Poeta mineiro será homenageado em exposição de poemas no Centro de Memória da Fale

 Com equipe de organização composta por Kaio Carvalho Carmona, Myriam Corrêa de Araújo Ávila e Rômulo Monte Alto, e com o apoio do Acervo de Escritores Mineiros da UFMG e do Centro de Memória da FALE, a Jornada Affonso Ávila – 90 anos carrega a missão de ilustrar o retrato de um dos poetas mais importantes da cena vanguardista brasileira. O evento será composto por debates e premiações referentes aos concursos de fotografia e de leitura de poemas, que serão realizados no Auditório Bicalho da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), no dia 24 de outubro a partir das 9h. Já a exposição dos poemas de Affonso, e de outros poetas, pode ser conferida entre os dias 17 de outubro e 14 de novembro no Centro de Memória da Fale.

É fazendo jus à palavra “jornada”que essas atividades buscam perspectivas diversas sobre a personalidade e produção literária do artista. Nascido em Belo Horizonte no ano de 1928, Affonso construiria sua escrita voltando-se para a singularização do cotidiano nacional e mineiro. Quando, em 1953, ele publica seu primeiro livro, O açude e sonetos da descoberta, já era notável a poesia descritiva voltada para a musicalidade da linguagem.

Ao lado da esposa Laís Corrêa de Araújo, Affonso Ávila passaria a atuar na vanguarda póetica brasiliera do século XX, valorizando o lado estético em conjunto com uma postura crítica, que pode ser observada em poemas a partir dos anos 60. A quebra de padrões seria abertamente defendida durante a Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, em 1963, por integrantes do movimento da Poesia Concreta e da revista mineira Tendência. O evento, organizado por Affonso Ávila a pedido de Orlando de Carvalho, então reitor da UFMG, visava a junção entre as experimentações estéticas e “uma intervenção crítica na realidade”, segundo Maria Esther Maciel em O Pathos da Lucidez: a trajetória póetico-intelectual de Laís Corrêa de Araújo.

A visão crítica e de combate acompanha Affonso Ávila nos anos seguintes, como aponta Kaio Carmona em sua tese 26 Poetas Ontem: Belo Horizonte Literária. O estudioso destaca o livro Código Nacional de Trânsito (1972), que apresenta poemas de escrita valente, conciliada ao rigor técnico, em meio à censura da Ditadura Militar brasileira.

Palestras e exposição

Será possível entrar em contato com a escrita de Affonso Ávila e de outros artistas durante a exposição, em acetato, de diversos poemas no Centro de Memória da Fale a partir do dia 17 de outubro. Rogério Barbosa, professor do Departamento de Linguagem e Teconologia do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), falará na abertura da exposição. Dentre os nomes que terão seus textos à mostra, estão Laís Corrêa Araújo, Henri Corrêa Araújo, Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos, Márcio Sampaio, José Lino Grunewald, José Paulo Paes e Ronaldo Azeredo. Os poemas de Affonso, que estarão disponíveis para o público que visitar a exposição, são Carta sôbre a usura 1, Carta sôbre a usura 2 e Os híbridos 3.

Já a programação do dia 24 de outubro inicia-se com uma cerimônia de abertura, às 9h00, durante a qual falará Maria Zilda Cury, coordenadora do Programa de Pós- Graduação em Estudos Literários da FALE/UFMG. A primeira mesa da Jornada Affonso Ávila terá, como moderador, o Diretor do Acervo de Escritores Mineiros, Leandro G. Rodrigues, e contemplará elementos afetivos e políticos relacionados à escrita de Affonso Ávila. Os convidados a ministrar essas palestras são Wander Melo Miranda, Cristina Ávila e Eneida Maria de Souza, que abordarão, respectivamente, os seguintes temas: Resíduos a céu aberto, Memória histórico-afetiva do acervo Affonso Ávila, Escrita poética e ofício político no governo JK.

A segunda mesa, que se inicia às 14h00, será moderada por Rômulo Monte Alto, professor da Fale. A produção artística de Affonso Ávila será perscrutada a partir de ângulos que enfocam as formas poéticas criadas por ele, assim como a metodologia por trás dessa escrita. Os estudiosos que estarão à frente das discussões dessa mesa são Rafael Lovisi Prado, Carla Tomasi e Kaio Carmona. Rafael apresentará Affonso Ávila: dizer a mínima vida, enquanto Carla falará sobre A vida das formas poéticas: a estaticidade e a dinamicidade na obra do poeta-arquiteto Affonso Ávila. Na última palestra, Kaio explicará A poesia como método.

Através da projeção do poema Cromo, de autoria de Affonso Ávila, serão encerradas as apresentações que compõem a Jornada. O poema é narrado pela voz de Myriam Ávila, filha do homenageado. Após essa projeção, discentes de toda UFMG poderão participar do concurso de leitura de poemas inéditos de Affonso Ávila e também serão anunciados os vencedores do concurso de fotografias inspiradas por eses mesmos poemas inéditos.

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