Alessandra Martins
Sou aroeira
Nem sei nadar,
mas se me jogar no mar,
não vou afundar.
Eu flutuo, sou filha de Iemanjá.
Me joga na roda, que irei gingar.
Uso turbante, colares, argola.
Canto minha vida, rimo minha trajetória.
Não me aculture,
respeite!
Sankofa!
Essa minha história.
Sou passado e presente!
Sou de luta, de Angola.
Não entre na roda se não sabe brincar.
Minha ginga é pesada, ela pode matar.
Minha cultura é Bahia, é candomblé.
Tenho elástico nas pernas,
Sou preta,
sou mulher.
Não mexe comigo que sou capoeira.
Meu santo é forte, não estou de bobeira.
Levanto poeira, sou dura,
aroeira.
(In: Cadernos Negros 43)