DESLIMITES 4
navalha um sol de azeviche
negride
– guerreiro em dorso de pedra.
desfruto de um tempo
escultor de tragédias.
procissão de navegantes rotos
clamores
que tocam para o sr. ninguém,
ventos que sopram para lugar nenhum,
assassinos que anunciam santos.
auroram prímulas de sangue
e amargaridas
ávidas
nos meninos que trepam na chuva.
vagam vagões no caos
– refúgios de ciclones –
risos em releases
almas de silicone.
onde se esgota a semântica do esgoto,
o tecido frugal do ser,
o ácido licor da espera?
vela a primavera
ao herói
e sua era,
rompe a lírica dos deuses
e sua dança de enigmas.
desentrevam luzes à barbárie.
e os surdos ouvem
e os cegos vêem.
(Palávora, p. 50-51)