrescenta que "em alguns escritores ele pode aparecer em fragmentos, pouco estruturado. E há mesmo obras nas quais ele pode parece recôndito, invisível, sublimado". (Idem) Ianni ressalta como os três autores contribuíram de formas diferentes para a literatura negra e sobre eles lança um novo olhar:

 

(...) é provável que o resgate desses autores pela literatura negra permita repensá-los melhor, descobrir dimensões novas em suas obras, redimensioná-los no âmbito da literatura brasileira. Certamente contribuem decisivamente para a formação da literatura negra, enquanto tema e sistema. (IANNI: 1988, 3)

 

O crítico reconhece que o tema da escravidão esteja presente na obra machadiana em pequenos fragmentos, porém adverte que "a única maneira de compreender a obra de Machado de Assis, de modo a encontrar sugestões sobre a presença e ausência do negro, é aderir ao espírito da sua ficção, entrar na sua visão de mundo". (IANNI: 1988, 2) Para tanto, é preciso estar atento à sátira "fina e contundente, geral e permanente" e à ironia que permitem ao escritor estabelecer a crítica à sociedade burguesa e principalmente à camada que se encontra no topo da pirâmide social. Ainda segundo Ianni, Machado de Assis é um clássico da literatura negra, pois "abre, em grande estilo, a visão paródica do mundo burguês, a partir da perspectiva dos setores subalternos; a partir da perspectiva crítica mais profunda do negro escravo ou livre. Inaugura a carnavalização da sociedade branca, isto é, burguesa, do ponto de vista do negro, do subalterno". (IANNI: 1988, 5)

Diante dos trechos que mostramos e de outros fragmentos da obra que não foram incluídos aqui – tais como os contos “Mariana” e “O caso da vara”, duas anotações contidas em Memorial de Aires, e as inúmeras crônicas nas quais há referência à abolição da escravatura –, podemos concluir que Machado de Assis não foi indiferente às questões do seu tempo e que, de forma peculiar e sutil, refletiu e retratou as mazelas e absurdos da escravidão. Talvez o que parte da crítica e alguns leitores esperassem de Machado, como afro-descendente proveniente de família humilde, fosse uma postura política voltada para uma literatura engajada e de combate social explícito. Porém, tal posicionamento não fazia parte da personalidade do escritor, portanto, não poderia estar presente em seu projeto literário. Homem reservado, tímido e introspectivo, “quase um caramujo”, como o cronista deixa escapar em texto de 14 maio de 1893, fez uso da ironia e da crítica sutil para representar a sociedade brasileira do século XIX. A seu modo, Machado de Assis tratou das questões concernentes ao seu tempo e isso não podemos mais negar.

A nossa tentativa de mostrar aqui um pouco dessa outra faceta da ficção machadiana tem o objetivo de indicar uma nova possibilidade de leitura dos escritos do Bruxo do Cosme Velho. Para nós, a literatura produzida por Machado, além de pertencer à Literatura Brasileira e dela ser sua mais fina expressão, pertence também à Literatura Afro-Brasileira por apresentar uma visão crítica do sistema escravocrata quando, por exemplo, na figura de Prudêncio indicia a reprodutibilidade desse sistema, ou ainda quando avalia criticamente a Abolição, na crônica de 19 de maio de 1888; por indiciar a visão do branco a respeito do escravo, entendido como propriedade, mercadoria, mera força de trabalho; e até mesmo ao representar esses negros em condições subalternas, Machado faz-se exímio retratista da sociedade brasileira do século XIX. Ler a obra de Machado de Assis como manifestação da literatura Afro-Brasileira e perceber nesses escritos uma contribuição ao tema negro é uma forma de reparar um erro crítico que nos dá capacidade de afirmar: Machado de Assis não foi e nunca esteve indiferente aos acontecimentos que marcaram o seu tempo; ele fez sim Literatura Brasileira, mas fez também Literatura Afro-Brasileira e para esse veio literário contribuiu de forma peculiar.

 

* Mestranda em Teoria da Literatura pela UFMG

 

Referências Bibliográficas

 

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FAORO, Raymundo. Machado de Assis: a pirâmide e o trapézio. 3 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988.

IANNI, Octávio. Literatura e consciência In Revista de Estudos Brasileiros. Edição Comemorativa do Centenário da Abolição da Escravatura. São Paulo, nº 28, 1988.

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