A mulher mais bela
Wesley Correia
Fragmentos dispersos do puro espírito
são filtrados na clareira vista da janela,
na qual contempla a mulher mais bela.
Ali, nada retrai ou precipita,
nem o amor em primeiro plano,
que não conforma nem agita,
nem a sentida ilusão ao fundo,
que não cala nem grita.
Paralisada, a estranha narrativa
nos inaugura um fluxo,
nos obriga à festa.
As cenas banais,
aí, também, excepcionais,
conhecem a raiz de cada desejo.
Do peito intumescido,
do couro, da luz e da mística,
de tudo isso, nós sabemos,
e nada é bom ou mau em si,
mas da mulher mais bela,
dela, só quem sabe é Juraci.
(In: Laboratório de incertezas, p. 64)