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"Les
Misérables" abre ciclo de musicais
Estado de São Paulo, Domingo 27 de maio de 2001 -
Caderno 2
Produção
de US$ 3,5 milhões é a primeira a ocupar o novo palco do
Teatro Abril
Diversas
óperas prometiam inaugurar o Teatro Paramount, agora denominado
Abril, desde A Bela e a Fera até O Fantasma da Ópera. A
escolha recaiu sobre Les Misérables, que chegou carregado de números
expressivos: 42 milhões de espectadores pelo mundo, US$ 1,8 bilhão
arrecadado com ingressos e memorabilia. A definição aconteceu
por um motivo estritamente prático:
como em todos os espetáculos operísticos, o cenário
é monumental e precisa vir de um país em que a montagem
tenha encerrado a temporada. Assim, a gigantesca estrutura móvel
que ocupa o palco do Abril veio da Austrália. Por conta de sua
complexidade, o espetáculo só será apresentado em
São Paulo, graças à dificuldade de transporte para
outra capital brasileira.
A
produção inaugura um sistema de trabalho inédito
no mercado teatral brasileiro. A fim de manter a homogeneidade exigida
por contrato, a versão nacional do musical de Alain Boublil e Claude-Michel
Schönberg exibe rigorosamente a mesma tonalidade das outras quatro
montagens internacionais.
São
36 atores, incluindo três crianças, e 19 músicos que
executam, ao vivo, a melodia de Schönberg.
A
preocupação com a fidelidade ao original obrigou o músico
Cláudio Botelho, encarregado da versão em português
das letras, a encontrar a melhor versificação que se encaixasse
na melodia, ao mesmo tempo em que mantivesse o naturalismo da oralidade
brasileira. "Procurei manter uma linguagem coloquial de uma forma que
não traísse o texto original", comenta. "Fiz pesquisas nas
versões francesa e espanhola para descobrir algumas soluções
e consegui deixar as rimas no devido lugar."
O
musical é mais um investimento do Companhia Interamericana de Entretenimento
(CIE), grupo mexicano que participou, entre outros empreendimentos, da
construção do Credicard Hall. Para viabilizar Les Misérables,
foram investidos US$ 3,5 milhões, rodeados por uma grande expectativa
de sucesso. O motivo, segundo o diretor Ken Caswell, responsável
por todas as montagens internacionais, tem um fundo histórico:
"Assim como a Argentina e a França, onde Les Mis foi bem recebido,
o Brasil teve revoluções populares, ao contrário
da Inglaterra, local em que o espetáculo curiosamente teve uma
reação inicial fria", comentou. "Além disso, a história
tem os ingredientes que empolgam o público, como romance, suspense
e aventura."
O
elenco é formado por nomes ainda desconhecidos do grande público
para interpretar a história de Jean Valjean (Marcos Tumura), ex-condenado
que, no século 19, se torna prefeito de uma cidade francesa, onde
protege Fantine (Alessandra Maestrini), uma de suas empregadas, que sofre
por ser mãe de uma criança ilegítima.
A
decisão, segundo os produtores, não foi proposital - segundo
eles, nenhum ator conhecido decidiu participar da seleção,
que envolveu cerca de 1.700 participantes vindos de diversas regiões
do País. O motivo, acreditam, é a inexistência de
artistas famosos que saibam cantar, dançar e interpretar com idêntica
competência.
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