Inscrições abertas para simpósio "Romantismo e Classicismo: atualidades de uma velha batalha", em evento da ABRALIC

A Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC) abre período de inscrição de comunicações nos simpósios do XVII Congresso Internacional: Diálogos Transdiciplinares

 


O XVI Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC) está com as inscrições abertas para a submissão de propostas para um dos 77 simpósios que comporão o evento, no período entre 04 e 29 de fevereiro de 2020. O XVII Congresso da ABRALIC acontecerá na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, entre os dias 22 e 26 de junho de 2020.

 

 

A professora da FALE Maria Juliana Gambogi Teixeira, juntamente com a professora da UERJ Andréa Sirihal Werkema, convida para inscrição de comunicações no simpósio "Romantismo e Classicismo: atualidades de uma velha batalha", que podem ser feitas online pelo site: http://www.abralic.org.br/


Para ver a lista de simpósios com resumos, clique aqui.


O XVII Congresso Internacional da ABRALIC é promovido pela sociedade científica Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC), que congrega pesquisadores, professores e estudantes de pós-graduação em Letras do Brasil e do Exterior. Desde sua fundação, em 1986, a Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC), uma das maiores associações de pesquisadores de literatura da América Latina, desenvolve e estimula a prática de fomento dos estudos comparatistas nos cursos de Graduação e Pós-graduação em Letras por meio da promoção de seminários, simpósios e cursos destinados ao público acadêmico. Mantém ainda publicações especializadas, realiza divulgação de obras científicas, literárias na área, estimulando o intercâmbio cultural com outras entidades congêneres nacionais e internacionais.


Cronograma
- Inscrição de comunicação: 04 a 29 de fevereiro
- Cartas de aceite: até 15 de março
- Pagamento primeiro prazo: 16 de março a 03 de abril
- Segundo prazo: 04 a 17 de abril


Ementa
Simpósio 72 – "Romantismo e Classicismo: atualidades de uma velha batalha"


RESUMO: “O conceito de poesia romântica, que atualmente corre o mundo e causa tanta polêmica e discórdia, partiu originalmente de mim e de Schiller. (...) Os Schlegel adotaram a ideia, e a desenvolveram, de modo que agora ela se disseminou pelo mundo todo, e todo mundo agora fala em classicismo e romantismo, nos quais ninguém pensava há cinquenta anos” (ECKERMANN, 2016, p. 392).
    À primeira vista, as polêmicas e discórdias evocadas por Goethe versando sobre Romantismo e Classicismo não têm mais lugar na cena contemporânea. Afora o campo dos especialistas, tem-se por plenamente assente a identidade dos dois contendores, assim como já bem demarcado o seu vencedor. Os românticos ganham a briga e, ao ganhá-la, fundam a ideia moderna de Literatura. Mas se a ganham, será para, logo a seguir, perdê-la para seus herdeiros imediatos que, recusando a herança, dispõem seus antecessores em lugar bem próximo àquele que estes haviam outorgado aos clássicos: literatura ultrapassada. Há alguma ironia (talvez não exatamente a romântica) no desfecho dessa história. Afinal, uma das armas principais do combate romântico contra o classicismo é justamente a da atualidade, seu mais perfeito ajuste às formas do tempo e suas demandas específicas. Lembremos Stendhal:
    “O romantismo é a arte de apresentar aos povos as obras literárias que, no estado atual de seus costumes e de suas crenças, são passíveis de lhes proporcionar o maior prazer possível. O classicismo, ao contrário, apresenta-lhes a literatura que proporcionava o maior prazer possível a seus bisavós” (STENDHAL, 2008, p. 73).
    Convertidos os românticos em nossos bisavós, aos clássicos (qualquer que seja a identidade que se lhes atribua) caberia, no melhor dos cenários, a dimensão de fósseis. E para ambos, sobram apenas os “arqueólogos” da literatura, cujo idiossincrático prazer estaria na contramão do estado atual dos costumes e crenças.
    Assim seria a história se alguns autores que ainda gozam de “atualidade” não nos indicassem que os restos dessa arqueológica batalha, ao serem escavados, iluminam questões aparentemente obscuras do presente da literatura e nos obrigam a revisar a historieta acima. Que se pense em Jacques Rancière, que tomando para si o desafio de reconstituir o “sistema de razões” que funda o nosso conceito de Literatura, retoma a cena supostamente obsoleta de modo a avaliar o que se perde e o que se ganha quando a implosão de sistema beletrista substitui um sistema literário assentado na “palavra eficaz” pelos tormentos de uma “palavra muda” (RANCIÈRE, 2010). Ou ainda em Thomas Pavel, que em um de seus retornos ao XVII francês e sua estética “estrutural e conscientemente infiel à realidade empírica” (PAVEL, 1996, p. 371), contrapõe esse “suplemento ontológico visível” próprio à ordem de mundo beletrista à “transfiguração da banalidade e sagração do lugar comum” e ao estreitamento do imaginário próprios à literatura moderna. E radicalizando o olhar para o presente através do cultivo do passado, lembremos João Adolfo Hansen em suas agudezas antianacrônicas, capazes de surpreender a atualidade através de um rigoroso investimento no que já não lemos (e nem sabemos ler) do passado. Afinal de contas, o que quer dizer para nós, hoje, a chamada revolução romântica, que rompeu com os séculos da norma, instável que fosse, clássica, em sua capacidade de organização e de compartilhamento de uma fonte para o imaginário poético? O romantismo é uma quebra e é o fim da tranquilidade fornecida pela convenção literária. Mas o contemporâneo ainda consegue perceber, em sua genealogia possível, esse momento de virada irreversível?
    Questões pontuais e apenas ilustrativas do convite que aqui se faz aos amantes de literaturas inatuais, estejam elas conformadas nas doutrinas clássicas ou nas batalhas românticas, para que venham conversar conosco sobre o muito de surpresa que ainda guarda esse passado.
    Sendo assim, este Simpósio acolherá, preferencialmente, estudos sobre o debate instituído pelos românticos contra os clássicos, assim como estudos sobre o classicismo, Arcadismo, Literaturas renascentistas, coloniais e/ ou clássicas em interlocução com os problemas fundados a partir da assunção da Literatura moderna pelo romantismo, independentemente de recortes de matriz linguística ou gênero. Serão bem-vindos também estudos que se concentrem nos autores (a exemplo dos estudiosos brevemente evocados neste resumo) que exploraram teoricamente as tensões e diferenças entre o sistema beletrista e o sistema literário moderno e que buscaram, a partir daí, construir sistemas interpretativos capazes de enfrentar o anacronismo e o relativismo das concepções mais assentes do campo literário atual.


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