ANAIS DO SIMPÓSIO


Notre-Dame de Paris: a prosa, a tela e o palco

Júnia de Castro Magalhães Alves
Unicentro Newton Paiva

Neste ensaio, o romance Nossa Senhora de Paris: o corcunda de Notre-Dame, tradução de Notre-Dame de Paris, escrito por Victor Hugo, em 1831, constitui o corpus do estudo comparativo das semioses que configuram algumas representações fílmicas e outras televisivas deste livro, a saber:

A - A película mais próxima do texto original, em cinemascope, falada em francês e intitulada Notre-Dame de Paris (1956), foi realizada por Studios de Bolonha, dirigida por Jean Delannoy e protagonizada por Anthony Quinn (Quasímodo) e Gina Lollobrigida (Esmeralda). Robert Hirsch, Alain Cuny e Jean Danet fazem o papel de Pedro Gringoire, de Cláudio Frollo e do Capitão Febo, respectivamente. A produção é da Paris Film–Pantalia Roma. A distribuição deve-se a Robert e Raymond Hakin.

B - Filmaram-se outras adaptações da obra. A primeira, produzida nos Estados-Unidos em 1923, foi dirigida por Wallace Worsley e adaptada por Perley P. Sheehan, nos anos do cinema mudo. Essa versão, denominada The hunchback of Notre-Dame, apresenta Lon Chaney (Quasímodo) e Patsy Ruth Miller (Esmeralda). Nela, Raymond Halton é Pedro Gringoire, Nigel Bruillier é Cláudio Frollo, e Norman Kerry é Febo. O cenário é de Edward T. Lowe, Jr. A direção artística é de E. E.Sheeley e Sidney Ullman.

C - O filme de 1939 (The hunchback of Notre-Dame. Norte-americano. Distribuição da RKO – Radio Pictures), foi produzido por Pandro S. Bernan, adaptado por Bruno Frank e dirigido por William Dieterle. Nele, Charles Laughton é Quasímodo; Sir Cedric Hardwicke é Cláudio Frollo; Maureen O'Hara é Esmeralda; Edmond O'Brien é Gringoire e Alan Marshal é Febo. O cenário é de Darrell Silvera e a música, de Alfred Newman. O roteiro cinematográfico foi escrito por Sony Levien.

D - O desenho animado e musical norte-americano, The hunchback of Notre-Dame, foi produzido por Don Hahn, dirigido por Garry Trousdale e Kirk Wise, executado e apresentado pela Walt Disney Pictures, e distribuído pela BuenaVista Pictures (1996). Raudy Fullman é o coordenador artístico. A música de Alan Menken acompanha os versos escritos por Stephan Schwartz. A animação é de Tab Murphy e a multidão foi gerada por computador. O poeta Gringoire foi eliminado do texto.

E - Em 1982 montou-se outro espetáculo ainda com o título de The hunchback of Notre-Dame, desta vez para a televisão, dirigido por Michael Tuchner. Nele atuaram Anthony Hopkins, Derek Jacobs, Lesley-Ann Down, John Gielgud, Tim Pigott-Smith and Rosaline Crutchley. Esta versão atualmente não é encontrada.

F - A Alliance Communication Productions (Warner Home Vídeo-TNT: Turner Network Television, 1996) produziu e apresentou uma versão do livro, intitulada The hunchback, dirigida por Peter Medak, e tendo como protagonistas Mandi Patinkin (Quasímodo), Salma Hayek (Esmeralda) e Richard Harris (Cláudio Frollo). A personagem Febo não existe no texto e Jim Dale é Pedro Gringoire. A música é de Ed Shearmur .

Notem-se ainda as seguintes produções:

G - O musical (francês), denominado Notre-Dame de Paris, de Richard Cocciante (música) e Luc Plamondon (texto), foi co-produzido por Charles Talar e Victor Bosch, e instalou-se no Palais des Congrès em Paris, no dia 16 de setembro de 1998. Concentra-se na beleza sonora, caracteristicamente francofônica. Neste espetáculo atuam Garou (Quasímodo), Hélène Ségara (Esmeralda), Daniel Lavoie (Frollo), Patrick Fiori (Febo), Bruno Pelletier (Gringoire). A aceitação fulgurante de Notre-Dame de Paris, como ópera popular, proporcionou-lhe a entrada no Livro Guiness dos recordes.

H - A P5 Produções Artísticas, companhia teatral de Belo Horizonte, em Minas Gerais, Brasil, montou em 2001 um musical, denominado O corcunda de Notre-Dame, dirigido por Marco Amaral, com Yuri Simon (Quasímodo), Kátia Kouto (Esmeralda), Wolney de Oliveira (Febo), Zeca Santos (Frollo), Anderson Matos (Gringoire). A adaptação do texto é de Marco Amaral e a trilha sonora original é de Leo Mendonza.

O filme franco-italiano (1956)

As semioses do romance e do filme franco-italiano (que acompanha o livro de perto e o concretiza) celebram o amor incondicional, simbolizado pela fidelidade de Quasímodo para com a Esmeralda; propagam o humanismo fervente, por meio do qual o povo se afirma como criador dos valores morais, definidos a partir das exigências concretas (psicológicas, históricas, econômicas e sociais) que condicionam a vida humana; e criticam a prepotência, a cegueira e a irresponsabilidade da aristocracia e do clero. A metodologia realista da narrativa e a descrição literária de estilo gótico romântico, de Victor Hugo, são substituídas pela câmara fotográfica. O desfecho do filme, conserva a tragédia do livro.

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