Qual a cor do negro nos livros de literatura infantil?i

 

Cristiane Veloso de Araujo Pestana*

Introdução

Este estudo faz parte de minhas pesquisas iniciais no doutorado. Trata-se de uma questão que ainda deve ser melhor analisada e, assim, apresentar uma hipótese consistente. No entanto, proponho aqui algumas observações, indagações e possíveis respostas com base nos aportes teóricos selecionados. Apresentarei nestas linhas iniciais um breve histórico de como se deu todo o percurso que nos trouxe até a referida pesquisa.

Após lecionar 15 anos para crianças entre 5 e 9 anos em escolas públicas da periferia, pude perceber dois aspectos marcantes relacionados a Literatura Negra Infantil. O primeiro era a escassez de livros com personagens negros, situação esta amenizada em parte, pela lei 10.639/03[ii] que estimulou o mercado editorial e possibilitou a publicação de vários livros com temática étnico-racial, inclusive, trazendo crianças negras como personagens principais das narrativas. O segundo ponto observado era ver alunos e alunas negros ou mestiços envergonhados de sua cor. Ao se depararem com personagens ou temáticas negras ou africanas, se encolhiam, abaixavam a cabeça e evitavam comentar qualquer coisa durante ou após a contação das histórias, numa tentativa clara de se manter invisível.

Inicialmente não conseguia entender tal fato, porém a inquietação era tão intensa que decidi estudar o assunto e procurar mais informações sobre o que poderia causar tal estranhamento e repulsa por parte das crianças.

A partir de um curso de especialização em Literatura e Cultura afro-brasileira vários de meus questionamentos foram respondidos e o assunto me motivou tanto que decidi estendê-lo ao mestrado e, agora, ao doutorado.

Neste percurso cheguei a algumas conclusões: as imagens dos negros sempre estiveram atreladas ao processo de escravidão e, portanto, era desta maneira que se davam suas representações na literatura, inclusive nos livros didáticos. Somente alguns anos depois da promulgação da lei 10.639/03 é que começaram a surgir alterações significativas nos materiais didáticos e literários que circulam pelas escolas. O processo é recente e percebemos que ainda há um caminho longo a se percorrer para que seja possível solucionar todos os entraves que envolvem a questão da representatividade e da identidade fomentada através da literatura.

Dentro da minha proposta de tese para o doutorado, cujo tema é Representação Feminina Negra na Literatura Infantil, vários pontos foram observados e se tornaram alvo de investigação, muitos deles ainda sem uma hipótese fechada. Um destes pontos estudados trata das ilustrações. Como são pensadas e realizadas? Quão significativa é a participação do autor no processo de ilustração? Os aspectos artísticos e estéticos envolvidos no desenho? A relação do texto imagético em que, muitas vezes as imagens chegam antes do texto escrito (principalmente para crianças ainda não alfabetizadas) e, sobretudo, o que tais imagens provocam nos pequenos leitores?

Neste contexto das ilustrações, um fato observado se tornou intrigante e acabou se tornando pauta para o presente artigo: a cor dos negros nos livros de literatura infantil. Questão que será apresentada e discutida nos capítulos seguintes.

1 – A Literatura Infantil e a lei 10.639/03

Com o advento da criação e implementação da lei 10.639/03, o debate sobre as ações afirmativas se consolidou e ganhou maior visibilidade nos espaços educacionais. Foram criadas políticas públicas para a promoção da igualdade racial na sociedade brasileira, entre elas o sistema de cotas nas universidades e a criação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais(2003). Esta última teve seu texto original publicado e distribuído pelo Ministério da Educação MEC a todos os sistemas de ensino.

Além de várias outras ações promovidas a partir desta lei, está o projeto A Cor da Cultura (2005), criado em parceria com a Fundação Roberto Marinho, que trata-se de um kit com livros teóricos, destinados à formação docente, livros literários voltados ao público infantil e DVDs com informações adicionais e livros animados. Em 2009, foram distribuídos 18.750 kits às Secretarias de Educação Estaduais e Municipais de todo o Brasil.

Contudo, todo este empenho positivo em criar estratégias de valorização da cultura afro-brasileira e combater o racismo, estimulou e aqueceu o mercado editorial brasileiro.

Numa busca de atender a demanda do mercado, muitas editoras publicaram livros com temática racial, contemplando contextos envolvendo as africanidades e utilizando crianças negras como personagens centrais. Porém, notamos que nem todos os materiais publicados possuem alicerces essenciais para promoverem o que objetiva a lei, ou seja, o combate ao racismo e ao preconceito.

Muitos livros abordam as temáticas negras de forma rasa e sem embasamento teórico-crítico, muitos apresentam problemas graves relacionados às ilustrações, sendo estas muitas vezes caricatas, estereotipas e até, desumanizadas. Além destes pontos apresentados, podemos notar uma “morenização” dos personagens negros. Fato este que trataremos com mais profundidade nos capítulos seguintes.

Sobre o enfrentamento do racismo e dos preconceitos estabelecidos, entendemos a literatura como uma forte aliada, tendo em vista seu caráter lúdico, simbólico e reflexivo. Pensar na relação entre literatura infantil e negritude, é também, refletir sobre um contexto de ausências, afirma a pesquisadora Regina Dalcastagné. A pesquisa da autora é muito relevante para o cenário literário étnico, pois faz um estudo quantitativo sobre a falta de representação das personagens negras e sobre a representação estereotipada.

De acordo com a pesquisa e o mapeamento feito pela pesquisadora Eliane Debus, a visão etnocêntrica dos livros infantis, calou a voz dos negros, o que ocorreu através da ausência de personagens protagonistas negros e pela construção de um discurso hegemônico. Para a autora, o caráter simbólico da literatura pode contribuir para reflexões que rompam a visão construída através da desigualdade étnica e que possam ser repensadas através de uma visão que contemple a valorização da diversidade. “A identificação com narrativas próximas de sua realidade e com personagens que vivem problemáticas semelhantes as suas leva o leitor a re-elaborar e refletir sobre o seu papel social e contribui para a afirmação de uma identidade étnica” (DEBUS, 2007, p.1).

A literatura, de uma forma geral, auxilia na compreensão do mundo e das relações humanas através da exposição dos contextos sociais existentes. Ou seja, através do contato com uma realidade, por meio do texto literário, o indivíduo pode ser capaz de elaborar e reelaborar melhor suas questões a respeito de si, do outro, do mundo e da vida.

Portanto, é de suma importância que os livros infantis com temática étnico-racial prezem por uma qualidade estética, imagética e narrativa. Pois, ao contrário, poderá auxiliar na manutenção dos estereótipos e perpetuar o racismo entre a sociedade brasileira.

Conforme salienta a pesquisadora Maria Anória Oliveira (2015), o trabalho com a arte literária, seja no âmbito da produção, ou da seleção e difusão dos livros de literatura infantil sob a temática étnico-racial, requer um olhar crítico para não endossar o que se deseja desconstruir. Segundo ela, a escola pode multiplicar essas “nódoas emocionais” caso não haja as devidas intervenções.

2 – Literatura infantil e representação

Os personagens negros dentro da literatura infantil surgiram no final da década de 1920 e início da década de 1930, apresentados em situações de subalternidade, descreve a pesquisadora Andréa Lisboa de Sousa (2005). A partir de 1975 surge uma literatura comprometida com uma representação mais realista, porém ainda, em muitas vezes, estereotipada e discriminatória. Os conflitos apresentados não eram capazes de desconstruir as amarras sociais do racismo. Da década de 80 em diante, surgem alguns livros que rompem com as formas de representações, sobretudo das personagens femininas, assim como nos mostra sua pesquisa:

Primeiro, esses livros mostram a resistência da personagem negra para além do enfrentamento de preconceitos raciais, sociais e de gênero, uma vez que retomam sua representação associada a papeis e funções sociais diversificadas e de prestígio. Segundo, eles valorizam a mitologia e a religião de matriz afro, rompendo, assim, com o modelo de desqualificação das narrativas oriundas da tradição oral africana e propiciando uma re-significação da importância da figura ancestral em suas vidas. Terceiro, soma-se a isso, o fato de elas serem personagens femininas negras principais, cujas ilustrações se mostram mais diversificadas e menos estereotipadas. (SOUSA, 2005, p. 5)

Em vários livros observados, encontramos pontos positivos e negativos, levando em consideração a perspectiva de tentar promover o objetivo idealizado pelas políticas afirmativas, ou seja, o combate ao racismo e o preconceito racial no Brasil. No geral, percebemos que as personagens femininas são maioria entre os livros de literatura negra voltada para crianças, e, em sua maioria, abordam temas relacionados à identidade e ao cabelo. Poucos são os livros que não abordam a questão racial e apresentam as personagens em contextos diversos, narrando situações do cotidiano.

Um destaque positivo nesta perspectiva, de sair do contexto africano e racial, e trazer as narrativas para a contemporaneidade, seria a coleção Sara e sua Turma, onde a personagem Sara aparece em vários contextos distintos (escola, rua, família...), que no nosso modo de entender, se aproxima mais das crianças de hoje. Mesmo com tantos pontos positivos, a ilustração desta coleção nos chama atenção. A personagem Sara é a representação de uma menina real. Sara existe fora dos livros de literatura, que foram escritos por sua mãe Gisele Gama. Porém, nas imagens, Sara aparece mais clara do que é na realidade.

     

Fonte: Google imagens Sara e sua Turma

Sara é uma menina negra, de pele bem escura e com cabelos crespos. Nos livros pertencentes à coleção Sara e sua Turma, ela aparece mais clara e com cabelos cacheados. Os cachos são largos, o que é mais comum nas mulheres morenas, mais claras, do que nas negras retintas. Fica a questão: porque tal fato ocorreu? O que será que acontece na parte gráfica desses livros? Por que Sara teve seus traços modificados pelo desenho?

A maioria dos livros analisados numa pesquisa inicial para a escolha do corpus da tese (cerca de 35, todos publicados pós lei 10.639/03) apresentam personagens negros coloridos com a cor marrom. As personagens femininas, geralmente, apresentam questões identitárias envolvendo o cabelo, porém, em sua grande maioria são cabelos cacheados e não crespos.

É sabido que o negro brasileiro é fruto de uma miscigenação que envolveu a diáspora africana, a influência indígena e a cultura dos povos imigrantes, inclusive dos colonizadores. O que resultaria, pelo imaginário social, num ser híbrido (Glissant, 2005) e de pele mesclada, ou seja, de tom variado, em sua maioria marrom ou bege claro. Por outro lado, não podemos esquecer que há muitos negros de pele preta, os chamados negros retintos, que fazem parte deste mesmo povo brasileiro e que, por muitas vezes não se vê representado. De acordo com a pesquisadora Lília Moritz Schwarcz “definir a cor do outro ou a sua é mais do que um gesto aleatório; o ato vincula outros marcadores fundamentais para a conformação e o jogo das identidades” (2012. p. 102). Para a pensadora Nilma Lino Gomes, a identidade negra é construída com base na aceitação das características físicas como o cabelo e a cor da pele. Daí a relevância das representações dos negros, especialmente crianças negras, se darem de forma mais realista possível.

Fica aqui uma questão: substituir a cor preta pela marrom seria uma forma de racismo?

3 – A morenização dos personagens negros nas narrativas infantis

Como já mencionado, analisando os livros com temática étnico-racial com personagens negros, constatamos que a cor marrom é utilizada nas ilustrações para colorir meninos negros e meninas negras. Fato que descreveremos neste estudo como sendo uma “morenização”[iii] dos personagens.

Alguns destes personagens são descritos como negros e possuem características físicas de negros retintos, ou seja, negros de pele escura. Traços fenotípicos como cabelos crespos, lábios grossos e nariz alargado são mais predominantes nas pessoas de pele preta e não em mulatos ou morenos. Vejamos alguns exemplos:

A personagem Lulu e seu pai. Do livro Lulu adora histórias. (MC’QUINN, 2014, não paginado)

 

Nesta ilustração, retirada do livro Lulu adora histórias (2014), podemos perceber nitidamente, através dos traços físicos dos personagens que se tratam de pessoas de pele mais escura, o que contrapõe a cor utilizada na representação. O nariz, o cabelo, e até o penteado utilizado pela menina comprovam a ideia de que a cor de sua pele não corresponde à realidade.

Outro exemplo que nos causa estranhamento, está no livro O menino Nito (2011), em que todos os personagens são exatamente da mesma cor (pai, filho, mãe e o médico que vem atender o menino). Todos coloridos com o mesmo tom de marrom, sem que haja nenhuma variação sequer, o que seria na prática um fato quase impossível de acontecer. 

Ilustração do livro O menino Nito. (ROSA, 2011, p. 5)

Um outro exemplo desse branqueamento dos personagens negros ocorre no livro O colecionador de pedras (2014), em que a mãe do personagem principal tem olhos azuis. Fenômeno genético que ocorre em algumas pessoas negras de pele preta, e não marrom.

Personagens do livro O colecionador de pedras. (AGUSTONI, 2014, p. 13)

É importante salientar que o objetivo deste estudo não é criticar a arte da ilustração, mas sim entender a recorrência do fato de branquearem a cor dos negros em quase todos os livros infantis, inclusive nos livros que retratam a África.

Não há, nos mais de 30 livros analisados, nenhuma representação de personagens africanos de pele preta. Todos são marrons.

Não é que todo negro africano deva ser preto, pelo contrário, é necessário desmistificarmos o continente africano e apresentar às crianças todas as Áfricas existentes. O que nos incomoda é o fato de não haver nenhuma representação africana colorida de preto.

Desta forma, observamos novamente o fenômeno da padronização, em que todos os personagens ilustrados, sejam da mesma família ou não, possuem o mesmo tom de pele. O mesmo tom de marrom. Vejamos:

Representação de um rei africano no livro adaptado A princesa e a ervilha. (ISADORA, 2010, não paginado)

Representação de uma família real africana, rei, rainha e princesa, personagens do livro Princesa Arabela, mimada que só ela! (FREEMAN, 2008, p. 9)

Representação de um povoado africano no livro As tranças de Bintou. (DIOUF, 2010, não paginado)

Abena é uma princesa africana, personagem do livro O casamento da princesa. (SISTO, 2009, p. 27)

Já no livro Ana e Ana (2009), que narra as subjetividades de duas irmãs gêmeas desde a infância até a fase adulta, as personagens possuem um cabelo extremamente crespo, típico das mulheres de pele mais escura. Porém, mais uma vez, o tom da pele é clareado, transformando mulheres pretas em marrons.

Representação das gêmeas Ana Carolina e Ana Beatriz no livro Ana e Ana. (SILVA, 2007, p. 15)

              

No tocante ao cabelo observado na ilustração acima, é importante ressaltar que se trata de uma rara ilustração que referencia o cabelo crespo, classificado como 4b ou 4c dentro dos estudos sobre curvatura dos fios capilares. No geral o cabelo das meninas negras são retratados como cacheados. Porém, é sabido que muitas mulheres negras não possuem cachos naturais, principalmente cachos largos como no cabelo da personagem Sara (imagem já apresentada anteriormente).

Para as mulheres o cabelo é uma parte do corpo muito visível e significativa, é um aspecto estético muito relevante para a sua autoestima. No entanto, para as mulheres negras ele se torna um problema sério quando as definições de identidade e ancestralidade não estão bem consolidadas. O cabelo crespo não consta das definições de beleza estabelecidas socialmente, é tido como ruim e feio, se tornando alvo de ofensas, rejeição e preconceito. “A rejeição do cabelo, muitas vezes, leva a uma sensação de inferioridade e de baixa autoestima contra a qual faz-se necessária a construção de outras estratégias” (GOMES, 2008, p. 189)

Um outro exemplo positivo que apresenta o cabelo crespo e sem cachos das meninas negras está no livro Cadarços desamarrados (2009) da autora Madu Costa.

Mariana, personagem principal do livro Cadarços desamarrados, da autora Madu Costa. (COSTA, 2009, não paginado)

O impacto das ilustrações pode auxiliar na construção de uma identidade negra positiva ou reforçar atitudes e imaginários preconceituosos. Vejamos abaixo dois exemplos negativos de ilustrações que podem ser deturpadas pelas crianças, especialmente aquelas que ainda não estão alfabetizadas, pois neste ponto, o texto imagético se sobrepõe ao texto escrito e a mensagem transmitida nem sempre chega da forma como o autor ou o ilustrador pensaram.

Ilustração da personagem Lelê no livro O cabelo de Lelê. (BELÉM, 2012, p. 8)

Imagem retirada do livro O mundo começa na cabeça (AGUSTONI, 2011, p. 16)

Com base no exposto, é extremamente urgente que se repense a forma de ilustrar um livro infantil com personagens negras, para que as imagens utilizadas não reforcem os estereótipos e possam contemplar com dignidade a população negra que não se enquadra na política de morenização dos indivíduos.

Portanto, fica praticamente impossível não recordarmos Octavio Paz no livro Introdução a uma Literatura Negra de Zilá Bernd, em que o autor afirma que não devemos ser ingênuos a ponto de ignorar os processos de manipulação que sofrem os textos literários. Ele estava se referindo ao contexto histórico, social e político na Literatura, mas, nos atrevemos a ir além, e pensar neste mesmo contexto, as ilustrações das narrativas infantis.

Será ingenuidade nossa achar que a cor marrom dos livros infantis não deixa de marcar, em certo ponto, uma identidade negra e foi apenas uma escolha estética dos profissionais envolvidos na confecção dos livros? Ou deixemo-nos ser lançados a um pensamento mais radical, com um viés mais político, histórico e social, que nos leva à tentativa do branqueamento histórico (Nina Rodrigues) e à existência dos cidadãos de segunda classe (Jessé de Souza)?

De acordo com o pensamento de Darcy Ribeiro “prevalece, em todo o Brasil, uma expectativa assimilacionista, que leva os brasileiros a supor e desejar que os negros desapareçam pela branquização progressiva. Ocorre, efetivamente, uma morenização dos brasileiros” (RIBEIRO, 2006, p. 206). E o fato de querermos padronizar a cor do indivíduo brasileiro através de um tom de marrom, deixando de lado as representações de personagens pretos, é um ato de racismo, pois nitidamente, há um apagamento da identidade negra. De acordo com Ribeiro (2006), nessa cultura assimilacionista, a negritude é diluída em várias escalas de gradações, ou seja, há um apagamento dessa negritude.

Com base em dados do IBGE analisados em 2017, cerca de 44,2% da população brasileira se declara branca, enquanto 46,7% se autodenomina parda e, somente 8,2% se entende como preta. Um número muito discrepante tendo em vista que, muitas das pessoas que se autodeclaram pardas são negras, mas ainda não se percebem assim. E tal discrepância continuará recorrente se as representações destes negros, seja na mídia, na literatura ou em qualquer outro setor, não se derem de forma mais realista, respeitando as cores de pele das pessoas.

Uma demonstração dessa variação de tons de negro, que levam as pessoas a se autodeclararem de formas distintas pode ser notada nas ilustrações do livro Meninas negras (2010) da autora Madu Costa.

Já no título fica claro que a narrativa se dará em torno de meninas negras e ao longo do texto são apresentadas cada uma, individualmente. O tipo de cabelo e os tons de pele são distintos, o que observamos como um ponto positivo, tendo em vista a recorrência da padronização na paleta de cores. Na imagem selecionada, podemos verificar três cores diferentes, inclusive um tom bem mais escuro que quase se assemelha ao preto. As ilustrações estão, no nosso entendimento, adequadas e bem próximas da realidade étnica brasileira.

As Meninas negras de Madu Costa. (COSTA, 2010, não paginado)

 

O que nos chama atenção aqui é o texto: “estas são meninas negras, pele marrom...”. Por que negros e negras precisam ter pele marrom? Por que a tendência a omitir ou branquear a pele preta?

A identidade negra precisa ser resgatada e valorizada. Esse racismo baseado na teoria do colorismo precisa ser destruído. Portanto é preciso que haja representatividade dessas pessoas. Os autores e ilustradores precisam rever essa questão, a fim de que suas obras sejam portadoras de significado e identidade. E possa, enfim, promover alguma mudança social.

As crianças são capazes de perceber as sutilezas do discurso e das ilustrações. Bem como, infelizmente, também podem reproduzir atitudes racistas que aprendem em casa, na rua ou que permeiam seus imaginários, mesmo que inconscientemente.

Nossos pequenos leitores, sejam de textos ou de imagens, são questionadores e percebem quando um texto é pobre de significado, quando algum elemento falta ou é mal representado nos livros. Inocente quem acredita que na imaturidade e ingenuidade desses meninos e meninas que povoam o Brasil de agora.

4 – Lápis cor de preto

É muito comum nas escolas, alunos e professores rotularem um lápis de cor rosa claro como lápis cor de pele. É muito difícil desconstruir um hábito que acompanha alunos e alunas desde a educação infantil. Segundo questionamento feito com algumas professoras é para que o desenho fique “mais bonitinho”.

De acordo com Munanga (2005), alguns professores não sabem atuar em situações de discriminação e racismo dentro das escolas porque não foram preparados ou porque estão dominados pelos preconceitos que neles foram introjetados ao longo de sua vida. É preciso apresentar aos educandos a diversidade existente em nossa sociedade e ajudar àqueles que, por algum motivo, ainda é discriminado, a se colocar e assumir com dignidade e orgulho os atributos de sua diferença.

Não existem leis no mundo que sejam capazes de erradicar as atitides preconceituosas existentes nas cabeças das pessoas, atitudes essas provenientes dos sistemas culturais de todas as sociedades humanas. No entanto, cremos que a educação é capaz de oferecer tanto aos jovens como aos adultos a possibilidade de questionar e desconstruir os mitos de superioridade e inferioridade entre grupos humanos que foram introjetados neles pela cultura racista na qual foram socializados. Apesar da complexidade da luta contra o racismo, que consequentemente exige várias frentes de batalhas, não temos dúvida de que a transformação de nossas cabeças de professores é uma tarefa preliminar importantíssima. (MUNANGA, 2005, p. 17)

Com muito empenho, embasamento, discurso e muita literatura de qualidade, é possível mostrar às crianças que a maioria das pessoas não possui a pele cor de rosa, e que, várias outras cores podem ser usadas como o bege, o amarelo, o marrom e o preto.

O problema é que elas reproduzem o que veem. E, tendo contato apenas com ilustrações onde os personagens são coloridos de marrom, elas não querem usar o preto. E, quando questionadas sobre o motivo, elas respondem: “é que assim fica mais bonitinho”. Está evidente aqui a falta de representatividade do negro retinto (aquele de pele preta) nos livros de literatura infantil, gerada muitas vezes pela ausência de uma ilustração adequada.

Se o famoso lápis cor da pele, que na verdade é rosa, consegue ser substituído pelo marrom, é muito possível, que o marrom seja, em alguns casos, substituído pelo preto. Basta que os alunos possam observar isso através dos livros de literatura que lhes são apresentados.

Dentre os livros selecionados e pesquisados, encontramos apenas cinco que trazem personagens coloridos com a cor preta. São eles:

Luan, personagem do livro Lápis de cor. (COSTA, 2012, não paginado)

 

Capa do Pretinha, eu? de Júlio Emílio Braz. (BRAZ, 2008)

 

Personagens do livro Rosa Morena. (BORGES, 2009, não paginado)

Representação de Zumbi dos Palmares criança. Está no livro Zumbi dos palmares em cordel. (COSTA, 2013, p. 12)

 

Ilustração do livro: O segredo da Chita voadora (EVELYN, 2017, não paginado)

5 – Algumas considerações sobre o Racismo no Brasil e o Mito da Democracia Racial

É função do texto literário, além de entreter e despertar o imaginário infantil, promover situações em que sejam derrubadas as bases que sustentam, até hoje, o racismo no Brasil. Um racismo que se dá, muitas vezes de forma sutil e inconsciente, pois encontra-se enraizado na cultura social. Ninguém se assume racista. Todas as práticas excludentes são justificadas por outras questões que não envolvam o aspecto racial.

Para Nilma Lino Gomes, o racismo em nossa sociedade ocorre de maneira muito particular, pois se sustenta através de sua própria negação. Para a autora “O racismo no Brasil é alicerçado em uma grande contradição” (GOMES, 2012 p. 46), pois a sociedade brasileira sempre negou insistentemente sua existência e do preconceito racial. No entanto, as pesquisas atestam que os negros ainda são discriminados e vivem em situações de profunda desigualdade racial quando comparados com outros segmentos raciais do país, sejam estes brancos ou mulatos, sobretudo quando se constata que o racismo atua de maneira diferente quando se trata da pigmentação da pele, tendo em vista que quanto mais escura ela for, mais forte e cruel se dá o preconceito. Quanto mais clara for o tom da pele, mais aceito é o indivíduo. O que corrobora com o pensamento do antropólogo Darcy Ribeiro, no tocante à sua afirmação de que “A característica distintiva do racismo brasileiro é que ele não incide sobre a origem racial das pessoas, mas sobre a cor de sua pele” (RIBEIRO, 2006, p. 206)

A década de 20 encontrou uma população negra imobilizada por duas poderosas forças ideológicas: o branqueamento, que se tornou o ideal a ser atingido principalmente pela burguesia e se manifestou pela imitação do “estilo” branco tanto a nível dos caracteres físicos quanto morais e culturais, e a democracia racial, que fazia com que todos acreditassem que vivíamos em um país livre de preconceitos ou discriminações e onde todas as raças tinham igualdade de oportunidades. (BERND, 1988, p. 63)

O imaginário social construído acerca da ausência do racismo na sociedade brasileira se deu por vários motivos, mas principalmente pelas narrativas do intelectual Gilberto Freyre. Tido como ambíguo e contraditório, Freyre é um espelho da sociedade de seu tempo, preso a ideia do racismo científico como tantos outros. A interpretação cultural do pensador descrita em sua obra máxima Casa Grande e Senzala (1993), auxiliaram na construção e manutenção de que brancos e negros, ricos e pobres conviviam em harmonia no Brasil, o que gerou a chamada Democracia racial. Fato que nunca ocorreu em tempo algum, desde o início da escravização dos povos africanos até os dias atuais, sobretudo nos últimos tempos que envolveram questões políticas e preconceituosas muito sérias em nosso país.

É importante salientar que o objetivo da obra não era perpetuar as desigualdades, mas sim criar uma identidade nacional, onde as desigualdades fossem suprimidas pelas relações de cordialidade e pacifismo (mesmo que no fundo de suas intimidades os indivíduos não fossem tão cordiais assim, muito menos pacíficos). Porém ao fazer isso, Freyre esvazia a discussão em torno das desigualdades sociais e raciais e idealiza uma sociedade sem conflitos.

Como não percebia o principal, que é a assimilação de pressupostos implicitamente racistas no coração do próprio culturalismo, Freyre lutou bravamente dentro do paradigma do culturalismo, para tornar ao menos ambígua e contraditória a condenação prévia das sociedades ditas periféricas em relação às virtudes reservadas aos americanos e europeus. Freyre procurou e conseguiu criar um sentimento de identidade nacional brasileiro que permitisse algum orgulho nacional como fonte de solidariedade interna. Foi nesse contexto que nasceu a ideia de uma cultura única no mundo, luso-brasileira, percebida como abertura cultural ao diferente e encontro de contrários. (SOUZA, 2018, p. 13)

O sociólogo e pesquisador brasileiro Jessé de Souza, em sua obra Subcidadania brasileira: para entender o país além do jeitinho brasileiro (2018), analisa a formação de uma identidade nacional brasileira a partir das ideias de alguns pensadores relevantes para o período, como Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda. De acordo com Souza (2018) foi Freyre quem criou e sistematizou a versão dominante de identidade nacional num país que até então não tinha nada eficaz nesse sentido. Freyre influenciou muitos outros escritores e artistas, que seguiram essa trilha de encontrar o típico sujeito brasileiro. Porém Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil utiliza todos os aspectos levantados por Freyre como positivos e os reconfigura como negativos. O homem “emotivo” de Freyre se torna o “homem cordial” para Holanda, numa crítica à singularidade desse sujeito brasileiro criado no imaginário social e que afeta fortemente em relações humanas, de identidade e de classe.

Sérgio Buarque opera duas transformações essenciais no paradigma inventado por Freyre que irão possibilitar ao culturalismo racista, agora na versão “vira-lata” de Buarque, tornar-se a versão oficial do liberalismo conservador brasileiro. Essa visão absurda e servil do brasileiro como lixo do mundo, que retira a autoestima e a autoconfiança de todo um povo, só logrou se tornar a ideia hegemônica entre nós porque se traduz em dinheiro e hegemonia política para a ínfima elite do dinheiro que nos domina há séculos. Essa ideia possibilita a união do desprezo das elites internacionais em relação à periferia do capitalismo, com o desprezo das elites nacionais pelo seu próprio povo. (SOUZA, 2018, p. 15)

Ainda de acordo com Souza (2018), o contraponto de Buarque não foi suficiente para romper com os enganos identitários cometidos por Freyre. Pelo contrário, para o autor, essa sociologia do brasileiro como vira-lata, ou sem raça, justifica os conflitos sociais, políticos e ideológicos do Brasil contemporâneo.

Para o teórico Edouard Glissant, a função dos artistas, escritores e poetas é a de revelar, através da Poética da Relação, o imaginário das humanidades, impedindo, assim, que esta seja conduzida a partir de modelos tidos como universais e válidos para todas as culturas. Segundo ele, “a questão atual colocada às culturas particulares é a de como renunciar à mentalidade e ao imaginário movido pela concepção de uma identidade-raiz única, para entrar na identidade-relação” (ROCHA, 2003, p. 34). Por isso, essa busca por uma identidade única brasileira que apaga as identidades dos povos indígenas e africanos, colocando todas numa mesma mistura que não dá conta de explicar ou representar as individualidades do povo é uma falácia fadada do fracasso. Acreditamos que o ideal seria encontrar um equilíbrio, onde todas as identidades convivessem juntas em respeito mútuo, num processo relacional de aprendizado, ressignificações e novos comportamentos e onde a cultura do povo negro não fosse apagada, o que nos aproximaria do conceito de Identidade Relação proposto por Glissant.

Esta anulação e incorporação das identidades culturais negras numa identidade nacional única é uma forma de controle que pressupõe uma falsa ideia de integração. Fato que gerou um conflito muito grande entre a população negra brasileira e um sentimento de inferioridade quando associada a teorias racialistas e à tentativa do branqueamento ocorrida no início do século XX, através dos estudos e teorias do médico e antropólogo Nina Rodrigues.

A elite “pensante” do país tinha clara consciência de que o processo de miscigenação, ao anular a superioridade numérica do negro e ao alienar seus descendentes mestiços graças a ideologia de branqueamento, ia evitar os prováveis conflitos raciais conhecidos em outros países, de um lado, e, por outro, garantir o comando do país ao segmento branco [...] (MUNANGA, 2008, p. 75)

Para o antropólogo e professor kabengele Munanga (2005), o reflexo do mito da democracia racial, compromete, sem dúvida, o objetivo fundamental da nossa missão no processo de formação de nossas crianças “futuros cidadãos responsáveis de amanhã”.

Conclusão

A existência de uma identidade nacional, que mantenha o mulato (ou moreno) como elemento central, cria uma hierarquização de cores e raças e uma visão pejorativa dos traços fenótipos dos negros, favorecendo a exclusão desse povo, que, sendo considerados seres inferiores aos mulatos, vão buscar de todas as formas o branqueamento de seus corpos, numa tentativa de aceitação e inclusão. Inicia-se aqui um grave problema de autoestima e negação de identidade. “É na recriação cultural que os sujeitos negros, expostos às situações de exploração econômica, encontram forças para reelaborar sua vida e atribuem significados novos às suas expressões culturais” (GOMES, 2008, p. 184).

Portanto, é inadmissível que livros voltados para crianças, principalmente nas publicações mais recentes, posteriores à publicação da Lei 10.639/03, reforcem esse posicionamento, seja ele consciente ou não, artístico ou político.          Esse mulato, fruto da miscigenação, típico brasileiro, ocupa uma posição indefinida dentro da sociedade racista, pois é concebido, de maneira ilusória, como superior aos negros, mas também, inferior aos brancos. Mesmo tendo sido utilizado por este último grupo como arma para contrapor o primeiro. O que nos faz entender como é conflitante a experiência do mestiço, que é a “de carregar no corpo e na aparência a confluência e o confronto de duas raças que se construíram historicamente de maneira antagônica” (GOMES, 2008, p. 160).

Contudo, esse mulato não é capaz de representar uma nação inteira, tão permeada de culturas e etnias diversas. É preciso que cada segmento étnico seja representado de forma independente e mais fidedigna. É inconcebível que um livro voltado para crianças, menospreze tanto sua capacidade interpretativa, trazendo todos os personagens, sendo da mesma família ou não coloridos com a mesma cor, ou pior ainda, com o mesmo tom, sem trocar o lápis.

Reiteramos que o presente artigo é fruto de uma indagação inicial que precisa ainda de mais investigação. È preciso entender melhor como se dá o processo ilustrativo dos livros infantis e até que ponto a arte pode prejudicar ou não o entendimento e o objetivo da obra.

De qualquer modo, é preciso valorizar mais a Literatura Infantil e respeitar o seu público, que é o futuro da humanidade. Preparar e educar nossas crianças, para serem pessoas menos preconceituosas, mais humanas e conscientes de sua verdadeira identidade é função de todos os envolvidos no processo educacional, inclusive daqueles que produzem os materiais a serem utilizados nesta empreitada, ou seja, os livros.

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Notas

* Cristiane Veloso de Araujo Pestana é Professora da rede pública de ensino de Juiz de Fora- MG, Especialista em Literatura e Cultura Afro-brasileira, Mestra e Doutoranda em Letras, Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Em seu projeto de Doutorado, pesquisa a representação das personagens negras na Literatura Infantil brasileira. E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

[i] Texto publicado no ebook: Atas do IV Simpósio de literatura negra ibero-americana. UFPR 2019.

[ii] Lei Federal que torna obrigatório o ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira nas escolas públicas e privadas.

[iii] Termo utilizado por Darcy Ribeiro no livro O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil (2006) e recuperado aqui para explicar a tendência de os livros de literatura infantil utilizarem, predominantemente, a cor marrom para representar personagens negros.

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