“Quando redijo, é vezo velho meu ficar tergiversando. Se tenho o plano de meu tema, em vez de logo o acabar, movo delongas e procuras, na espera de sazão. (...) redijo muito devagar, cheio de toques e retoques. Penso muito, falo pouco, tal qual o papagaio da anedota. Estou muito perto de Flaubert, chamado o Cristo do estilo, numa alusão que padre Cruz nos repetia. A diferença é que Flaubert queria a arte, queria o belo: Plus l'expression se rapproche de la pensée, plus le mot colle dessus et plus c'est beau – diz ele. No meu caso, porém, a causa é a verdade, o amor veri que o Caraça nos legou, o gaudium de veritate de que nos fala Agostinho (Confissões, 10.23). Por isso também, vale para mim o que disse ele na epístola: ego vero plus amo discere quam docere (Epistola, 193, 49.13), eu de verdade gosto mais de aprender que de ensinar.”

(J.Lourenço, “Carta ao Prof. Lara Resende”, junho de 1971)

   
  vida
  livros
  banco de textos
   
  botoes