40 anos de Cadernos Negros

Finalizando o ano de 2017, mais precisamente no dia 16 de dezembro, sábado, celebramos um importante evento para a comunidade negra brasileira: o lançamento da 40ª edição da série Cadernos Negros, na Academia Paulista de Letras.  A publicação reúne o número recorde de 42 autoras e autores de diferentes estados, com idades variadas. Ao longo dessas quatro décadas, Cadernos Negros firmou-se como um espaço de resistência literária, social e política, agregando autoras e autores negros em âmbito nacional. Afirmando a qualidade da produção literária afro-brasileira, Cadernos Negros constitui-se como longevo espaço de afirmação e consagração cultural.

Autoras e autores icônicos de nossa literatura, como Conceição Evaristo, Mirian Alves, Esmeralda Ribeiro, Cristiane Sobral, Cuti, Oswaldo de Camargo, Paulo Colina, Márcio Barbosa,  Aberlardo Rodrigues, entre tantas e tantos, são exemplos de personalidades presentes na série, a qual encontra-se em plena expansão.  A primeira edição, por exemplo, em formato de bolso, reuniu oito poetas. Vendida de mão em mão, a publicação obteve um retorno expressivo. Cada vez mais autoras e autores queriam e querem publicar em Cadernos Negros. Desde 1978, anualmente, de maneira ininterrupta, foram lançadas 40 edições alternado poemas e contos escritos por autoras e autores autodeclarados negros.  Sem dúvida alguma, trata-se de um território vasto, diverso e bastante denso, dentro e fora da literatura brasileira.


LIVROS E LIVROS

Ficção

Astolfo Marques – O Treze de Maio e outras estórias do pós-Abolição
A literatura de Astolfo Marques deve figurar como um clássico. Seus parágrafos curtos, com os tópicos frasais precisos, nos rementem a Machado de Assis, a Guimarães Rosa e a tantos outros baluartes da literatura brasileira e mundial. Os dois primeiros parágrafos do conto “O socialista” exemplificam essa afirmação: O Narciso, depois que saíra da Casa dos Educandos, flautista exímio e perfeito oficial de carpina, viajara pelo sul do país em companhia do seu padrinho comendador Manuel Bento, abastado capitalista portugu...

Poesia

Nina Rizzi – Caderno-goiabada
    porque alguns nomessão tão desdizíveiscomo marido e esposo êxtase, precipício porque desse nomecalcanhar ou punhoé tecido destino   fio em desfiopronto a não-ser   porque de um outro nome seu nomepura renda alcanço a delicada e violenta potência de dizer anchova   Nina Rizzi 2022     Livro de receitas, diário, processo de escrita criativa e de descoberta de si mesma, de um corpo-voz; poesia, questionamento de fronteiras – dos meios, da forma, do status quo –, ou ainda experimento se...

Ensaio

Édimo de Almeida Pereira - Metamorfoses do abutre: a diversidade como eixo na poética de Adão Ventura
Neste ano de 2014 completam-se dez anos da ausência de Adão Ventura, falecido em 12 de junho de 2004, cuja obra deixou suas marcas na a poesia brasileira contemporânea. Não obstante isso, sua obra não foi, até bem pouco tempo, objeto de estudos que a analisassem a partir de um eixo, senão pela apreensão de alguma das suas faces. Em busca de uma análise mais sistematizada e transversal, o pesquisador Édimo de Almeida Pereira publicou Metamorfoses do abutre: a diversidade como eixo na poética de Adão Ventura. O livro não ...

Infantojuvenil

Mel Adun - A Lua cheia de vento
O primeiro contato da criança com um texto geralmente é por meio das histórias contadas oralmente, sejam por familiares ou outros sujeitos participantes desse processo pedagógico. Este é o início da aprendizagem, compreensão e consolidação de valores caros à formação do pequeno leitor e de seu letramento literário, visto que “é ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes como: a tristeza, a raiva, a irritação, o medo, a alegria [...]” (ABRAMOVICH, 1989, p. 17). Sabemos que...

Memória

Oswaldo de Camargo - Lino Guedes, seu tempo e seu perfilLino Guedes resgatado Eduardo de Assis Duarte*   Paulista, nascido na pequena Socorro, mas desde jovem participante ativo da cena cultural da metrópole modernista, Lino Guedes (1897-1951) é exemplo de quão questionáveis, e mesmo falhos, são os critérios de consagração crítica adotados no Brasil. Da mesma forma que nossa historiografia literária não tomou conhecimento de inúmeras escritoras do século XIX, todas com livros individuais em seus currículos, para incluir apenas duas – Francisca Júlia e Auta de Souza, num universo de mais de 150 –, não bastou a Lino Guedes publicar treze volumes p...

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