Breve história do Curso de Letras

A FUNDAÇÃO 

A história da criação do Curso de Letras da UFMG começa no final dos anos 30 do século XX, antes mesmo da instalação da primeira turma, em 1941. Naquela época um grupo de intelectuais mineiros, em sua maioria vinculados ao Colégio Marconi de Belo Horizonte, decidiu fundar uma instituição de ensino superior destinada a formar professores na capital mineira. Os cursos superiores aqui instalados desde o final do século XIX e início do século XX estavam voltados basicamente para a formação de engenheiros, médicos, dentistas, farmacêuticos e advogados. E foi justamente da Faculdade de Direito de Minas Gerais que veio boa parte dos primeiros professores da nova instituição, denominada Faculdade de Filosofia de Minas Gerais (FAFI-MG), cuja fundação ocorreu em 21 de abril de 1939. A foto a seguir retrata o ato fundacional, com seus principais personagens.

 
Profs. Arthur Versiani Velloso, Braz Pellegrino, Lúcio José dos Santos (Diretor),
Padre Clóvis de Souza e Silva e José Lourenço de Oliveira

 

Dois anos após o ato oficial de fundação da Faculdade, o Prof. Lúcio José dos Santos (1875-1944), retratado na foto acima, ministrou a aula inaugural, simbolizando o início oficial dos cursos de Letras ClássicasLetras Neolatinas, Filosofia, Matemática, Geografia, História e Ciências Sociais. Essa aula foi ministrada em 18 de março de 1941, no Colégio Marconi, localizado no Bairro Santo Agostinho em Belo Horizonte, onde funcionaram os cursos até abril de 1942. Desse ano até 1952, as atividades dos cursos estiveram sediadas na antiga Escola Normal Modelo, hoje Instituto de Educação de Minas Gerais, localizado no Bairro Funcionários.

 

Colégio Marconi (1941) Instituto de Educação (1942 a 1952)
(Antiga Escola Normal Modelo)

 

OS PRIMEIROS PROFESSORES
 

Dentre os professores catedráticos que formularam os primeiros programas das disciplinas e ministraram as aulas no início do Curso de Letras, destacam-se:

José Lourenço de Oliveira (1904-1984)
LÍNGUA LATINA

Mário Casassanta (1898-1963)
LÍNGUA PORTUGUESA

Aires da Mata Machado filho (1909-1985)
FILOLOGIA ROMÂNICA

Guilhermino César (1908-1993)
LITERATURA BRASILEIRA

Abgar Renault (1901-1995)
LÍNGUA E LITERATURA INGLESA

 Eduardo Frieiro (1889-1982)
LITERATURA HISPANO-AMERICANA

Cláudio da Silva Brandão (1894-1965)
LÍNGUA E LITERATURA GREGA

Arduíno Bolivar (1873-1952)
LITERATURA LATINA

 Orlando Magalhães Carvalho (1910-1998)
LÍNGUA E LITERATURA FRANCESA

José Carlos Lisboa (1902-1994)
LÍNGUA E LITERATURA ESPANHOLA

Vincenzo Spinelli (1896-1973)
LÍNGUA E LITERATURA ITALIANA

Orozimbo Nonato da Silva (1891-1991)
LITERATURA PORTUGUESA 

Dentre os professores, o Prof. José Lourenço de Oliveira (1904-1984) adquire especial destaque para o Curso de Letras, pois, além de desempenhar um papel importante na fundação e administração da nova Instituição (veja foto do ato fundacional), foi um dos pioneiros da pesquisa linguística em Minas Gerais e Professor Catedrático do Curso de Letras de 1941 a 1969, tendo sido agraciado com o título de Professor Emérito da Faculdade de Letras da UFMG em 1974.
 

OS PRIMEIROS ALUNOS
 

Em março de 1941, sete alunos se matricularam na primeira turma do Curso de Letras após a aprovação do vestibular, sendo dois em Letras Clássicas (João Etienne Arregui Filho e Rubens Costa Romanelli) e cinco em Letras Neolatinas (Cornélia Gomes de Pádua, Hélio de Almeida Brum, Maria da Conceição Assunção, Marília de Dirceu Amorim e Natália Amorim). Em 1943, Rubens Costa Romanelli, Maria da Conceição Assunção, Marília de Dirceu Amorim e Natália Amorim colaram grau no Bacharelado, que tinha a duração de três anos. O complemento de disciplinas pedagógicas por mais um ano qualificava os bacharéis para a Licenciatura.

Da primeira turma, há que se destacar o nome de Rubens Costa Romanelli (1913-1978), que, logo depois de formado, veio a integrar o quadro de professores da própria Faculdade e bem mais adiante presidiu a comissão de criação do Curso de Pós-Graduação em Letras na FALE, em 1973, sendo eleito o primeiro Coordenador.

 

Rubens Costa Romanelli: 1943 (Colação de Grau em Letras Clássicas) e 1972
 

Da segunda turma, que iniciou o curso em 1942, destacamos dois alunos: Wilton Cardoso de Souza (1916-1999) e Maria Luiza Ramos. Logo depois de formado, Wilton Cardoso já começou a atuar como assistente dos professores catedráticos de Literatura Portuguesa e de Literatura Brasileira, e na década de 1960 assumiu a titularidade de disciplinas como professor da nossa Faculdade até a sua aposentadoria em 1986. A professora Maria Luiza Ramos também atuou na nossa Faculdade, como professora titular, até a sua aposentadoria em 1983 e publicou um livro marcante no âmbito da teoria da literatura: Fenomenologia da obra literária.


 

 

 
 Wilton Cardoso de Souza (década de 1970)   Maria Luiza Ramos: década de 1940 e 2006

 

Da turma de 1943, destacamos duas alunas que ganharam destaque no mundo artístico: Laís Corrêa de Araújo (1928-2006), que foi considerada uma das principais personalidades femininas da poesia brasileira moderna e Maria Lúcia Godoy, cantora lírica mundialmente referenciada. 

Laís Corrêa de Araújo (década de 1950) Maria Lúcia Godoy

 

A turma de 1946 nos presenteou Ângela Toneli Vaz Leão, Professora Livre-docente e Titular pela UFMG, agraciada com o título de Professora Emérita desta Faculdade em 1990, onde atuou como professora e pesquisadora de 1959 a 1987. Foi a primeira Diretora da nossa Faculdade, entre 1969 e 1973.

Ângela Toneli Vaz Leão: Década de 1940 e 2009

 

DESENVOLVIMENTOS
 

Em 1948, a Faculdade de Filosofia, que até então era particular, tornou-se uma instituição pública estadual, sendo integrada à Universidade de Minas Gerais (UMG). Logo a seguir, em 1949, a UMG foi federalizada, tornando-se mais tarde UFMG. Nessa mudança, a antiga Faculdade de Filosofia tornou-se Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Em 1953, o Curso de Letras deixou a antiga Escola Normal e passou a funcionar no Edifício Acaiaca, no Centro de Belo Horizonte, onde permaneceu até 1961, quando se instalou no antigo prédio da FAFICH, na Rua Carangola, Bairro Santo Antônio, e lá permaneceu até 1982. 

Edifício Acaiaca (1953 a 1960) Prédio da Rua Carangola (1961 a 1982)

 

Em 1968, em decorrência de lei federal que reestruturou a Universidade brasileira, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras se desmembrou, dando lugar a seis unidades da UFMG: o Instituto de Ciências Biológicas, o Instituto de Ciências Exatas, o Instituto de Geociências, a Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, a Faculdade de Educação e a nossa Faculdade de Letras.Em 26 de novembro de 1968, instalou-se solenemente a Congregação da Faculdade de Letras (FALE) e já nesta primeira reunião foi eleita a lista tríplice para a nomeação do Diretor efetivo. Em 28 de fevereiro de 1969, a Profa. Ângela Vaz Leão, integrante da referida lista tríplice, foi nomeada a primeira Diretora da FALE.

O estatuto administrativo da unidade que geriu as atividades do Curso de Letras passou de Secção de Letras, na década de 1940, para Departamento de Letras, na década de 1950 até 1968, quando se tornou Faculdade de Letras a partir de 1969.

Além de Letras Neolatinas e Letras Clássicas, criados em 1941, em 1942 foi criado o curso de Letras Anglo-Germânicas. Mais tarde, no início da década de 1960, começam ser ofertadas versões mais específicas do Curso, sob a forma de habilitações: Língua Inglesa, Língua Francesa, Língua Italiana, Língua Espanhola, Língua Alemã, Língua Latina e Língua Grega.

No início da década de 1970 foi criado o Centro de Extensão da FALE.

Desde a década de 50 do século XX, no âmbito da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, até o ano de 1973, já no âmbito da Faculdade de Letras - criada em 1968 - eram constituídos concursos de Livre-docência e de doutoramento para cátedras de Língua Portuguesa, Língua Latina, Literatura Brasileira e Literatura Latina. Nesse período, 33 teses foram defendidas.

Em 1973, foi criado o Curso de Pós-Graduação em Letras (clique aqui para o acesso à Ata da Reunião para Constituição do Colegiado do Curso em 22/03/1973 e à Ata da Primeira Reunião do Colegiado em 16/04/1973). Seis áreas de concentração compunham a estrutura acadêmica do Mestrado em Letras: Linguística, Teoria da Literatura, Língua Portuguesa, Literatura Brasileira, Língua Inglesa e Língua Francesa (não efetivada). O primeiro Colegiado contou com os seguintes membros, todos docentes do Curso: Angela Vaz Leão, Eunice Souza Lima Pontes, José Henrique Santos e Rubens Costa Romanelli (Presidente). A primeira sessão de defesa de dissertação ocorreu em 1977, no campo dos estudos linguísticos, pelo mestrando Francisco de Filippo, orientado pelo Prof. Mário Alberto Perini. No campo dos estudos literários, a primeira defesa de dissertação ocorreu no ano seguinte, em 1978, pelo mestrando Lauro Belchior Mendes, orientado pela Profª Letícia Malard.

 

ATUALIDADE

Em 1983, A Faculdade de Letras passa a funcionar em sede própria, no Campus da Pampulha.

Faculdade de Letras (desde 1983)

 

Quando de sua fundação, a Faculdade de Letras era estruturada em quatro departamentos: Departamento de Letras Vernáculas, Departamento de Letras Clássicas, Departamento de Letras Românicas e Departamento de Letras Germânicas.

Em outubro de 1978, deu-se o desmembramento do Departamento de Letras Vernáculas, com a criação do Departamento de Linguística e Teoria Literária. Mais uma mudança na estrutura departamental da Faculdade foi implantada em 1988, com o desmembramento do Departamento de Linguística e Teoria Literária em dois departamentos: Departamento de Linguística e Departamento de Semiótica e Teoria da Literatura. Em 1995, foi alterado o nome do Departamento de Letras Germânicas para Departamento de Letras Anglo-Germânicas, mantendo-se inalterada a sua constituição.

Em 7 de novembro 2002, foi aprovado pelo Conselho Universitário da UFMG o Regimento da Faculdade de Letras (Resolução 12/2002) que aboliu a estrutura departamental no âmbito da Unidade. Essa nova estrutura, inédita no âmbito das IFES brasileiras, foi concebida a partir da aprovação do novo Estatuto da UFMG, em vigor desde 5 de julho de 1999, que faculta as suas unidades acadêmicas a opção por organizações diferentes da estrutura departamental. A nova estrutura da Faculdade de Letras foi implantada em 14 de março de 2003.

Em 1994, o Curso de Pós-Graduação em Letras foi desmembrado em dois novos cursos: Curso de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos e Curso de Pós-Graduação em Letras-Estudos Literários. Os dois cursos foram alçados à condição de "programas" em 1998, resultando desse ato os atuais Poslin (Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos) e Pós-Lit (Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários). Em 2013, foi criado o ProfLetras (Programa de Mestrado Profissional em Letras). Também em 2013, alcançamos o patamar de 2.000 dissertações e teses produzidas na FALE, no âmbito dos seus programas de Pós-graduação.

Na graduação, alcançamos em 2013 o patamar de 8 mil alunos formados em Letras desde a criação do Curso, em 1941.

 

FONTES HISTÓRICAS
 

ALETRIA. Belo Horizonte: PÓS-LIT/UFMG, v. 18, jul-dez 2008.

ANUÁRIO da Faculdade de Filosofia da Universidade de Minas Gerais – 1939-1953. Belo Horizonte, junho de 1954.

HADDAD, M. de L. A. Faculdade de Filosofia de Minas Gerais; raízes da ideia de universidade na UMG. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação da UFMG, Belo Horizonte, 1988.

LEÃO, A. T. V; J. J. Mafra; S. M. da Silva (orgs). José Lourenço de Oliveira: legado e testemunhos. Belo Horizonte: FALE e Ed. Peirópolis, 2006.

MENDES, E. A. M; V. E. D. B. B. Ibler; P.M Oliveira (orgs). Revisitações: 30 anos da Faculdade de Letras. Belo Horizonte: Faculdade de Letras, 1999.

UMG- Relatório do ano letivo de 1941. Belo Horizonte, s/d.

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