Alessandra Martins

A Vida


A vida me ensinou a
ser
mais madura,
menos chorona,
mais mulher.
Talvez mais amarga,
“menos humana”,
mas, com certeza,
mais forte.
Bobona? Talvez!
Aprendi a rir de mim,
a me divertir comigo
mesma.
Me beijo na frente do
espelho.
Me venero, por isso
sou simpatizante
da solidão.
Curto estar em minha
companhia.
Gosto do silêncio,
quando posso
ouvir somente
meus devaneios.
Parece narcisismo,
egocentrismo, mas
não.
É amor-próprio.
Já tive a autoestima
jogada
no chão e fui ensinada
a me odiar.
Já quis morrer.
Pode soar estranho, eu
sei,
mas foi real.
Hoje, me amo tanto
que não
cabe em mim.
A vida ensina.
O tempo dita as regras,

mostra as direções.
Tudo é válido,
tudo é aprendizado.
Não há nada para se
lamenter,
arrepender, talvez,
mas também agradecer
por tudo.
Às pessoas boas e
ruins,
aos momentos tristes
e alegres.
Às viagens, mesmo as
que
foram na solidão,
mesmo as que foram
em minha mente.
Tudo foi redescoberto
no meu dicionário
inventado.
Tudo foi reaprendido
nos meus dias de caos.
À bagunça do meu
quarto,
onde encontro tudo e
todos
nos cantos, nas
desordens
dos meus
pensamentos,
que me levam ao
colapso
mental.
Às gargalhadas que
meus
amigos despertam
em mim.
Aos amores benignos
e aos amores cruéis.

À minha aparência
bela e jovem, mas
passageira,
que o espelho reflete.

Aos erros que me
incitam
a acertar.
Aos pequenos e aos
grandes
que conheço no
caminho.
Ao tempo que passa
correndo,
sem fazer parada
para descanso.
À vida, que, apesar de
tudo,
para mim,
é sempre bela.
A Deus, eu sou grata,
por tudo.
À vida.

(In: FlupPensa, 2012)