“Da Importância da Gramática” (do
livro Ao Correr do Tempo - 2):
[1] É válido lembrar que, em textos posteriores, há
passagens como a seguinte: “Quanto à fala escrita, relembre-se
o nocivo descuido que dela faz a lingüística, enganada em
pensar que fala é só a conversa oral. Errando no conceito,
desapropriou-se na denominação, ao discriminar a língua
em "língua escrita" e "língua oral".
É sensível para nós que a língua é
uma só, um patrimônio só; a fala é que será
"fala oral" e "fala escrita". “Conceitos de Linguística
Fabular”, seção 14, o impulso fabular)]
[2] “O que caracteriza a linguagem falada, é que ela se limita
a destacar os pontos culminantes do pensamento. Esses engolfam-se sós
e dominam a frase, enquanto que as relações lógicas
das palavras e dos membros da frase entre eles, ou bem são marcados
apenas incompletamente, com o auxílio, se ocorre, da entonação
e do gesto, ou bem não são absolutamente marcados e devem
ser supridos pelo espírito”. [Vendryes, Le langage,
p. 175]
“A Gramática e a Lógica” (do livro
Ao Correr do Tempo - 2):
[*] Leia-se: fôrmas.
“Romain Rolland” (do livro Ao Correr do Tempo
- 2):
[*] No original datilografado do presente texto de J. Lourenço
não se encontra a data. Provavelmente, no entanto, pode-se estabelecer
relação entre ele e o seguinte fragmento da carta endereçada
ao amigo Sr. Resende, de 25 de junho de 1935:
“Por falar em romance, gostaria que o sr. me mandasse
os volumes de Jean Christophe, se me não engano os três
primeiros. Devo fazer, dentro em breve, uma conferência sobre
"A vida dos adolescentes, no Brasil", segundo determinou D.
Helena Antipoff, naquela série em prol da criança
sadia, conforme deve o senhor ter visto em jornais. Queria que
eu falasse a respeito da educação dos nossos internatos
congregacionais. O tema era melindroso. Em todo caso, vou encarar a
assunto do ponto de vista escolar. Tenho aqui, para matéria prima
literária, o Ateneu, do R. Pompéia; o Doidinho,
de José Lins do Rego; La robe pretexte, de Fr. Mauriac.
Queria ter também o Jean Christophe”.
“Espaço e Tempo” (do livro Da Vida à Vivência
- Conceitos de Linguística Fabular):
[*] Este texto, com data de 19 de setembro de 1959, tem, em epígrafe,
no original a seguinte dedicatória ao Prof. Dr. Artur Veloso:
Tibi, Villoso amico, id est, Piloso, salutem plurimam dicit et hanc
hirsutam meditationem mitit. Laurentius. [a ti, amigo Veloso, isto
é Piloso, deseja muita saúde e envia esta hirsuta meditação.
Lourenço].
“Le plus grand philosophe du monde sur une planche plus
large qu'il ne faut, s'il y a au-dessous un precipice, quoique sa raison
le convainque de sa sûreté, son imagination prévaudra”.
[O maior filósofo do mundo sobre uma prancha mais larga do que
precisa ser, se houver embaixo um precipício, embora sua razão
o convença de sua segurança, sua imaginação
prevalecerá. (Pascal, p. 90)]
“A Formação de Montaigne” (do livro
Espírito Mediterrâneo - Estudos):
[1] Pintura das coisas, bem colorida, visualizante.
[2] Sobre aqueles tempos, veja-se um depoimento de Henri de Mesme: "Nous
étions debout à quatre heures et, ayant prié Dieu,
allions à cinc heures aux études, nos gros livres sous
les bras, nos écritoires et nos chandeliers à la main.
Nous oyions toutes les lectures jusques à dix heures sonnées,
sans intermission. Pouis venions diner, aprés avoir en hâte
conféré demie heure ce qu'avions écrit des lectures.
Apres diner nous lisions, par forme de jeu, Sophoclés ou Euripidés
et quelquefois de Demosthenés, Cicero, Virgilius ou Horatius..
À une heure aux etudes, à cinc au logis, à répéter
et voir dans les livres les lieux allégués jusqu'après
six. Lors noun soupions, puis nous lisions en grec ou en latin".
“Etimologia do Fabular e do Homínico”
(do livro Da Vida à Vivência - Conceitos
de Linguística Fabular):
[*] Este texto, longa reflexão sobre a hominidade e sua origem
e sobre os fundamentos da lingüística, tem seu registro
original em 13 longos fólios, alguns deles digitados em frente
e verso. O quadro abaixo lista as 40 seções que dividem
o texto:
título da seção
|
título da seção
|
diacronia da vida
|
mestiçagem
|
o saber espacial
|
senso e razão
|
o saber temporal
|
consciência
|
a via progressiva
|
signo fabular |
a rampa |
o sintagma |
a vivência
|
frase nominal |
a superação
|
fruto pós-românico
|
a etimologia |
unidades |
a hominidade |
contextos |
o milemilênio
|
o animal diacrônico
|
o interesse |
o milemilênio
|
indícios
|
o problema |
os contetos |
como e porquê
|
a vigência
|
motivação
canônica |
estados |
revisão |
mais coisas |
a ciência
do sujeito |
anamnese |
não é
sistema |
o hiato |
a etimologia |
cinqüenta anos
depois |
a flor temporal
|
vocabulismo |
o signo zoológico
e o signo antrópico |
[1] Lemaître, Georges. Astrofísico e matemático
belga (1894-1966), autor de uma teoria relativista de expansão
do universo.
[2] Teilhard de Chardin, Pierre. Jesuíta, paleontologista e filósofo
francês. (1881-1955). Elaborou uma síntese dos fenômenos
físicos e biológicos, concluindo por uma evolução
do universo, que leva à unidade e à fusão com Deus.
Contribuiu para a identificação do sinantropo - fóssil
que apresenta simultaneamente caracteres primitivos dos símios
e caracteres evoluídos dos homens.
[3] Pode-se observar, nos três últimos períodos
desta seção, a presença contrastiva de construções
temporais, constantes no texto original, com a preposição
a, de um lado, e com o verbo haver, de outro. Dependendo
da perspectiva em que o leitor se coloque, é possível
entender, nas duas primeiras construções, com a,
que não se trata de duração ou extensão
temporal, mas de um momento no tempo. Na construção do
período final, com o verbo haver, pode-se dizer que
há uma mudança de perspectiva, e contempla-se o passado
em sua duração e extensão temporal.
[4] “Atribui-se presentemente a H. erectus a
mandíbula fóssil encontrada em Mauer, perto de Heildelberg,
na Alemanha em 1908. Por muitos anos foi aceita pertencer a uma espécie
humana distinta, denominada Homo heilderbergenis. Sua idade
foi estimada em 450 mil anos.”
[MENDES, J. C. e PETRI, S. Paleoantropologia.
In: ENCICLOPÉDIA Mirador Internacional. São Paulo, Rio
de Janeiro: Brittanica, p. 8459]
[5] O homem de Steinheim tomou seu nome da localidade ao norte de Stuttgart,
na República Federal Alemã, onde se encontrou um crâneo
de mulher em 1933. Restos de homens de Steinheim encontrados na Alemanha,
Inglaterra, França e Hungria são as primeiras evidências
fósseis do ‘verdadeiro homem', o primeiro a ser chamado sapiens.
Era anatomicamente similar ao homem moderno, exceto quanto às
características do crânio que, embora tivesse uma capacidade
de 1.200 cm³, era baixo e espesso, com largas saliências
frontais. Conheceu o uso do fogo e fabricou artefatos de pedra muito
elaborados (machados e raspadeiras) que usava para caçar e para
cortar seus alimentos. O Homo sapiens steinheinmensis parece
ser o ancestral direto tanto do homem de Neandhertal como do homem atual
(Homo sapiens sapiens).
[MENDES, J. C. e PETRI, S. Paleoantropologia.
In: ENCICLOPÉDIA Mirador Internacional. São Paulo, Rio
de Janeiro: Brittanica, p. 8460]
[6] Homo sapiens neanderthalensis toma o seu nome do lugar
onde foram, pela primeira vez, encontrados restos de sua existência,
em Neanderthal, perto de Düsseldorf, na República Federal
alemã. Era um homem de baixa estatura e troncudo, possuía
crâneo alongado e baixo, e faces largas. Era caçador e,
por vezes, antropófago, embora o tamanho de seu cérebro
(o mesmo do homem moderno) e a cultura alcançada em termos de
feitura de utensílios e de caça sugiram uma inteligência
elevada. É parente mas não um ancestral direto do homem
moderno. Viveu na Europa entre 115 e 35 mil anos.
[MENDES, J. C. e PETRI, S. Paleoantropologia.
In: ENCICLOPÉDIA Mirador Internacional. São Paulo, Rio
de Janeiro: Brittanica, p. 8461]
[7] Homo sapiens sapiens foi denominado Cro-Magnon por causa
da localidade, no sudoeste da França, em que foram pela primeira
vez encontrados seus restos. Viveu na Europa, no Oriente Próximo
e na África do Norte, tendo surgido há cerca de 35 mil
anos. É o primeiro representante da nossa espécie atual.
Suas características diferem ligeiramente das nossas; o crânio
era geralmente mais alto e mais longo e a órbita mais baixa,
mas os ossos não eram tão grossos como os dos homens mais
primitivos. A sua cultura mais evoluída evidencia-se por uma
larga variedade de artefatos de pedra e de osso.Expressava-se artisticamente
por meio de pinturas e gravações, e praticava alguma espécie
de magia e religião, que era parte importante da sua vida.
[MENDES, J. C. e PETRI, S. Paleoantropologia.
In: ENCICLOPÉDIA Mirador Internacional. São Paulo, Rio
de Janeiro: Brittanica, p. 8462]
[8] Os seres vivos, para existir, e para exercer seus fazeres, dependem
de energia extraída de substâncias orgânicas, seja
em processo de síntese, incorporando a energia solar, seja retirando-a
de matérias orgânicas vegetais, ou animais que, num processo
de cadeias alimentares, em última instância, se nutriram
de plantas. Nesse processo, há predadores, que devoram outros
seres, há parasitas, que vivem às custas de outros seres,
espoliando-os. E há a simbiose, caso em que alguns seres vivos
se nutrem parcialmente à custa de outros, sem os prejudicar,
mas colhendo benefício da presença do outro. Assim, pode
haver a associação de duas plantas - é o caso dos
liquens - ou de uma planta e de um animal na qual ambos os organismos
recebem benefícios, ainda que em proporções diversas,
como ensina o Aurélio.
Na teoria do Autor, a simbiose, ao mesmo tempo
que princípio de economia, é expressão de um primeiro
sistema de proceder, numa equação indivíduo-coisa
[- equação ic - ], disposta pela natureza. O
indivíduo reage, com sua resposta natural, ao estímulo
natural da coisa. Trata-se de um fazer em função da vida.
“ O estimulado, sob o estímulo da coisa, oferece um proceder
que já tinha consigo, antes da experiência, na feição
potencial de seu compêndio biológico .” É um
plano em que não está em questão ainda o homem
antrópico, mas o homem zoológico. O homem, procedendo
como Objeto, no vital dos fazeres - dirá o Autor.
[9] trófico - relativo à nutrição,
garantia da energia vital. Tem-se a autotrofia (predominante
nos vegetais) e a heterotrofia (na maioria dos animais). Na
luta pela vida e pela energia que a garanta - pervivência do indivíduo
e sobrevivência da espécie - o comportamento dos seres
vivos engloba tudo aquilo que ele realiza como reação
a estímulos do meio, a este se adaptando, ou, nos seres mais
adiantados (mamíferos, primatas), como propósito de agir
sobre o meio. Nesse domínio fenomênico. o Autor sugere
as ‘modulações adjetivas' no comportamento de indivíduos.
Na seção próxima, ele fala de “estilizações
adjetivas”.
[10] O adjetivo sodalis, (de companheiro, de amigo; companheiro)
que estaria na base dos substantivos latinos sodalis,-is, sodalicium,-i,
sodalitas,-tatis. Destes, nem sodal nem sodalidade
são registrados nos dicionários mais comuns do português,
constando apenas o substantivo sodalício, que designa
a sociedade de pessoas que vivem juntas ou em comum. A forma sodalicício
[ sodalíci + - icio ], radical do advérbio
sodaliciciamente, não é dicionarizada. (Do latim:
sodalicium. 1) sentido comum : trato, convivência,
companhia, camaradagem. 2) sentido particular : sociedade secreta.
Como sodalicium,-i, os substantivos sodalis,-is e
sodalitas,-tatis são registrados ambos, por Ernesto
Faria, como tendo um sentido próprio : Camarada, companheiro,
amigo / camaradagem, companhia, amizade e um particular : amigo
de membro de / corporação, confraria, círculo,
associação secreta.
[11] No fólio 1, depois do título do texto, há
em letra de forma a seguinte notação, feita pelo Autor:
“ 5.7.68 Recopiar revendo ordenação ”. A terceira
seção deste mesmo fólio tem o título: o
saber temporal. À margem desta seção encontra-se
manuscrita a observação: “entram aqui 9 páginas”.
No fólio 2, seguinte, a primeira seção tem também
por título: o saber temporal. E sobre ela a notação,
também manuscrita, “3 o. título da 1 (1 a)”.A interpretação
dada: “terceiro título do primeiro fólio”. Desta forma,
no entendimento de que era vontade do Autor, o primeiro texto o
saber temporal foi substituído pelo segundo, o do fólio
2. Abaixo encontra-se transcrita a versão postergada, para a
qual não ficou claro o espaço no texto. (É fato
que essa versão não sofreu, no fólio em que se
encontra, nenhuma modificação ou correção
por parte do Autor. Ver a manutenção das formas milimilênios
e centimilênios - cf. nota 13 seguinte).
O SABER TEMPORAL
“O mero saber espacial da cota zoológica ficou
possível de fundir-se no saber temporal da cota antrópica,
iniciado talvez no derradeiro dos 500 milimilênios anteriores.
Foi no fim, talvez, da era quaternária. Certo piteco destinado
começou a galgar o pataréu da superação,
imprimindo o ritmo pós natural do modo progressivo, no ritmo
natural do modo evolutivo. Ao código natural do saber infuso
fez suceder um receituário pós-natural de saber aprendido.
Para tanto, foi estilizando procederes pacientemente tratados, em lentos
centimilênios, enquanto criava a liberação com que
foi escapando à gravidade primeira do centro zoológico.
A reação elementar, própria do bruto, no aqui-agora
reflexo do espaço, foi cedendo a formulações inteligentes,
reflexivamente estruturadas no alhures-outrora do tempo reminiscente.
Em lugar da estreita ipsidade zoológica, teimosamente iterativa,
a ductilidade do proceder antrópico, subtilmente eficaz, transformando
os lucros de um proceder passado em vantagens do futuro proceder. Na
resposta de um ser meramente zoológico, entra um fazer que, apesar
de meramente reflexo, admite estilizações adjetivas. Dá-lhes
provimento o celeiro biológico de cada indivíduo, sob
urgências do meio espacial, que é o grande promotor da
evolução, quando altera ou sonega, ao viver costumeiro,
a costumeira subvenção. Aprendendo a temporizar
equações espaciais internadas na mente, a hominidade,
com seu novo poder reflexivo, aprendeu a analisar os fatores de um proceder
vital, melhorando assim, para o encontro seguinte, com juros colhidos
na antiga, a morfia da nova resposta. Antes de repetir o proceder vital
de um fazer, aprendeu a tratá-lo temporalmente, no proceder vivencial
de um pensar. Como destilador de analogias fenomênicas e taxador
de juros do passado, aprendeu a superar, no seu viver antropicamente
temporal, a espacialidade zoológica do viver.”
[12] O texto do Autor transcrito na nota precedente refere-se a “era
quaternária”. Não há possibilidade de precisão
nessas hipóteses temporais. O quadro abaixo, [ver: AMARAL, S.
E. e MENDES, J. C. Geologia. In: ENCICLOPÉDIA Mirador Internacional.
São Paulo, Rio de Janeiro: Brittanica, p. 5273], com a divisão
do tempo geológico em eras, períodos e épocas permite
situar o fim do terciário, acerca de (mais de) 2 milimilênios.
Os números na tabela abaixo representam milimilênios (=
milhões de anos):
Eras
Períodos Épocas |
Pré
Cambriano (± 4000) |
|
Cambriano (70) |
|
|
Ordoviciano (70) |
|
Paleozóica |
Siluriano (30) |
|
(340) |
Devoniano (60) |
|
|
Carbonífero (60)
|
|
|
Permiano (50) |
|
Mezozóica (167)
|
Triássico (50)
Jurássico (50) Cretácio (72) |
|
Cenozóica (63)
|
Terciário (61)
Quaternário (2) |
Paleoceno (5) Eoceno
(22) Oligoceno (11) Mioceno (12) Pioceno (11) Pleistoceno Atual
ou Holoceno |
[13] As várias ocorrências desta forma encontram-se inicialmente
grafadas centimilênios. Foram ‘corrigidas' posteriormente,
à mão, para centolimênios. A mesma observação
vale para as ocorrências que virão a seguir da forma milemilênio(s)
inicialmente grafadas milimilênio(s).

|
fólio
B1.2 seção: o saber temporal |

|
fólio
B1.2 seção: a hominidade, |
[14] Ipsidade. [Registro no Aurélio: ipseidade (do
latim medieval: ipseitate)]. Sinônimo de hecceidade
(do latim medieval: hecceitate) e de ecceidade.
Segundo Duns Scott, teólogo escocês (1266-1308), é
o princípio de individuação: o que faz que um indivíduo
seja ele mesmo e se distinga de todo outro. Trata-se da differentia
individuans, diferença individuante. André
Lalande (1976) considera ipseitas / ipseidade o mais feliz
dos três termos. (...). Corresponde, segundo ele, ao termo usual
individualidade, embora este termo possa também ser
usado em sentido mais amplo que o de diferença individuante,
caracterizadora do indivíduo.
[15] Para corresponder à simbiose (nota 8), o encontro
de homem e coisa [- equação ic - ], num fazer
vital, estabelece-se a sintonia, o encontro homem e homem [-
equação ss - (sujeito-sujeito)], um contato mental,
veiculado na fala, estimulado, não pela coisa, que pode estar
ausente, mas pela vivência, reminiscência de alguma experiência
de outrora. No ato de fala a idéia de Primo (o primeiro Sujeito)
veiculada suscita a idéia de Secundo (o outro Sujeito). Tem-se
o homem procedendo como Sujeito, no vivencial do pensar - dirá
o Autor.
[16] Comte, Augusto. Filósofo francês (1798-1857). Fundador
do Positivismo. Seu Curso de Filosofia Positiva é uma
das obras capitais da filosofia do século XIX. É considerado
o fundador da Sociologia., nova ‘ciência da sociedade'.
[17] Marx, Karl. Filósofo e economista judeu-alemão (1818-1883).
Redator, com Engels, do Manifesto do Partido Comunista. Definiu
sua doutrina em O Capital (1867).
[18] Durkheim, Emile, sociólogo francês de origem judaica
(1858-1917). Subordina os fatos morais aos sociais, que considera independentes
das consciências individuais. É um dos fundadores da escola
sociológica francesa. Exerceu influência sobre seu contemporâneo
Ferdinand de Saussure, que interpreta a língua como fenômeno
social: "a linguagem é um fato social" (Saussure 1960,
p. 21 / 1969, p.14); "tem (...) um lado social" (p. 24 / p.
16); “É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade da linguagem
e um conjunto de convenções necessárias adotadas
pelo corpo social...” (p. 25 / p. 17); (a língua) “é ao
mesmo tempo um produto social da faculdade da linguagem e um conjunto
de convenções necessárias, adotadas pelo corpo
social... (p. 25 / p. 17)"Ela é a parte social da linguagem,
exterior ao individuo, que sozinho não pode nem criá-la
nem modificá-la;ela não existe senão em virtude
de uma espécie de contrato assinado entre os membros de uma comunidade"(p.
31 / p. 22).
[19] O cavalgamento de letras do texto datilografado original permite
que se leia tanto moldar quanto moldear.

|
fólio
B1.1 seção: a superação,
|
|
[20] Meridianizando, isto é: o perfil animal tomando a posição
do sol do meio-dia.
[21] Num dos textos do acervo do Autor, de notas sobre A Natureza
Humana, de Bergson, encontram-se informações como
as seguintes:
“No encéfalo, o arquipálio e
o neopálio.
1. Na região do arquipálio [há]
as manobras do tacto afetivo (carícia), do gosto, do odor. Captam
emanações que são amostras da coisa. São
antenas de carência, para assimilação ou simbiose.
2. Na região do neopálio (mais recente)
[há] manobras do tacto especulativo (apalpar), da audição,
da visão. Captam da coisa não emanações
mas vibrações. São esculcas da defesa vital(...).
Na região velha [arquipálio], com tacto, gosto, odor,
[há] o interesse vital da nutrição e da reprodução,
com pervivência do indivíduo e sobrevivência da espécie.
(...) Na região nova [neopálio], especular, ver, ouvir,
o discriminar a circunstância, o conhecer o real. (...) Se a estrutura
não fosse mais que antenas, incluidoras do mundo, a vida seria
só simbiose. Se só esculcas, a vida seria só oposição”.
Essas informações recebem eco nas seguintes
passagens de texto enciclopédico:
“Comparado com o de outros vertebrados, o sistema nervoso
dos mamíferos distingue-se pelo enorme tamanho relativo do cérebro,
cuja superfície, na maioria deles, aumenta ainda mais com o aparecimento
das circunvoluções. Do desenvolvimento do neopálio,
que passou a dominar e controlar os centros cerebrais primitivos, adquiriram
os mamíferos comportamento peculiar, que veio revelar-se de maneira
mais perfeita na ordem dos primatas e, especialmente, no homem. (...)
Os hemisférios cerebrais propriamente ditos - córtex ou
neopálio - são constituídos de vastíssimo
número de neurônios que recebem impulsos dos vários
campos receptores, analisam a informação recebida e estabelecem
respostas adequadas. (...) O córtex cresceu à medida que
numerosos sistemas aferentes passaram a agir sobre ele. Em todos os
mamíferos reconhece-se o cérebro olfativo inicial (rinencéfalo),
hoje suplantado pelo desenvolvimento da parte não olfativa, o
neopálio. (...) Uma das transformações
físicas mais marcantes, observadas na face humana, foi a progressiva
cerebralização. O aumento do tamanho do cérebro
deu-se principalmente em virtude da presença do neopálio
(substância cinzenta), no qual se localizaram novos centros
nervosos, como o da palavra”.
[REIS, J. e FROTA-PESSOA, O. Mamífero.
In: ENCICLOPÉDIA Mirador Internacional. São Paulo, Rio
de Janeiro: Brittanica, p. 7173]
[22] Pertence para... Há pelo menos um outro momento
em que essa regência singular do verbo pertencer é
usada pelo Autor. Assim, em trabalho seu já publicado, encontra-se:
“Enquanto fenômeno individual, a novidade pertence para o
domínio da palavra”. (Oliveira, 1994:254).
[23] Ver nota [13].
[24] Lalicamente (do grego: lal(o) ; laléin
= falar, tagarelar; lalia = palavra, loquacidade). No
Aurélio, além de dislalia (perturbação
da palavra, que se deve geralmente à lesão dos órgãos
externos) encontram-se registrados o adjetivo dislálico (referente
à dislalia) e os substantivos lalomania (loquacidade
mórbida, mania oratória) e laloplegia (paralisia
dos órgãos da linguagem). A expressão lalicamente
intransitivo refere-se ao limite de seres que não dispõem
da fabularidade, do intercâmbio da fala.
[25] Rubicone. Em nossos dicionários e enciclopédias
atuais a referência a esse rio se faz sob o nome de Rubicão.
Esse nome lembra um fato decisivo da história de César
sobre as decisões do Senado Romano contra ele. César atravessa
o rio Rubicão, pronunciando a famosa frase: Alea jacta est:
os dados estão lançados.
[26] Buffon, Georges Louis Leclerc, Conde de (1707-1788). Naturalista
francês. Autor de História Natural, depois de
Épocas da Natureza, publicadas de 1749 a 1789. Teve
a intuição da evolução das espécies
e da transformação do universo. Escritor cioso do estilo,
definindo-o como sendo ‘a ordem e o movimento que se põe nos
pensamentos'
[27] Lyell, Charles. Biólogo britânico. Considerado o fundador
da geologia moderna. Estudou as formações vulcânicas
e terciária do interior da França e da Itália.
Propôs divisão do sistema zoológico em três
grupos: eoceno, mioceno e plioceno.Dedicou-se ao estudo da geologia
estratigráfica e paleontológica. Examinou teorias sobre
o aparecimento do homem na Terra, apoiando a teoria de Darwin sobre
a origem das espécies.
[28] Curso é o nome de que o Autor se vale - aqui e
alhures - para se referir à obra de Ferdinand de Saussure, Cours
de Linguistique Générale, Paris: Payot, 1960 / Tradução
brasileira: Curso de Lingüística Geral. São
Paulo: Cultrix, EDUSP, 1969. As seguintes passagens [1960, p. 26 / 1969,
p. 17] são relevantes aqui: “Assim, para Whitney, (...) é
por acaso e por simples razões de comodidade, que nos servimos
do aparelho vocal como instrumento da língua (...) Whitney vai
longe demais quando diz que nossa escolha recaiu por acaso nos órgãos
vocais; de certo modo, já nos haviam sido impostas pela Natureza”.
29 No texto original, há duas apresentações do
contexto fabular. Esta é a segunda. A primeira tem
o seguinte teor:
“3. Contexto fabular. No cenário teatral,
posto ante Secundo, Primo dirige-lhe um vozeio semântico, dosado
na melodia e no ritmo. Nesse dosado vozeio semântico está
o contexto fabular, inteiramente auditivo, na sua estrutura
sonora. Capaz de secundarizar o espacial, o vozeio mostrou-se capaz
de seguir, juntamente com Secundo Primo, dos agoras vitais cheios de
coisas, para outroras vivenciais cheios de idéias, por ele simbolizadas.
Na medida em que se consolidou, como veículo, foi fazendo-se
centro do poder fabular, embora sempre condicionado a requisitos pessoais,
no modo de cada um manifestar sua hominidade: secundarizando o espacial,
secundarizou também o visual, trocando a importância da
fala gesticular reduzida a função adjetiva e até
dispensável. Entretanto, mesmo numa fala costumeira, isenta,
objetivizante, pode um devido momento a trasformar em fala dramática,
participada, cheia de gestos emotivos.”
[30] Bopp, Franz. Lingüista alemão (1791-1867). Autor de
Gramática Comparada das línguas sânscrita, zenda,
grega, latina, lituana, eslava antiga, gótica e alemã.
Estudou principalmente as relações do sânscrito
com as outras línguas indeuropéias. Pode ser considerado
o fundador da lingüística quanto ao método de trabalho:
utilizou o estudo comparativo para propor e resolver novos problemas
relativos às línguas.
[31] Schleicher, Augusto. Lingüista alemão (1821-1867).
Botânico, tornou-se lingüista e deu rigor ao método
introduzido por Bopp.
[32] A seguinte passagem do Curso está em questão:
“A língua, distinta da fala, é um objeto que se pode estudar
separadamente. Não falamos mais as línguas mortas, mas
podemos muito bem assimilar-lhes o organismo lingüístico”.
[Saussure, 1960, p.31) / 1969, p.22-3].
[33] “A mímica é uma linguagem visual; mas a escrita também,
da mesma sorte que todo sistema de sinais ”. [Vendryes,,1950,
p. 9]
[34] A referência é feita à seguinte passagem do
Curso: “O estudo da linguagem comporta, portanto, duas partes:
uma, essencial, tem por objeto a língua, que é social
em sua essência e independente do indivíduo; esse estudo
é unicamente psíquico; outra, secundária, tem por
objeto a parte individual da linguagem, vale dizer a fala, inclusive
a fonação e é psicofísica”. [Saussure,
1960, p. 37 / 1969, p. 27]
[35] “ Se a fala precede e a língua consegue”. Encontra-se
o emprego do verbo conseguir com apoio na etimologia: a) ‘vir
depois', ‘seguir alguém'; b) seguir cronológico (antônimo:
anteceder); c) perseguir, procurar; d) seguir como conseqüência.
Derivado: conseqüência = ‘com isso se segue'.
Há nesta passagem do texto referência à
seguinte passagem do Curso : “Sem dúvida, esses dois
objetos estão estreitamente ligados e se implicam mutuamente:
a língua é necessária para que a fala seja inteligível
e produza todos os seus efeitos; mas esta é necessária
para que a língua se estabeleça; historicamente, o fato
da fala vem sempre antes ”. [Saussure, 1960, p. 37 / 1969,
p. 27]
[36] O Autor reporta ao capítulo do Curso, denominado
“A Lingüística estática e a Lingüística
Evolutiva”, onde se discute a designação dos dois tipos
das duas lingüísticas. [Saussure, 1960, p. 117 / 1969, p.
96]
[37] “ Ne pouvant saisir directement les entités concrètes
ou unités de la langue, nous opérerons sur les mots .”
/ Não podendo depreender diretamente as entidades concretas ou
unidades da língua, nós agiremos sobre os vocábulos
[Saussure, 1960, p. 158 / 1969, p. 132].
[38] O Autor se refere aqui ao título do capítulo V, da
segunda parte do Curso, que trata da Lingüística
Sincrônica. (Saussure, 1960, p. 170) / 1969, p. 142).
[39] Tomar a nuvem por Juno. Laborar em falso pressuposto.
Alusão à fábula de Ixião, que, acolhido
por Zeus no Olimpo, depois do assassinato do sogro Deioneu, tentou seduzir
Hera. Zeus então formou de nuvens um fantasma, com o qual Ixião
teve relações, na crença de achar-se com a rainha
dos deuses. [N ascentes, 1986].
[40] Ignoratio elenchi = ignorância do elenco. Expressão
da linguagem da Filosofia designando a ignorância do raciocínio
lógico, da forma de argumentar e de refutar. Falácia ou
sofisma que consiste em valer-se de argumento que prova mais, ou menos,
do que é preciso, ou prova o que não se quer. [Cf. Di
Napoli. 1955: 161, v. I].
[41] Uma combinação de vocábulos. [Saussure,
1960, p. 147 / 1969, p. 122]. Para corresponder a ‘mot', do francês,
o Autor adota o termo ‘vocábulo' e a tradução brasileira
usa o termo ‘palavra'.
[42] O Autor reporta-se aqui às definições: “O
signo lingüístico une não uma coisa e um
nome, mas um conceito e uma imagem acústica” [Saussure, 1960,
p. 98 / 1969, p. 80] e “Chamamos signo a combinação
do conceito e da imagem acúscita” [idem, p.99 / p.81].
[43] Santo Agostinho (354-430). Atraído para a vida religiosa,
depois de agitada juventude, foi teólogo, filósofo, moralista,
bispo de Hipona. Em seus escritos, procura conciliar o dogma cristão
e o platonismo, a inteligência e a fé. Exerceu grande influência
na teologia ocidental e tornou-se o mais célebre Doutor da Igreja.
A Cidade de Deus, As Confissões e o tratado Da Graça
são suas principais obras.
[44] Valéry, Paul. (1871-1945). Poeta e pensador francês.
Orientado inicialmente para a poesia, numa rede de contatos com, entre
outros, Mallarmé, Heredia, Gide, Debussy, escreve uma centena
de poemas, sob influxo de Mallarmé e Verlaine. Uma crise o leva
a renunciar à criação literária. Consagra-se
a valores que considera superiores na atividade intelectual: o conhecimento
de si mesmo, o rigor e a sinceridade do pensamento. Volta-se para a
matemática. Consagra-se ao “exercício do intelecto”, esforçando-se
para surpreender os segredos da atividade intelectual. Escreve então
Introdução ao Método de Leonardo da Vinci,
A Noite em Companhia do Sr. Edmond Teste. Suas reflexões
sobre os fenômenos mentais, sobre a atenção, o eu
pensante, o tempo, o sonho, a linguagem são registradas, na extensão
de sua vida, em numerosos Cadernos. Nos vinte anos de “claustro
do Intelecto”, Valéry de fato não se desligou das artes,
e de seus contatos com artistas. Tendo ”permanecido lírico”,
voltou à poesia com A Jovem Parca. Sob o título
de Charmes [ Encantos ] reuniu outros principais poemas
que compôs depois. Abundante obra póstuma (Meu Fausto,
Cadernos) consagra-o ainda. Ocupou, na Academia Francesa, a cadeira
de Anatole France. Considerado o maior dos poetas de seu tempo, fez
conferências (muitas delas, e outros artigos, publicadas em Variedade)
em universidades, nacionais e estrangeiras. Ensinou no Colégio
de França. Quando da ocupação alemã, depois
de 1940, Valéry pronunciou, na Academia, considerado como um
primeiro ato de resistência, o elogio fúnebre de Bergson.
[45] No original, este parágrafo é marcado e, à
margem, está escrito: “refundir”
[46] À margem, uma versão alternativa: “a indigestão,
a dor, a náusea do existencialismo”.
[47] Numênico, relativo a númeno. Do grego nooúmena,
termo empregado por Platão, falando das Idéias. E transcrito
por Kant, filósofo alemão (como noúmenon).
Realidade inteligível, objeto da razão (noús),
oposto à realidade sensível; e, em conseqüência,
realidade absoluta, coisa em si. “A tradição que identifica
o conhecimento vulgar à aparência e à ilusão,
o conhecimento racional ao pensamento das coisas em si, não me
parece, propriamente dever ser atribuída a Platão. Trata-se
antes do pseudo-platonismo cristão, do qual a escolástica
transmitiu a noção a Kant (...)”. [R. Berthelot, apud
LALANDE, 1976, p. 693]
[48] No fólio B1.6,, sob o título O desvio, encontra-se
projetada a seção seguinte, não desenvolvida. O
Autor limita-se a anotar os seguintes registros: “Bopp - Schleicher
- Brugmann - Saussure. Faltam ainda os fundamentos, Curso. Lançou-os?”.
[49] Harúspice: Trata-se do sacerdote romano que, no
sacrifício, adivinhava o futuro com base no exame das entranhas
das vítimas. Os dicionários de Língua Portuguesa
registram “arúspice” (latim: haruspice).
[50] Referência é feita à seguinte passagem do Curso
: “O liame que une o significante ao significado é arbitrário,
ou mesmo, uma vez que entendemos por signo o total que resulta da associação
de um significante a um significado, podemos dizer simplesmente que
o signo lingüístico é arbitrário. (...) Queremos
dizer que (o significante) é imotivado, isto é, arbitrário
em relação ao significado com o qual ele não tem
nenhuma vinculação natural na realidade.” [Saussure, 1960,
p. 100-1 / 1969, p. 82].
[51] O Autor se refere aos agrupamentos associativos [Saussure, 1960,
p. 175 - na tradução brasileira encontra-se uma adaptação
- 1969, p. 146 ], representados nos esquemas seguintes:


[52] A seguinte passagem específica do Curso é
mencionada no texto: “Propomos conservar a palavra signo para
designar o total e substituir conceito e imagem acústica
respectivamente por significado e significante.
Estes últimos termos têm a vantagem de marcar a oposição
que os separa, seja entre eles, seja do total de que fazem parte.” [Saussure,
1960, p. 98 / 1969, p. 80].
[53] O Autor refere e comenta a seguinte passagem do Curso :
“ Le syntagme se compose donc toujours de deux ou plusieurs unités
consécutives (par exemple : re-lire; contre tous; la vie
humaine; Dieu est bon; síl fait beau temps, nous sortirons,
etc.). [O sintagma se compõe assim sempre de duas ou mais
unidades consecutivas (por exemplo: re-ler; contra todos; a vida
humana; Deus é bom; se fizer bom tempo, sairemos, etc. [Saussure,
1960, p. 170 / 1969, p. 142]
[54] A seguinte passagem é evocada: “ On pourrait faire ici
une objection. La phrase est le type par excellence du syntagme. Mais
elle appartient à la parole, non à la langue (...); ne
s'ensuit-il pas que le syntagme relève de la parole? Nous ne
le pensons pas. Le propre de la parole, c'est la liberté des
combinaisons; il faut donc se demander si tous les syntagmes sont également
libres ”. [Poder-se-ia fazer aqui uma objeção. A
frase é o tipo por excelência de sintagma. Mas ela pertence
à fala e não à língua (...); não
se segue que o sintagma pertence à fala? Não pensamos
assim. É próprio da fala a liberdade das combinações;
cumpre, pois, perguntar se todos os sintagmas são igualmente
livres]. Depois de argumentar em favor de que o sintagma pertence à
língua, valendo-se de recursos como o de frases feitas e o de
certas construções regulares, Saussure conclui: “ Mais
il faut reconnaître que dans le domaine du syntagme, il n'y a
pás de limite tranchée entre le fait de langue, marque
de l'usage collectif, et le fait de parole, qui dépend de la
liberte individuelle. Dans une foule de cas, il est difficile de classer
une combinaison d'unités, parce que l'un et l'autre facteurs
ont concouru à la produire, et dans des proportions qu'il est
difficile de determine”. [Cumpre reconhecer, porém, que
no domínio do sintagma não há limite categórico
entre o fato de língua, testemunho de uso coletivo, e o fato
de fala, que depende da liberdade individual. Num grande número
de casos, é difícil classificar uma combinação
de unidades, porque ambos os fatores concorreram para produzi-la e em
proporçòes impossíveis de determinar. - Saussure,.
1960, p. 172-3 / 1969, p. 144-5].
[55] À margem do texto, manuscrita, encontram-se as notas seguintes:
1) “/202'/ firmou-se no pós-românico”; 2) “A glotologia
vocabulista, além de fraca em definir a unidade frase,
não vinca metodicamente o discrime frase infra-fabular, sem verbo
e forma de oração, e frase intra-fabular, com verbo e
forma de oração”, e a seguinte, com formulação
incompleta: 3) “o descuido de negar a ser o antigo valor verbal:
nox est / é noite à moldes /21/ e /12/. Aparência
/202'/, il est nuit - o falso il francês, ou
impessoal. Tolice nossa ver o é sem sujeito.
[56] Em outra pasta do acervo do Autor, encontrou-se a seguinte versão
alternativa desta seção:
“O verbo esse romano era, com os outros, um
verbo verbal, noticiando um proceder mais de entender que de
sentir; com os outros verbos, no seu teor vivencial, continha também
aquela intenção dinâmica da língua indeuropéia,
veículo fabular de inquietas tribos belicosas, mais diligentes
no fazer que no contemplar. Desenvolvendo a sua língua dinâmica,
aberta para demarcações temporais que a diacronia foi
definindo, evitaram a parálise estática de certas línguas
nominalizadas, como o chinês, que vogam leves junto às
praias do agora, na epiderme do tempo.
O normal de esse, pois, era entrar em frases
verbais : erat nox /12/, erat luna plena /12/,
est homini anima immortalis /142/. (Encha-se a forma verbal
com o sentido de “existir” para se ver que noticiava o proceder /1/,
do procededor /2/, em: “era noite” - “era lua cheia” - “é para
um homem uma alma imortal”).
A estrutura /202'/ (homo est mortalis) armada
para noticiar juízo sobre o procededor, representa uma diligência
mental aristotélica, superior ao poder de exercício da
mente infra-aristotélica, limitada ao pecúlio de certos
juízos comuns, não lógicos mas empíricos
ou fantásticos, próprios da sabedoria vulgar: em vez de
fazer juízos, noticia fazeres, dizendo de cada um que ele “
morre”, sem chegar à conclusão judiciária
“é mortal”. Para os juízos comuns que conserva,
no pecúlio da fala gnômica, serve-se da estrutura nominal
/22'/, melodicamente tonalizada: homo prudens, Fabius [homem
prudente, Fábio]. A igreja preservou para nós, e até
nós, a intenção paremíaca da estutura /22'/,
constante e freqüente nos seus textos: “militia vita hominis super
terra” [luta a vida do homem sobre a terra] - “omnis homo mendax” [todo
homem mentiroso] - “dies irae, dies illa” [ dia de ira, dia aquele
], enquanto foi também cultivando, na rotina escolástica,
a disponibilidade filosófica da estrutura /202'/, amadurada,
como fruto diacrônico, pela semantização negativa
do molde /212/, onde /1/ tendeu para zero, trocando por uma função
conectiva a sua velha função de noticiar um proceder:
“Deus est bônus” - “homo est mortalis” - “anima est immortalis”
[Deus é bom.- o homem é mortal - a alma é imortal].
Foi sob a eficácia da helenizaçào,
no costume romano de pensar logicamente, que o molde /202'/ começou
a firmar-se. Mas tudo se foi fazendo devagar. Quem estuda o latim daquela
fase, vê como predominava, na presença de esse,
a sua costumeira função de verbo verbal. Em frases do
tipo “luna erat plena”, que lemos e acentuamos com o sentido /202'/,
basta uma redistribuição prolatória para que se
restabeleça o poder veicular da estrutura /212'/: “luna erat,
plena” - “homo est, mortalis” (“a lua, cheia, era” - “o homem, mortal,
é”). Séculos de cogitação ordenadora fizeram
do verbo ser um verbo conector, lançado como ponte entre
o sujeito e o predicado, e reduzido a zero como centro semântico.
A Idade Média mobilizou-o, para a filosofia do ser, confiada
no poder racional de emitir juízos sobre o procededor, sob o
aval de Aristóteles. A ciência de agora, esmerando-se em
ordenar procederes, confia menos em ajuizar procededores.
O tratamento geral da estrutura /212'/ produziu outros
efeitos analógicos, facilitados, no pós-românico,
pela própria fixação topomorfêmica da ordem
/212'/. Para canseira inglórica [sic] do gramático, teimoso
caçador de categorias, a semantização negativa,
embora sem perfeição de eficácia, atingiu certos
verbos outros que, por desvios da fala metafórica, esmaeceram
no ofício de noticiar procederes: tendem para um zero a que não
chegaram, sustentados ainda por alguma dinamia verbal. Confronte-se,
na série, a gradação semântica de “ele é
bom” - “está bom” - “continua bom” - “ficou bom” - “parece bom”.
Só no primeiro exemplo, “ele é bom”, a frase é
perfeitamente estática, exaustamente desverbalizada. Nos outros,
embora mais ou menos apagada, move-se a força de um proceder
que noticia, do estado de “bom”, o fato de ser transitório -
continuado - mudado - aparente. O símbolo / 1 / (/1/ cancelado)
pode representar a imperfeita assemiação de tais verbos,
participantes da estrutura / 2 1 2' /.
A morfemação fabular do latim, concentrada
na desinência, facilitava largamente as possibilidades estruturais
de uma frase, menos sujeita, por isso, a fixações topomorfêmicas.
Com intenções que se fariam subtis e até nulas,
um molde como /212'/ podia trocar-se em /22'1/ - /122'/ - /12'2/: homo
stat tremulus (o homem pára trêmulo) - homo trémulus
stat - stat homo trémulus - stat trémulus homo. Cf.
ainda viator sedet fessus (o viajor senta(-se) cansado - amicus
vênit tardus (o amigo chegou atrasado).
A progressiva diluição do morfema desinencial,
romanicamente intensificada, forçou o aumento da fixação
topomorfêmica, a ponto de a responsabilidade funcional se acostumar
a posiçòes da estrutura, como no trinômio /213/
- o menino viu o cão - onde os lugares /2/ e /3/ correspondem
à função de Nominativo e Acusativo.
Essa fixação topomorfêmica, gerando
um efeito transverbal, determinou, pós romanicamente, a típica
veicularidade do trinômio especial /212'/: o homem parou trêmulo,
o amigo chegou atrasado. Como prova da fixação, tente-se
trocar a ordem dos fatores, e veja-se como pode mugar a fidelidade semântica.
O efeito transverbal, com seu fio de projeção, influi
adverbalização no adnominal /2'/. Não é
indiferente dizer /22'1/, “o amigo atrasado chegou”, em vez de “o amigo
chegou atrasado”. Cf. ainda: “ele partiu soldado e voltou herói””.
[57] Nota manuscrita em folha anexa, colada ao texto:
nox est - amatus
est - est mortalis |
A fala noticia e situa
o proceder de um procededor |
|
|
frase constelar:
centro /1/, rodeado de /2/, /3/ e /4/. |
Função dinâmica do verbo indeuropeu.
Dinâmica mais para entender do que sentir. Em nox est o
uso racional, já infra-aristotélico, firmou o verbo conectivo,
esvaziado de dinâmica:
erat
luna plena /1 2/ e /0 2 2'/ |
sentido
ou intenção e moto-rítmica |
/1/ = centro
do predicado; /0/ = conector de predicação, inércia
no tempo - idioma nominalizado como o chinês. |
Predicação
que identifica Caio é romano é professor |
Quem
é Caio? - Caio é este /2'02/ - /202'/ Quem
é o chefe? - Riobaldo é o chefe. Que é plebiscito?
/2'02/ - é o voto do povo /02'/ (scisco
scitus = procurar saber} scitus? decisão.
|
|
[58] À margem do texto, manuscritas, encontram-se a seguinte
nota: “ paralysis parálise ˜ paralisia solução
do vigor dinâmico laxice”, e a versão alternativa seguinte
desta passagem do texto: “a parálise ou inércia dos idiomas
nominalizados (como o chinês) vogando leves, na epiderme do tempo,
em agoras de aorísticas praias. Tendo por missão indeuropéia
noticiar um proceder, o verbo ficou reduzido à missão
temporal da predicação.”
[59] - ptose / ptoseo- (do grego ptôsis, eos).
Queda; (Elemento composicional) caso, flexão. Ptoseonomia (ou
campenomia: do gr. kampé (curvatura, flexão)
+ nom(o) + ia) Parte da gramática que trata
da flexão das palavras.
[60] Referência é feita aqui à seguinte passagem
do Curso, p. 177: “ Le tout vaut par ses parties, les parties
valent aussi en vertu de leur place dans le tout, et voilà pourquoi
le rapport syntagmatique de la partie au tout est aussi important que
celui des parties entre elles. C'est là un principe général,
(...). La langue présente, il est vrai, des unités indépendantes,
sans rapports syntagmatiques ni avec leurs parties, ni avec d'autres
unités. Des équivalents de phrases tels que oui, non,
merci, etc., en sont de bons exemples. Mais ce fait, d'ailleurs exceptionnel,
ne suffit pas à compromettre le principe général.
Dans la règle, nous ne parlons pas par signes isolés,
mais par groupes de signes, par masses organisées qui sont elles-mêmes
des signes .» [O todo vale pelas suas partes, as partes valem
também em virtude de seu lugar no todo, e eis por que a relação
sintagmática da parte com o todo é tão importante
como a das partes entre si. Aí está um princípio
geral, (...). A língua apresenta, é verdade, unidades
independentes, sem relações sintagmáticas nem com
suas partes, nem com outras unidades. Equivalentes de frases tais como
sim, não, obrigado, etc., são bons exemplos disso. Mas
esse fato, aliás excepcional, não basta para comprometer
o princípio geral. Regularmente, não falamos por signos
isolados, mas por grupos de signos, por massas organizadas que são
signos elas próprias. ]
[61] Meillet, Antoine. Lingüista francês (1866-1936). Escreveu
trabalhos de gramática comparada. Autor, entre outros trabalhos,
de Lingüística Histórica e Lingüística
Geral. Em colaboração com Marcel Cohen, organizou
a primeira edição de As línguas do Mundo (Paris,
1924), obra de que escreveu a “Introdução”, que cuida
da classificação genealógica.
“Etimologia do Poder Fabular” (do
livro Da Vida à Vivência - Conceitos de Linguística
Fabular):
[*] O título dado ao texto encontra-se no verso do fólio
B2.4, o último da série, em anotação manuscrita
copiada abaixo. Este texto, certamente incompleto, é a reprodução
de material contido em 04 fólios. Na nota, o Autor registra “8
fs”.

As seguintes seções organizam o texto:
título da seção
|
título da seção
|
O modo zoológico
|
Eficácia
do poder fabular |
condicionamento
|
Hic-nunc-ismo zoológico
|
O terceiro sistema
|
Posse e consciência
|
Fala - tempo -socialidade
-hominidade |
Vito-vivencial |
Resumo |
|
[i] Passagem de difícil leitura, no original:

[ii] À margem do texto, lê-se a seguinte nota:
“O leão sente a zebra no espaço, mas o
homem, no tempo, retém a idéia zebra.”
Em outra margem também se encontram essas outras:
Leão não tem remorsos, homem tem. E essa citação
de A.H. [ Alexandre Herculano ], extraída de E.C.P 220 [ Eduardo
Carlos Pereira ]: O leão devora a sua presa e dorme; os homens
tornam-se assassinos e velam.
[iii] No final do fólio B2-1 encontra-se manuscrita a seguinte
nota:

Nesta passagem do texto [fólio B2-4], e no parágrafo
seguinte, encontra-se o nome “coequação” [ sic ].
“Disquisição do vocábulo
‘critério'” (do livro Conceitos de Linguística
Fabular):
[1] À falta de caracteres próprios, vão representados
em latinos os vocábulos gregos.
[2] De gredo não oferece dificuldade como variante arcaica de
decreto. Mas não é líquida a etimologia de degredo
"desterro", nem a de degredar. O dicionário etimológico
de Nascentes, ancípte entre degredar e degradar, apresenta
a hipótese de A. Coelho, para quem as duas formas são
variantes sincréticas de degradare e a de Cornu, para
quem o são de decretare.
Morais não averba degredar, embora consigne
degredado comentando que Barros distinguia, assim, o degredado
"desterrado" daquele que o é "da honra".
Parece tratar de dois verbos que o tempo contaminou.
Decretare, evolvido para degredar, nomearia
primeiro o ato da auto ridade que desterra, para depois significar o
próprio desterrar, num sentido especial que se guardou - após
o restabelecimento erudito de decretar, para os outros sentidos
de degredar, arcaizado.
Por outro lado, o latim jurídico, através
do direito canônico, teria introduzido degredar, do baixo
latim degredare “ rebaixar de grau", forma involutiva
e técnica, de uso restrito.
A paronímia degredar-degradar gerou a
contaminação, levando-se em conta, ainda, que o degredo
é uma espécie de degradação, como bem imaginou
o arguto Morais. Daí a coexistência do sentido "desterrar"
tanto em degredar, corro em degradar, em degredado como em
degradado. Era o ca minho aberto para a etimologia semântica,
explicada a origem pela apro ximaçâo do sentido. A. Coelho
tirou as duas formas por degradare. Cornu, por decretare.
Nascentes não registra degredo. Isso
foi por prudência, lapso ou de dução. Se lhe escapou
o verbete, foi lapso. Caso o haja omitido porque nada tinha que dize
r, foi prudência. Mas pode ser que fosse dedução:
de gredo seria um deverbal ou regressivo de degredar, ficando,
pois, dispensada a dicionarização. De fato, se degredo,
com seu único sentido atual de “ des terro”, não
é forma avançada de decreto, tem de ser um deverbal. Acho,
porém, que a omissão de Nascentes é lapso ou prudência.
[3] Os dicionários evitam discreção, indiscreção,
registrando discrição, indiscriçã
o. Até o de Aulete, inculpado por ter escrito discreção
acabou registrando as duas grafias, mas punindo por discrição
conforme pode ver-se no comentário a discreção.
Está contra esta o geral parecer dos filó logos,
em opinião que julgo merecer revista, apesar de Gonçalves
Viana, Sousa da Silveira, Otoniel Mota, Aires da Mata Machado Filho,
o ousado Cândido de Figueiredo, e outros.
Os argumentos pró-discrição
podem ver-se no Escrever certo de mestre Aires da Mata.
Ou antes, o argumento, que é um só, repetido por todos.
Sendo Gonçalves Viana uma grande e merecida autoridade, era natu
ral que se louvassem nele.
O argumento é o seguinte: discrição
está para o étimo discretione como confissão,
profissão, procissão para confessione, professione,
proces sione.
Ora, ele é um argumento enganado. Jogou no mesmo
cadinho um vocábulo de gabinete, que é discreção,
e três outros de praça - confissão, profissão,
procissão.
Um vocábulo de letrados é vocábulo
que sai do latim por decreto de mera transferência: recebe conformação
vernaculizante, mas escapa aos azares da deformação evolutiva.
Processão, por exemplo, tendo andado em uso vulgar,
é procissão. M as o e pretónico
não se alterou em ascessão, con cessão,
precessão, recessão, sucessão, todos cognatos
de procissão, preservados pelo uso discreto.
Nota-se o mesmo contraste nos adjetivos correspondentes
aos três nomes do argumento, pois o uso vulgar introduziu o efeito
de profissão em profissional, mas o uso restrito conservou
o e de confessional e processional.
Discreção é de uso letrado.
Se há de guardar analogia, melhor a guar dará com secreção,
de sua família legítima, e concreção,
de sua família ilegítima (pois concreção
descende de concretio, que descende de concretus,
que descende de concréscere). Com acessão,
concessão, processão, recessão, sucessão,
parentes legítimos de procissão; com progressão,
regressão, transgressão, compressão, expressão,
opressão, repressão, obsessão, possessão.
Ao fato de Morais e os clássicos terem escrito
discrição responde-se que não tinham boa
"discreção" ortográfica, anteriores que
foram à eti mologia, à filologia, à ciência
fonética, enfim, à grafia racional de Gonçalves
Viana. Muita coisa emendou a retificação moderna, em questões
de mor fologia. No caso versado, é fácil de imaginar uma
reação provocada pela consciência etimológica,
pela presença intelectual do francês discrétion,
pelo contraste entre discreção e descrição
- assinalado por João Ribeiro - pelo prestígio antigo
de Aulete, que indiscretamente albergara a forma impugnada.
A prosódia normal brasileira deixa perceber o
e pretónico.
Resolva o bom leitor, à discreção,
a respeito do que lhe pareça mais discricionário ou...
discrecionário.
[4] Não é demais prevenir que a palavra ária,
tão malsinada pelo ra cismo contemporâneo, aqui tem
apenas alcance lingüístico: nomeia os vagos filhos dessa
vaga gente que espalhou, no mapa do mundo, as chamadas línguas
arianas ou indo-européias ou indo-germânicas.
Depois daquele ariano austríaco, o qual foi chefe
do povo alemão e, dizem, descendia de judeus, tem sido muito
relembrada a cáustica sentença de MAX MULLER: "To
me an ethnologist who speaks of an Aryan blood, Aryan
eyes and hair, is as great a sinner as a linguist who speaks of
a dolichocephalic dictionary or a brachycephalic grammar"
“A hora inquieta que vivemos” (do
livro Ao Correr do Tempo - 2):
[1] “Senhor, eu não quero vender minha casa. Meu velho pai morreu
lá. Lá meu filho acaba de nascer. É o Potsdam meu...”
[2] ‘Vós... tomardes meu moinho? Sim, se não tivéssemos
juízes em Berlim.
[3] “São jogos de príncipe. Respeita-se um moinho. Rouba-se
uma província.”
[4] “O moinho é meu, tanto, pelo menos quanto a Prússia
é do rei”.
“Para ouvir Marouzeau” (do livro Ao Correr
do Tempo - 1):
[*] Alusão ao livro célebre e muito lido nos anos 40,
de Nicolas Berdiaef: Uma Nova Idade Média, lançado
no Brasil em tradução de Tasso da Silveira, José
Olympio, 1936.
“Saudação ao Prof. Velloso” (texto
avulso):
[*] Comentário do Autor, à margem do texto: “Vi atribuir
o dito a Eduardo Prado”.
“Variações sobre a Arte Poética”
(do livro Espírito Mediterrâneo - Estudos):
[1] O episódio referido se teria passado com Bérard e
não com Herriot.
[2] OTTO BAUER. Capitalismo y Socialismo. Trad. espanhola,
Madrid, 1932
[3] Conversations avec Goethe - Eckermann
[4] A Poética de Aristôteles foi conhecida dos romanos,
mal compreendida dos árabes, esquecida dos escolásticos
e parcialmente reconstituída pelos renascentistas. Chegou-nos
truncada.
[5] Benedetto Croce, Breviário de Estética.
[6] René Fulop Miller - Espirito e fisionomia do bolchevismo.
[7] Id., ib.
“Estrutura da Frase” (do livro
Da Vida à Vivência - Conceitos de Linguística
Fabular):
[*] O texto Estrutura da Frase corresponde a conteúdo
de três fólios originais, com notações manuscritas
feitas à margem, ou em folhas anexas coladas ao texto. As seções
que perfazem o texto assim se denominam:
título da seção
|
título da seção
|
[introdução]
|
sintagma 6 |
monofrástica
|
sintagma 7 - sub-sintagma
7 latino |
sintagmas situadores
|
Resumo |
sintagma /4/ |
lição
geral |
sintagma /5/ |
análise binominal
|
[1] À margem do texto datilografado, o Autor acrescentou as seguintes
notas:
adnominal coordenado leva o número
do coordenante: aposto e adjetivos
adnominal subordinado é que tem o
número 7
uma resolução agradável a todos
uma : adnominal situador coordenado
agradável : adnominal aspectivo
a todos : adnominal situador subordinado
O Autor envia à lauda 3, onde se encontra o esquema
seguinte:
I. elemento adverbal (sintagma) a) coordenado:
N ou A de /NVA/ i.é: 2 e 3.
b) subordinado: 4 e (5); ac / ab (dt)
II. elemento adnominal (subsintagma) a) adnominal
adjetivo / coordenado
b) 4 (5) 7 : ac/ab gt
gt primário (trocado por ab)
ac/ab secundário (semantizado)
[2] (N.ed.) No original, o título é introduzido em dois
anexos manuscritas colados sobre o texto original. Trata-se de duas
folhas de uma agenda (com datas de fevereiro de 1966) Muitos dos parágrafos
seguintes encontram-se nesses anexos, o primeiro datado de 28 de fevereiro,
e o outro, de 24 de fevereiro, contém os esquemas de estruturas
binomiais apresentados no final do texto.



À margem do texto lê-se a seguinte anotação:
“ a estrutura é economia diassintágmica satélites,
órbita verbal, órbita nominal, functores, economia endossintágmica”.
[3] Nota anexa acrescentada pelo Autor, digitalizada abaixo:

Meillet LGI: mot : “association d'un sens donné
à un ensemble donné de sons, susceptible d'un emploi grammatical
donné” [“associação de um significado dado a um
conjunto dado de sons, susceptível de um emprego gramatical dado”]
S[anto] Ag[ostinho], De magistro 7.9 : nomen:
nihil praeter litterarum sonum ; 8.23: nom enim quae res significatur
sed signum quo significatur loquentis ore procedit.. (N. ed. Sublinhando
a expressão quae res e signum, o Autor redige
a anotação: “já bem mas ainda ambígua”).
“Intervalo” (do livro Da
Vida à Vivência - Conceitos de Linguística Fabular):
[*] Trata-se de título postiço dado pelos organizadores.
Este texto apresenta-se sem título no original e é feito
de dois fólios, com o conteúdo distribuído em dez
partes [numeradas], listadas abaixo.
1. a função
fabular |
6. a estrutura fabular
|
2. etimologia |
7. definição
de sintagma |
3. o ato fabular
|
8. o molde frástico
|
4. os contextos
|
9. a estrutura infra-fabular
|
5. o contexto fabular
|
10. a frase nominal
|
[i] O Autor usa quase sempre a forma “infra-fabular”, valendo-se de
um hífen. Em raros momentos, vale-se também da forma “infrafabular”.
A fidelidade ao original foi mantida com respeito a esses registros.
[ii] No final do segundo fólio, o Autor apresenta, escrita à
mão, a análise das frases de 1 a 4, todas de estrutura
fabular. O seguinte quadro de correspondências, em forma abreviada,
oferece economia na análise:
1 V [/1/ representa o V(erbo)]
2 N [/2/ representa o N(ominativo) sujeito]
3 A [/3/ representa o A(cusativo) paciente]
4 ac ab [/4/ representa os adverbais acusativo e ablativo]
5 dt [/5/ representa o dativo]
6 voc [/6/ representa o vocativo]
1 - choveu /'V /
choveu muito à / 1 4 /
choveu muito aqui ontem de tarde à /14444/
1 4 4 4 4
2 - Caio veio à / 2 1 /
Caio veio da fazenda à cidade em quarenta minutos à /21444/
2 1 4 4 4
3 - Caio comprou casa à / 2 1 3 /
Caio comprou uma casa ontem das mãos de Lúcio por um milhão
à /213444/
Caio comprou uma casa ontem das mãos de Lúcio por um milhão
2 1 3 4 4 4
4 - Caio no aniversário de Lúcio deu- lhe
um valioso presente à / 2 4 1 5 3 /
2 4 1 5 3
5 - Caio, dá- lhe um presente pelo aniversário à
/ 6 1 (2) 5 3 4 /
6 1 (2) 5 3 4
“Método Linguístico” (do
livro Da Vida à Vivência - Conceitos de Linguística
Fabular):
[*] Este texto, datado de 30.10.1962, corresponde a conteúdo
de dois fólios originais, com notações manuscritas
feitas à margem.
[i] As anotações manuscritas, embora dificultem enormemente
a leitura do texto original, revelam a criteriosa atenção
do Autor para com os elementos, da língua, revelados pela anatomia
da frase - a frase unidade da fala. O fragmento digitalizado abaixo
o revela:

[ii] A nota seguinte, no rodapé do fólio 1, embora esquemática,
esclarece pelo menos parte do que está exposto na seção
5. A cor da tinta pode revelar que a anotação foi provavelmente
feita em diferentes momentos.

Pode-se oferecer a seguinte leitura desta nota:
Nota manuscrita em anexo:
1. morfema desinencial - relação endossintágmica
dissintágmica
(apomorfema e conectivo pro-morfema cf. morfema vocabular e fabular)
2. [morfema] conectivo a) endossintágmico - prep[osição]
b) diassintágmico - prep[osição]
c) diafrástico - conj[unção]
apomorfema sintágmico
conectivo pro-morfema prep[osição] sintágmico e
diassintágmico
pro-morfema conj[unção] diafrástico
Conectivo diafrástico (conj[unção]
conectivo metassêmico “Caio e Lúcio” passou a
endossintágmico.
[iii] À margem do texto, lê-se o exemplo em latim, e a
tradução:
Heri a Tusculo, via Latina, venit Caius Romam celeriter
(?) Ontem de Túsculo, pela via Latina,
chegou Caio a Roma, depressa.
“O modo e o tempo na expressão fabular”
(do livro Da Vida à Vivência - Conceitos
de Linguística Fabular):
[*] Notas à margem do texto:
presente - impretérito - pretérito - antepretérito
- futuro - antefuturo
viera antes de mim
viera junto comigo è as três são antepretéritas
no contexto.
viera depois de mim
[1] "O modo e o tempo na expressão fabular"
assimila duas das preocupações básicas do Autor:
a estrutura da frase indeuropéia e a etimologia do poder fabular.
É um ensaio distribuído em três grandes partes separadas
pelos algarismos romanos I, II e III e repartido em 26 seções,
bem marcadas com algarismos arábicos. Encontram-se duas versões
datilografadas desse texto no acervo, a primeira versão podendo
considerar-se como rascunho da outra, esta tomada como base do texto
aqui apresentado. A matéria ocupa cinco faces de três fólios.
parte |
seção
|
Tema da seção
|
I |
1 |
simpatia vital vs. sintonia
mental |
|
2 |
espaço vs. tempo
|
|
3 |
o ato fabular e seus
momentos |
|
4 |
o destilo do tempo na
língua indeuropéia |
II |
5 |
tempo fabular vs. modo
fabular |
|
6 |
os cinco modos admitidos
|
|
7 |
a fala volitiva - imperativo
e optativo |
|
8 |
O imperativo |
|
9 |
o optativo |
|
10 |
a fala intelectiva -
indicativo, potenciativo e subjuntivo |
|
11 |
o modo potenciativo
vs. modo indicativo e modo subjuntivo |
|
12 |
Em resumo |
|
13 |
capacidade veicular
vs. hominidade - progresso |
|
14 |
o modo verbal na temporização
intelectiva |
|
15 |
a analogia |
|
16 |
o progresso da analogia
no imperativo indeuropeu |
|
17 |
o imperativo ético
|
|
18 |
o subjuntivo |
|
19 |
valores persistentes
nos indícios do modo |
|
20 |
o conjugado
verbal da fala indeuropéia |
III |
21 |
A dimensão "tempo",
a hominidade do Sujeito e a conjugação verbal |
|
22 |
os desajustes e os idiomas
da língua indeuropéia |
|
23 |
a hominidade, um princípio
que cresce, a cota antrópica e o sociologismo espacialista
e mecânico |
|
24 |
a visão primeira,
cheia de agora, a segunda visão, de outroras condensados
no tempo e a riqueza desinencial indeuropéia. |
|
25 |
mudanças da forma
veicular |
|
26 |
a rotina vocabulista,
a atualidade fabular. Falar: construção ou repetição?
A fala e a língua, etc. |
[2] Esse é o tempo original,
o tempo tempo, que não deve ser confundido com um derivado seu,
o tempo crônico ou mecânico.
[3] A) Formas do tipo canta cantou cantará podem bastar,
como suficientes, à perfeição de uma estrutura
monofrástica. mas formas como cantara, cantava,
cantaria, afeiçoadas para um segundo momento, fazem pensar
com molde fabular difrástico. Essa idéia, entretanto,
de forma suficiente e forma relacionável se limita ao campo da
fala intelectiva, pois na fala volitiva a forma relacionável
pode ocupar um centro monofrástico: "Mísera, tivesse eu
aquela enorme, aquela / claridade imortal que toda a luz resume!" (MA)
B) Mesmo na fala intelectiva, uma sucessão de
momentos verbais, anaforicamente compensada, pode absolver uma forma
relacionável. O imperfeito narrativo, por exemplo, imerso na
concomitância mental, tomou daí suficiência monofrástica.
Veja-se o diálogo da formiga e da cigarra: - "Que fazia no estio?"
- "Cantava." - "Cantava? Pois dance agora!"
[4] Uma frase do tipo "não falou de você"
é tão afirmativa como a do tipo "falou de você".
Indica-se um evento de sinal menos ou de sinal mais, sendo impróprio
falar-se em frase negativa e frase afirmativa. Afirma cada uma o sim
ou o não do evento.
[5] A) Fora do grego, o optativo costuma ser objeto de
alusão metafórica, sem entrar como classificação
num quadro metódico. Mas isso é rigor de um morfismo que
não convence.
B) Baseia-se numa hipótese etimológica
a ordem de citação dos modos. Primeiro deve ter sido,
na diacronia da hominidade indeuropéia, a fala pragmática
ou volitiv a, cheia dos agoras de um fazer, imperativa
ou optativa. Depois é que foi surgindo, reflexiva,
em lentos outroras reminiscentes, a fala intelectiva de um
pensar, indicativa, subjuntiva ou potenciativa.
C) O chamado modo infinitivo não é um modo.
Fica-lhe bem a designação de forma infinita,
por não ter o endereço pessoal das formas finitas, ou
de forma nominal, por ter, como os nomes, endereço casual,
podendo funcionar adverbalmente, como substantivo, a adnominalmente,
como adjetivo.
[6] A) A frase imperativa, explorando a espacialidade
teatral, recebe subvenção visu-auditiva do porte, do gesto,
e do tom em que Primo se manifesta. Daí a economia de sua estrutura,
possível de se reduzir ao teor visual de um gesto díctico.
B) O sintagma central de seu contexto fabular é
uma base de verbo, sem aumento morfêmico: ama - dele - lege
- fac - veni [ama - apaga - lê - faze - vem]. Se descarece
de mais endereço é por não haver outro procededor
senão Secundo. Não é como em discriminações
do tipo lego - legis - legit [leio - lês - lê],
endereçadoras da conveniência entre o proceder e o procededor.
[7] A) O grego sabia usar, no modo potenciativo, do aoristo
gnômico, enganadamente havido como intemporal por tratadistas
que lhe não souberam ver a pertemporidade. Dizia, por exemplo
"ninguém enriqueceu depressa, sendo honesto" / oudêis
eplóutEse takhéOs, díkaios Ón (quase
como quem dissesse nemo auxit repente, bônus [ninguém
se tornou bom de repente])
B) Com o mesmo estilo
de experiência, escreveu um poeta nosso do século passado,
Francisco Otaviano: "quem passou pela vida em branca nuvem, quem passou
pela vida e não sofreu... só passou pela vida, não
viveu".
C) Pelo fato de
sugerir, não diretamente o proceder, mas o propósito de
um proceder, também o imperativo ético toma
feição gnômica: "não furtarás", "ama
com fé e orgulho a terra em que nasceste". O imperativo ético,
por ser teórico, difere do imperativo urgente ou pragmático,
determinador de proceder: "saia já", "não fique aí".
D) É tão
eficaz o modo potenciativo que reduz a potência mental até
um proceder permanente, como na frase "a terra gira no espaço",
teoricamente referida, não ao proceder da terra, mas ao seu poder
de fazer.
E) O modo gnômico, sem forma sua,
tinge morfias de outros modos: "o seguro morreu de velho" -"não
matarás" - "ama a Deus sobre todas as coisas".
[8] Sobre Secundo coletivo. Assim como não
é, o vocábulo nós, um plural feito de
eus, mas tão somente um Primo que fala por si e por
outrem, assim também o vocábulo vós não
é um plural feito de tus, pois alude a um Secundo coletivo,
distribuído nos ouvintes de Primo.
[9] O caso de uma estrutura do tipo talvez chegue
hoje, exceção de uso (cf nota 10) representa um contrabando
movido por "talvez", depois que "talvez" passou a dubitatvo. Basta trocar
o molde da frase /414/ pelo molde /144/, e logo se vê surgir o
indicativo: chega hoje talvez.
[10] Exceção do uso. Convém
lembrar que uma exceção do uso não é exceção
de alguma regra logicamente pré-fabricada. A lingüística
é uma ciência recenseadora de existências diacrônicas
e não de deduções categóricas. Não
confere sentido à palavra "exceção", ou melhor,
a palavra "exceção" não tem aquele sentido de preconceito
com que entrou na gramática normativa. Exceção
do uso, repita-se, não é exceção da regra.
[11] Uma forma verbal indeuropéia, no seu
estado romano, oferece boa facilidade anatômica. Deixa ver uma
base geral (dele-), própria do infecto, morfemicamenta
determinável, (delev-) para o perfecto. Conjuga assim
dois temas vocabulares que um morfema especial transforma na base particular
do tempo requerido, pronta para se completar num sintagma verbal, mediante
a determinação do endereço fabular: delebam
- delebas - delebat...
[12] A) A frase, podendo ser polissintágmica, pode também,
monossintágmica, oferecer coincidência com o sintagma.
"Venha", por exemplo, é um sintagma e uma frase. Mas pode não
coincidir com uma prolação, como logo lhe vê, na
frase "venha", quem lhe suponha os vários tons prolatórios
que lhe podem caber, conforme o diferir do conteúdo semântico.
Portanto, cumpre notar a prolação como terceira
unidade, junto ao sintagma e junto à frase.
B) Convém
notar que não só de morfia fônica vive o sintagma,
pois recebe também subvenções de seu lugar, no
molde frástico, e até reforço visual dos moldes
gesticulares. Além ainda, flutua aquela irrecenseável
subtileza que o hábito fabular refina, por costumes do uso, entre
Primo e Secundo. Veja agora o leitor se é tarefa qualquer distribuir
responsabilidade veicular aos sintagmas da frase. De certo que não
é muito pelo contrário, pois é tarefa de delicada
observância. Somente por muita coragem, na coragem do governo,
é que um tratadista sairá ditando as exatas minúcias,
localizando em átomos fingidos uma energia infusamente frástica,
na incerta densidade das moléculas. Espanta, por exemplo, essa
nova moda que, após talhar cadáveres de falas, tratadas
com o formol do opositismo, desce à microscopia do vocábulo,
em busca de lugarinhos fônicos predestinados.
“Prol” (do livro Da Vida
à Vivência - Conceitos de Linguística Fabular):
[*] Este texto apresenta-se transcrito em duas faces de um só
fólio. Manteve-se-lhe o título “Prol” - provavelmente
abreviação de “Prólogo” - tal como se encontra,
a lápis, no original.
[i] No original encontra-se: “Até o começo deste
século vinte,...”.
[ii] Como será mostrado nos textos a seguir, o Autor toma a língua
como sendo um patrimônio individual, feito desde a infância,
um patrimônio de meios, um patrimônio virtual das falas
inter-individuais.
[iii] A reprodução deste texto mantém-se fiel à
pontuação feita pelo Autor no original datilografado.
[iv] À margem do texto, uma outra versão, manuscrita:
“ pois embora sendo duas existiam vivencialmente como cada uma.
Não se usa dizer ‘as igrejas'. Dizia-se: a igreja nova / velha
”.
[v] O Autor se refere a Franz Bopp, lingüista alemão (1791-1867).
Autor de Gramática Comparada das línguas sânscrita,
zenda, grega, latina, lituana, eslava antiga, gótica e alemã.
Estudou principalmente as relações do sânscrito
com as outras línguas indeuropéias. Pode ser considerado,
quanto ao método de trabalho, o fundador da lingüística
comparada: utilizou o estudo comparativo para propor e resolver novos
problemas relativos às línguas. Com o “bidimensionismo
da comparação boppiana”, o Autor pode estar-se referindo
às dimensões do som e da estrutura gramatical, ou pode
estar considerando o método do confronto e da reconstituição
lingüística por meio do qual as pesquisas de parentesco
lingüístico buscavam origem comum (proto-língua).
[vi] No verso do fólio, encontra-se o comentário seguinte,
que pode ser tomado como estendendo as idéias deste parágrafo:
“A história dos dialetos ocidentais admite uma diacronia de 40
séculos, em cujo bojo ressoam formas da língua em que
se diz pai, mãe, terra, vida, ir, vir, ser, correr. Diz
Saussure que 80% do francês é indeuropeu: “ Les quatre
cinquièmes du français sont indo-européens”
[“ Quatro quintos do francês são indeuropeus” - Saussure,
1960, p. 235 / 1969, p. 200 ]. Tome o pesquisador esse dialeto neolatino
e lhe vá inventariando o patrimônio, retrospectivamente,
configurando-lhe estados de língua entre o século XX e
o século I. Chegando, pelos estados de língua da língua,
àquele que serviu ao romano (Latim) continue a recessão
...”
“Estética” (do livro Espírito
Mediterrâneo - Estudos):
[*] “A vulgaridade prevalecerá... A era igualitária é
o triunfo das mediocridades. É deplorável, mas é
inevitável e é uma vingança do passado. A humanidade,
depois de ter-se organizado na base das dessemelhanças individuais,
organiza-se agora na base das semelhanças... A arte sairá
perdendo...”
“Introdução” ao livro Da Vida
à Vivência – Conceitos de Linguística Fabular:
[1] Maturana, Humberto. A Ontologia da Realidade. Belo Horizonte:
Editora da UFMG, 1999, p.175.
[2] O texto foi transcrito do livro Conceitos de Lingüística
Fabular, p. 45-6. Outra versão dessa fábula, encontra-se
a seguir, transcrita da margem de um fólio inédito [F2],
ao lado de notas sobre Cassirer:
“No princípio era o Objeto. O sol o monte
o rio a planta o peixe o animal o homínida. Mas eram coisas ainda
sem nome. Adhuc sine nomine res. Isso porque ainda não
existia o Sujeito. Sujeito é aquele que interna em si o mundo,
veiculado em nomes. Um dia, na paciência genésica das origens,
dois homínidas, Primo e Secundo, aprenderam a “manifestar pela
voz” a representação de uma idéia. Então
começaram a existir os seres: o sol, o monte, o rio, o peixe,
o animal e o homínida se fez homem. Et homo factus est.
E o homem se fez Sujeito, ao se fazer capaz de se opor ao Objeto.
E transformou o objeto em reais internados no espírito, o seu
espírito de Sujeito. Esses reais eram repercussões de
procedimentos do Objeto, repercussões vivencialmente associáveis
a vozes que a fala de Primo produz, dirigida a Secundo, veiculando as
imagens do mundo.”
[3] Oliveira, Alaíde Lisboa (1996: 120).
[4] Conceitos de Lingüística Fabular (p. 127)
[5] Essa pontuação se encontra na versão da mesma
fábula apresentada na nota 2.
[6] O dicionário do Aurélio registra, derivado de homem,
o adjetivo hominal e o nome correspondente hominalidade.
O termo hominidade, exprimindo o caráter e a essência
de seres humanos mentalizados e espiritualizados, é criado pelo
Prof. J. Lourenço, assim como o verbo hominizar, que
define o progresso do homem Sujeito, em seu processo de mentalização
e de espiritualização.
[7] Conceitos de Lingüística Fabular (p. 100)
[8] Conceitos de Lingüística Fabular (p. 83)
[9] Conceitos de Lingüística Fabular (p. 83)
[10] O Espírito Mediterrâneo (p.122)
José Lourenço de Oliveira,
Educador / capítulo 01. a cultura:
[*] BUTLER, N. M. The meaning of Education, 1915.
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