Luiza Bairros, yalodê
açoite, às vezes, dorme na derme
lágrima incide
sankofa pétala d’alma
peito desdobra-se
tristeza drapeja na janela
garganta travada, subsiste a dor
choro atravessando aquilombamentos
vento em descaso absoluto
quase parado
árvoreguia
noite acordada na derme
segue acendendo pistas
mesmo esgotadas, seguimos
nó na garganta, insiste
mocambos e movimentos
árvore-águia erigiu
orun, eis o presente do aiyê
a luz dos maloqueiros com palmares nos passos
vértice e vórtice, incandescente legado
avalanche preta sobre misóginos
imensa luz
diáspora do espírito voz de trovão
árvore-água flui
(Carnos Negros, 39)