A errância diaspórica como paródia da procura em Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo e Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves
Aline Alves Arruda*
A questão da diáspora africana é um aspecto marcante na literatura afro-brasileira. Trataremos aqui dessa questão e de como ela se repete nessa literatura, em especial no romance de Conceição Evaristo, Ponciá Vicêncio, publicado em 2003 e em Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves, de 2006.
A definição do conceito diáspora, segundo o Dicionário de relações étnicas e raciais, de Ellis Cashmore, vem dos antigos termos gregos dia (através, por meio de) e speirõ (dispersão, disseminar ou dispersar). Entretanto, segundo o mesmo dicionário, a palavra vem sendo usada através da História com outras conotações, principalmente no sentido negativo, como é o caso da experiência judaica, da qual se originou a comparação com os povos africanos e sua dispersão pelo mundo. Na Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana, de Nei Lopes, encontramos, além da definição já citada, uma outra: “o termo Diáspora serve também para designar, por extensão de sentido, os descendentes de africanos nas Américas e na Europa e o rico patrimônio cultural que construíram” (2004, p. 236). Também como forma de conscientização, segundo Gilroy (2001), o termo é usado a partir do conceito de “dupla consciência” de Du Bois, para significar a simultaneidade de consciência de pátrias e culturas. Infelizmente o conceito também é usado para designar um novo tipo de problema: a visão sobre as comunidades transnacionais como uma ameaça à segurança dos países mais ricos.
Novos estudos sobre a diáspora têm sido apresentados no contexto dos Estudos Culturais por teóricos como Paul Gilroy e Stuart Hall. O termo, que também aparece na Bíblia pode ser usado ainda nos estudos afro-brasileiros. Afinal, todos essas histórias são narrativas de libertação e dispersão de povos. O pensamento recente sobre o conceito de diáspora discute a questão do pertencimento, do conceito de raça e propõe uma reflexão mais ampla e ambivalente em relação ao nacionalismo e às identidades. Gilroy afirma que as fronteiras culturais foram alargadas e “a ideia de diáspora se tornou agora integral a este empreendimento político, histórico e filosófico descentrado, ou, mais precisamente, multi centrado” (2001, p. 17). Já Hall considera que “na situação da diáspora, as identidades se tornam múltiplas” (2003, p. 27), elas não são, portanto, fixas e, num contexto diaspórico, carregam consigo a disseminação, o espalhamento que acaba multiplicando-as.
Para Ricouer (2000), a memória é erigida como critério de identidade e está a serviço da busca desta. É o que acontece com a protagonista Ponciá, que vive sua busca a partir da memória afro-descendente herdada de seus ancestrais, em especial de seu avô Vicêncio. E com Kehinde, protagonista de Um defeito de cor, que em sua diáspora para o Brasil, e nos caminhos que percorreu até sua volta para a África anos depois, vive sob as lembranças individuais de sua terra natal e a memória coletiva deixada pelos ancestrais africanos, especialmente sua avó.
Para Frye, “a forma perfeita da estória romanescaii é claramente a procura bem sucedida” (1957, p. 185). A procura, é, portanto, a aventura principal, o elemento que dá forma à história. Trazendo a teoria de Frye para os romances contemporâneos aqui estudados, percebemos que essa busca está presente nos romances femininos e afro-brasileiros dessas escritoras. As protagonistas deles perfazem uma errância diaspórica a partir desse elemento. O que afirmamos, portanto, é que essa errância é a paródia da procura romanesca. Esse percurso tão comum às clássicas histórias medievais e também românticas burguesas, é feito de forma marcadamente diferente por Ponciá e Kehinde. É isso o que tentarei demonstrar nesse artigo.
O clássico herói romanesco e seus seguidores tinham em seu percurso uma procura pela formação. É caso daqueles protagonistas do gênero Bildungsroman. Essa busca normalmente perfaz toda a história do herói, predominantemente masculino. Assim, o personagem sai de casa, passa por vários percalços, encontra no caminho pessoas que o ajudam e também que o atrapalham, vive amores e luta em guerras ou batalhas de morte e finalmente retorna a casa, completando sua formação, ou se firma como herói diante da sociedade. Podemos citar como exemplos de personagens que fazem esse percurso literário Tom Jones, de Henry Fielding, David Copperfield, de Charles Dickens e Wilhelm Meister, de Goethe. Este último considerado o personagem modelo do herói do romance de formação alemão, no século XIX.
Já as protagonistas femininas e negras de Ponciá Vicêncio e Um defeito de cor percorrem outro caminho em sua formação, que passa pela diáspora em diferentes formas. Ponciá, tem sua errância dentro do próprio país, numa espécie de diáspora interna; Kehinde passa pelo navio negreiro e toda história vivida pelos ancestrais de Ponciá.
A escritora Conceição Evaristo nasceu em Belo Horizonte, em 1946. Formou-se professora no antigo curso Normal, em 1971, e depois se mudou para o Rio de Janeiro, onde foi aprovada em um concurso municipal para magistério e, posteriormente, no curso de Letras na Universidade Federal daquele Estado. As leituras sempre a acompanhavam: Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Carolina Maria de Jesus, Adão Ventura, entre outros, foram de grande influência para ela. Conceição é mestre pela PUC/RJ. Hoje é doutoranda em Literatura Comparada na UFF. A autora publica poemas e contos na coletânea Cadernos Negros desde 1990, e é chamada para palestras e congressos em todo o Brasil e no exterior, nos quais aborda as questões de gênero e etnia na literatura brasileira. Ponciá Vicêncio é o primeiro romance de Conceição Evaristo e vem sendo tema de artigos e discussões no meio acadêmico desde sua publicação em 2003. Além da indicação ao vestibular 2008 da UFMG, o livro foi publicado recentemente em inglês. A obra narra problemas do cotidiano das mulheres afro-descendentes sob um ponto de vista claramente feminino e negro, num contexto atual que nos permite propor o presente estudo. Além de Ponciá Vicêncio, a autora publicou também o romance Becos da Memória, em 2006, o qual narra a história de personagens que vivem em uma favela em processo de demolição.
O enredo de Ponciá Vicêncio traça a trajetória de uma mulher negra, a protagonista que dá nome ao livro, desde sua infância até a idade adulta. Ponciá mora com a mãe, Maria Vicêncio, na Vila Vicêncio, que concentra, no interior do Brasil, uma população de descendentes de escravos. Seu pai e seu irmão trabalham na lavoura para a família Vicêncio, que é dona das terras onde todos moram e trabalham, além de serem os donos do sobrenome dos habitantes da vila, como a família de Ponciá. O romance tem uma história fragmentada que, através de flashbacks, narra a infância da menina na vila junto da mãe e do artesanato com o barro que as duas fazem. O narrador, na terceira pessoa, nos leva ao íntimo dos personagens e à introspecção destes através do uso do discurso indireto livre durante toda a narrativa. É assim que conhecemos a alegria da menina Ponciá que, seguindo uma crendice popular brasileira, brincava de passar por debaixo do arco-íris com medo de mudar de sexo e se mostrava diferente desde criança, principalmente por sua semelhança física com o avô Vicêncio. Este, ainda escravo, num momento de loucura e tremenda indignação diante da escravidão que ainda perdurava, mata a esposa e se mutila, cortando o próprio braço. E é esse braço cotó que Ponciá imita desde pequena. E embora ela fosse criança de colo quando o avô paterno morreu, apresenta tais semelhanças. Todos dizem que a menina carrega consigo a herança do avô. Nêngua Kainda, uma velha sábia da região, é quem mais enfatiza isso à menina e aos seus familiares. Para ela, Ponciá precisava cumprir sua herança.
Após perder o pai, Ponciá decide partir para a cidade grande em busca de uma vida melhor. Sua viagem é feita de trem e demora dias sofridos. Ela chega ao lugar sem referências, dorme uma noite na porta da igreja e depois consegue um emprego como doméstica. Enquanto junta seu dinheiro para comprar um barraco e trazer a mãe e o irmão para morar com ela na cidade grande, na vila Vicêncio, Luandi, seu irmão, também decide migrar, para a tristeza de sua mãe. O rapaz faz a mesma viagem que a irmã e chegando à cidade, arruma emprego de faxineiro numa delegacia, através da indicação do soldado Nestor, negro que ele conhece na estação de trem. Luandi fica feliz, já que seu sonho era ser soldado. Maria Vicêncio, com a casa vazia, decide viajar sem rumo até que chegue a hora de ir ao encontro dos filhos. Enquanto isso, Ponciá volta à vila em busca dos seus, mas não encontra ninguém, apenas a certeza, através de sua conversa com Nêngua Kainda, de que um dia, além de cumprir sua herança, ela reencontrará a mãe e o irmão. De volta à cidade, Ponciá se junta a um homem que conhece na favela. Inicialmente apaixonada, sofre depois com suas agressões físicas, causadas, principalmente, por causa do estado de apatia que ela se encontra e no qual permanece por longo tempo. As perdas de Ponciá foram muitas: a ausência dos familiares e os sete abortos que sofreu.
Luandi, na cidade, aprende a ler e a escrever e se aproxima cada vez mais do sonho de ser policial. Conhece Bilisa, uma prostituta, também negra, por quem se apaixona e juntos fazem planos. Entretanto, a moça é cruelmente assassinada pelo seu guarda costas e comparsa da cafetina, Negro Climério, fato que interrompe os sonhos do jovem casal. Antes disso, Luandi, com a farda emprestada do soldado Nestor, também retorna à vila e não encontra a mãe e a irmã, embora saiba, através de pistas simbólicas como o sumiço da estátua do avô, as cinzas no fogão e a casca de uma cobra, que elas estiveram lá há pouco. Ele deixa seu endereço com Kainda a fim de que esta o entregue à mãe para que eles se reencontrem. Maria Vicêncio, de posse do endereço do filho, vai ao encontro dele na cidade grande. Na favela, Ponciá, em seu delírio com saudades do barro, decide retornar à cidade natal, e lá, na estação de trem reencontra a família. O desfecho do livro traz, além do reencontro dos três, o encontro de Ponciá consigo e com o cumprimento de sua herança ancestral, junto do rio, do arco-íris e do barro.
Vemos que em Ponciá Vicêncio a busca se distingue da concepção de procura de Frye. A procura da protagonista é mais ampla, se configura não apenas como uma aventura, mas como uma busca individual, por si mesma e coletiva. A começar pelo nome e sobrenome da protagonista, com os quais ela não se identifica. Essa errância de Ponciá vai se confirmar durante todo o romance como uma importante metáfora da diáspora que nos remete diretamente à história dos ancestrais e se constitui como recurso estilístico que parodia a literatura canônica, especialmente o significado da procura nos tradicionais romances ou mesmo nas antigas estórias romanescas.
Afinal, nessas histórias, temos a viagem como um topos importante na construção do caráter dos heróis. A maioria desses clássicos protagonistas sai de casa em busca de si mesmos numa viagem que os separa da família e contribui para seu amadurecimento. O personagem de Goethe, Wilhelm Meister, por exemplo, junta-se a um grupo mambembe de teatro e sai à procura do próprio aprendizado, deixando para trás a família e a cidade natal. Já Ponciá, vai em busca de dias melhores na cidade, mas acaba desterritorializada numa favela, vegetando ao lado de um marido que não a compreende. Nesse cenário, Ponciá confirma sua descendência escrava na vida difícil que leva, nos sonhos apagados pela discriminação e pela marginalização que tanto ela quanto os outros da sua família sofrem. A personagem passa, então, pelo que Orlando Patterson (1982) denomina “morte social”, ou seja, a invisibilidade diante da sociedade. Sua condição social e cultural continua, portanto, sendo regida pelo passado africano. Sua trajetória do espaço rural para o urbano representa sua condição diaspórica. Assim, mesmo que a viagem feita pela menina em sua procura não seja a viagem transnacional citada pelos estudiosos da diáspora, ela se constitui numa metáfora desta, por isso a considero uma espécie de “diáspora interna”, ou seja, a viagem de Ponciá e de tantos brasileiros dentro do seu próprio país em busca de uma vida melhor. A passagem em que a menina faz a viagem de trem para a cidade confirma essa associação:
O inspirado coração de Ponciá ditava futuros sucessos para a vida da moça. A crença era o único bem que ela havia trazido para enfrentar uma viagem que durou três dias e três noites. Apesar do desconforto, da fome, da broa de fubá que acabara ainda no primeiro dia, do café ralo guardado na garrafinha, dos pedaços de rapadura que apenas lambia, sem ao menos chupar, para que eles durassem até ao final do trajeto, ela trazia a esperança como bilhete de passagem. Haveria, sim, de traçar o seu destino (Evaristo, 2003, p. 35).
Ana Maria Gonçalves nasceu em Ibiá, Minas Gerais, em 1970. Foi publicitária e abandonou a carreira para se dedicar à literatura. Publicou o romance Ao lado e à margem do que sentes por mim, que lançou independente em 2002. Em seu recente romance de 951 páginas, Um defeito de cor, a escritora mineira narra a história de Kehinde, desde sua infância no reino de Daomé, na África, onde nasceu, passando pela travessia no navio negreiro rumo à Bahia, cidade na qual viveu a maior parte da vida. Nessa narrativa, mescla de ficção e realidade, a travessia ganha importante espaço no capítulo um e nos subcapítulos “A partida”, “A viagem”, quando Kehinde e sua irmã gêmea Taiwo foram capturadas para serem presenteadas a brancos brasileiros e sua avó, para segui-las, entrega-se aos comandantes do navio. A partida é narrada de forma minuciosa, todos os detalhes do navio negreiro são enfatizados através do ponto de vista de uma menina africana, que, assustada, temia por sua vida e pela vida de sua avó e de sua irmã. O porão é descrito como um espaço muito apertado, extremamente pequeno e, em seguida, ao narrar sobre a viagem, temos um relato assombroso das crueldades sofridas pelos negros escravos:
Durante dois ou três dias, não dava pra saber ao certo, a portinhola no teto não foi aberta, ninguém desceu ao porão e estava quase impossível respirar. Algumas pessoas se queixavam da falta de ar e do calor, mas o que realmente incomodava era o cheiro de urina e de fezes. A Tanisha descobriu que se nos deitássemos de bruços e empurrássemos o corpo um pouco para a frente, poderíamos respirar o cheiro da madeira do casco do tumbeiro. [...] Quando não conseguíamos mais ficar naquela posição, porque dava dor no pescoço, a minha avó dizia para nos concentrarmos na lembrança do cheiro, como se, mesmo de longe e fraco, ele fosse o único cheiro a entrar pelo nariz [...]”. (Gonçalves, 2006, p. 48).
Depois de perder a irmã e a avó, além de outros companheiros de viagem, a narradora chega à Ilha dos Frades, em seguida à Ilha de Itaparica, onde trabalhará como escrava durante anos, vivendo e presenciando inúmeras tragédias cometidas pelos senhores. Vemos como a narrativa de Ana Maria Gonçalves complementa a de Conceição Evaristo e confirma nosso ponto de vista a respeito da literatura afro-brasileira e suas marcas. Para Gilroy:
A diáspora africana pelo hemisfério ocidental dá lugar aqui à história de futuras dispersões, tanto econômicas quanto políticas, pela Europa e pela América do Norte. Estas jornadas secundárias também estão associadas à violência e são um novo nível da disjunção diaspórica, e não apenas reviravoltas ou impasses (2001, p. 21).
Podemos dizer então que textos como Ponciá Vicêncio e Um defeito de cor, dentre outros textos de autores afro-brasileiros, constituem uma contra narrativa na medida em que enfrentam o desafio de reconstruir sua história de maneira crítica e denunciar as consequências reais dessa história. As metáforas usadas pelas autoras para retomar o tema da diáspora africana e a desterritorialização que marcou e ainda marca os afrodescendentes no Brasil, estão, portanto, longe de serem apenas “reviravoltas ou impasses”, como afirma Gilroy. Mais do que isso, constituem uma janela para fazer emergir essa narrativa que serve, então, como espelho de um mundo que ainda se mostra cego diante das imagens vindas da memória diaspórica afro-brasileira.
Referências
CASHMORE, Ellis. Dicionário de relações étnicas e raciais. São Paulo: Selo Negro, 2000.
EVARISTO, Conceição. Ponciá Vicêncio. Belo Horizonte: Mazza, 2003.
_____. Becos da memória. Belo Horizonte: Mazza, 2006.
FRYE, Northrop. Anatomia da crítica. São Paulo: Cultrix, 1957.
GILROY, Paul. O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência; tradução de Cid Knipel Moreira. São Paulo: Editora 34; Rio de Janeiro: Universidade Candido Mendes/ Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001.
GOETHE, Joham Wolfgang von. Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister. São Paulo: Editora 34, 2006.
GONÇALVES, Ana Maria. Um defeito de cor. Rio de Janeiro: Record, 2006.
HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: UFMG; Brasília: Representação da UNESCO no Brasil, 2003a.
_____. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva; Guacira Lopes Louro. 8. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003b.
LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004.
RICOEUR, Paul. La memoria, la historia, el olvido. Buenos Aires: Éditions du Seuil, 2000.
* Aline Alves Arruda é Doutora em Letras, Literatura Brasileira, pela UFMG e Mestre em Teoria da Literatura pela mesma Instituição. É Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais – IFMG, Campus Betim. Participa do Grupo de Pesquisa Letras de Minas. É coautora de Literatura afro-brasileira - abordagens na sala de aula (Pallas, 2014).
i O termo, segundo Hall (2003), se origina da história do Grande Êxodo; na Bíblia, no Velho Testamento. O livro do Êxodo conta a história da saída dos hebreus da opressão do Egito em busca da Terra Prometida. A diáspora seria essa saída dos escravos do Egito.
ii Entendemos como “estória romanesca”, o correspondente a romance em inglês. A diferença, portanto, entre “estória romanesca” e “romance” é a mesma de romance e novel, em inglês. O que os difere, está, principalmente, segundo Chase (apud Frye, 1957), na maneira como vêem a realidade. O romance ou novel aborda a realidade mais próxima do cotidiano, enquanto a estória romanesca ou romance segue a tradição medieval e nos retrata um enredo menos detalhado. Segundo Frye (1957), “a estória romanesca, de todas as formas literárias, a mais próxima do sonho que realiza o desejo, e por essa razão desempenha, socialmente, um papel curiosamente paradoxal” (p. 185).