Na labuta do seu sustento

 

Ele põe o tecido no chão

E faz a mais bela vitrine

Para o povo passar e mirar

Utensílios para comprar

Opções para todos os estilos.

Disponível a diversidade

 

Ele aceita dinheiro de preto

Troca dinheiro de loiro,

De gringo, e de camponés,

Não importa altura ou peso,

Índio, homoafetivo ou chinês

Sua alma aspira freguês!

 

Vende e recebe em cheque

Dinheiro, cartão ou pix

Akin trabalha sem limites

Para alimentar sua família, 

Seu empenho é infindável!

Oito filhos para nutrir

 

O mais velho? Dezesseis.

Que tamanha sensatez!

Para finalizar o dia,

Prefere comer farinha.

E guardar toda galinha

Para a família se fartar

 

Camelô da rua Tiers

É seu ponto lá no Brás

Comprou seu meio de vida

Não teve estudo ainda

 As prisões da desigualdade

Limitaram seu potencial

 

Pobre sentença ativa

Do centenário da liberdade!

Nobre esperança viva

Dos ambulantes da cidade.

Gritam: lá vem o "rapa"!

Pelas ruas aflitos correm

 

Sonha triunfar, intercambiar

Encontrá-los em outras terras

 Dá um "Salve, irmãos!"

Que são maioria mercantes

Com suas placas erguidas:

Sou preto, vendedor, tô na luta!

 

(Cadernos Negros 45, p. 32)