Sandra Menezes é carioca de Vaz Lobo, formada em Comunicação Social pela FACHA-RJ e pós-graduada em Comunicação pela UCDB-MS. Além de jornalista e escritora, sua carreira marca presença na dramaturgia e na representação, bem como na música.

Na música popular, gravou o CD solo – Sincreticoração – além de ter feito apresentações ao lado do Quinteto Violado, na turnê nacional do Projeto Pixinguinha de 1997. Já no canto lírico, desde 2016 vem marcando presença em recitais do Núcleo de Ópera da Associação de Canto Coral.

Por dois anos cursou a escola de teatro do grupo O Tablado, onde participou das peças As interferências, de Maria Clara Machado, e Quem Pariu Mateus que o Embale, de Taís Baloni. Fez também o curso de interpretação da Casa de Cultura Laura Alvim, com o diretor Daniel Herz, e os cursos de Interpretação para a TV de Andréa Avancinni e do Studio de Atores. Ainda no campo da representação, tem participações como atriz nas novelas Avenida Brasil, da Rede Globo e Os Mutantes, da Record.

Já como dramaturga, Sandra Menezes participou do projeto teatral Mãe, idealizado pelas atrizes Roberta Valente e Tamires Nascimento. 

A autora inicia suas publicações em livro com duas crônicas, “Horror na Serra Fluminense” e “Pequena História de Um Dia”, presentes na antologia Negras crônicas, da editora Villardo, lançado na Bienal do Livro de 2019.

Como contista, participa das antologias Re-Existência, da editora Cartola, com a narrativa “O Vestido”; Escritas femininas em primeira pessoa, da editora Oralituras, com “O giro de Adisa”, sua primeira narrativa no gênero fantasia; e está presente ainda na celebrada publicação Carolinas – A nova geração de escritoras negras brasileiras, da editora Bazar do Tempo, coletânea que é resultado do processo formativo da edição da FlupDigital2020 em homenagem à Carolina de Jesus, com o conto “Irmãs”.

O conto “A Festa”, foi um dos cinco escolhidos para integrar a antologia Afrofuturismo – O futuro é nosso, volume 3, da editora Kitembo, lançado em 2022. A respeito deste conto, afirma a autora:

  

A personagem Duane me apareceu saindo da estação do transporte subaquático num ambiente de tecnologias avançadas onde o comportamento humano ainda é imprevisível. Na mesma semana, ela voltou algumas vezes à minha imaginação me lembrando que abusadores precisam ser derrotados e que essa é uma questão atemporal. Os vilões existirão no futuro? Imaginar o amanhã é um desafio que passou a impulsionar a minha escrita, exatamente porque tem a ver com o desconhecido. Nesse caminho nos deparamos com personagens que se conectam com a ancestralidade, tanto já tendo conhecimento de como fazê-lo, quanto de maneira inesperada, como foi o caso de Duane. Em “A Festa”, encontrei esta mulher negra com conflitos internos, e que conta com a ajuda de uma encantada que transita pelo tempo para lhe trazer a paz e o entendimento sobre seu destino. Escrever esse conto me permitiu acessar um ambiente misterioso, um lugar onde todo o tipo de encontro pode acontecer, e onde o que estava oculto vem à tona com força transformadora. Estou muito feliz por ter conhecido esses personagens e por fazer parte desse livro ao lado de outros autores com olhares tão diversos em torno da mesma meta, que é fabular o futuro.

Fabular o futuro” – eis o desafio assumido na contemporaneidade por uma promissora geração de jovens escritoras e escritores afrodescendentes. Desafio que atravessa o livro, o teatro, a graphic novel e também o cinema, como se pode constatar a partir da premiada peça de Aldri Anunciação – Namíbia não! – recentemente adaptada às telas com direção de Lázaro Ramos.

Desafio esse encarado de frente por Sandra Menezes e que resulta na produção de seu primeiro romance. A partir de uma construção afro-futurista, O céu entre mundos remete à reflexão sobre o passado apagado pelo memoricídio, em que desponta a ancestralidade africana a atravessar séculos e planetas. A multiplicidade de tempos, espaços e ações estrutura um enredo em que desponta o planeta Wangari como alternativa ao ambiente de uma Terra devastada. Narrado em primeira pessoa, já de início acompanhamos a heroína em fuga numa nave espacial rumo... à Terra.

Conforme destaca a pesquisadora Sílvia Barros na apresentação do livro,

O céu entre mundos é um romance para exercitar imaginação, formular uma realidade de comunicação por telepatia e naves voando para outros sistemas planetários, mas também para ter notícias de quem veio antes de nós, pessoas cujas experiências eram futuristas no passado, pois pavimentaram estradas para que nós caminhássemos.

Contemporânea até a medula, a ficção de Sandra Menezes trafega com desenvoltura pela tradição futurista e distópica para instigar a compreensão crítica do presente e de seus vínculos com a herança ancestral, a fim de possibilitar um amanhã construído por um saber fundado na experiência.


 

PUBLICAÇÕES

Obra Individual

O céu entre mundos. Rio de Janeiro: Editora Malê, 2021. (romance).

Antologias

Horror na Serra Fluminense” e “Pequena História de Um Dia”. In: Negras crônicas. Rio de Janeiro: Editora Villardo, 2019.

 

O Vestido”. In: Re-Existência. Organização de Meg Mendes. São Paulo: Editora Cartola, 2020. (conto).

O giro de Adisa”. In: Escritas femininas em primeira pessoa. Organização de Maitê Freitas. São Paulo: Editora Oralituras, 2020. (conto).

Irmãs”. In: Carolinas: A nova geração de escritoras negras brasileiras. Organização de Júlio Ludemir, ilustrações de Thaís Linhares. Rio de Janeiro: Editora Bazar do Tempo/FLUP, 2021. (conto).

A festa”. In: Afrofuturismo – O futuro é nosso, vol. 3. Organização de Kinaya. São Paulo: Editora Kitembo, 2022. (conto).

 

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