Toda a vez que Conceição e sua família iam a uma festa do Congado, já sabiam: era hora de o bebê, ainda na sua barriga, divertir-se e participar da alegria do encontro. O ritmo do coração dele mudava de acordo com a música e a energia do lugar. Ele até parecia seguir o som dos tambores!
Se, em um outro dia, eles iam a um samba de raiz, acontecia a mesma coisa. A música começava, o pandeiro tocava, o violão soava e o coração do bebê acompanhava de forma compassada.
Isso virou festa na família: no final de semana, eles se divertiam ouvindo o pai tocar saxofone. José era considerado o saxofonista com o ritmo mais melodioso da cidade. Ele era conhecido como “Zé dos Passos do Sax”.
De pé, no meio da sala, José tocava os ritmos musicais mais variados: jazz, blues, chorinho, pop, samba e tantos outros. E lá também estava o bebê, mexendo na barriga da mãe e vibrando com o coração animado. Parecia até que ele dava uns pulinhos.
Nesse momento, Conceição protestava:
– Agora já deu! Não quero ter bebê antes dos nove meses!
O tempo passou... A barriga de Conceição cresceu ainda mais até que se completaram os nove meses e ... o bebê nasceu! Era um menino.
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De repente, o coração do bebê mudou de ritmo. Ele bateu, aos pulinhos, no compasso de um samba de raiz que o pai costumava a tocar para ele.
– Você sentiu? – perguntou a mãe.
– Senti, sim. É a nossa música, não é? – respondeu José emocionado.
– E o nome? Esse garotão já tem nome? – perguntou o médico.
– Evandro! – disse José com alegria. Ele vai se chamar Evandro Passos. O nome combina com o seu coração compassado e o ritmo do meu sax.
– Vejam só que convencido! – disse a mãe sorrindo.
(...)
(O menino coração de tambor, s/n)