DADOS BIOGRÁFICOS

 

Lino Pinto Guedes é natural da cidade de Socorro-SP. Quanto à data de seu nascimento, há controvérsia entre as fontes consultadas. Para Raimundo de Menezes (1969), Zilá Bernd (1992), Eduardo de Oliveira (1998) e Afrânio Coutinho (2001), Guedes teria nascido em 23/07/1906, informação também existente no catálogo da Biblioteca Mário de Andrade. Mas para Oswaldo de Camargo (1987), o autor nasceu em 24/06/1897, hipótese confirmada em pesquisas mais recentes (Toller, 2011). Seus pais foram José Pinto Guedes e Benedita Eugênia Guedes ambos ex-escravizados.

Aprendeu as primeiras letras em sua cidade de origem indo depois estudar em Campinas-SP, onde se diplomou pela Escola Normal Antônio Álvares. Desde muito jovem começa a se interessar pelo jornalismo, escrevendo para o Diário do Povo e o Correio Popular. Poeta, contista, romancista, ensaísta, biógrafo e jornalista, colaborou ainda em vários jornais e revistas, entre eles: Jornal do Comércio, O Combate, A Razão, São Paulo-Jornal, Correio de Campinas, Correio Paulistano, Folha da Noite e Diário de São Paulo, exercendo neste último, a função de chefe de revisão. Foi redator da Agência Noticiosa Sul-Americana. Foi membro da Sociedade Paulista de Escritores.

Na imprensa negra, atuou como editor-chefe do semanário Getulino, entre 1923 e 1924, autointitulado “órgão de defesa dos homens pretos”, que teve como secretário-geral o também poeta Gervásio de Morais.

Poeta moderno, voltado também para a crítica, haja vista sua longa atividade jornalística, estreia em livro em 1924 com Luiz Gama e sua individualidade literária, num dos primeiros movimentos de resgate da obra de do autor das Trovas burlescas de Getulino, até então mais conhecido por sua atividade com "advogado dos escravos", e por seus escritos jornalísticos e jurídicos. Com seu livro, Guedes traz a público a faceta poética e satírica do primeiro autor negro brasileiro que explicita sua ancestralidade e pertencimento ao se intitular, ainda em 1859, como "Orfeu de Carapinha".

Como literato, logrou diversas publicações na imprensa, posteriormente lançadas em livro, umas pela Editora Cruzeiro do Sul, outras com recursos próprios. Fez incursões pela prosa e dramaturgia, mas exercitou predominantemente a poesia. Há fortes indícios, ainda não confirmados, de que seja o autor do romance-folhetim A boa Severina, publicado no Getulino, entre 1923 e 1924, sob o pseudônimo de José de Nazareth. Dentre os autores afro-brasileiros de seu tempo, é seguramente o que mais trouxe a público seus escritos.

Faleceu em São Paulo (capital), a 4 de março de 1951.

Referências

BERND, Zilá. (Org.) Poesia negra brasileira: antologia. Porto Alegre: AGE / IEL / IGEL, 1992.

BROOKSHAW, David. Raça e cor na literatura brasileira. Trad. Marta Kirst. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983.

CAMARGO, Oswaldo de. O Negro Escrito: apontamentos sobre a presença do negro na Literatura Brasileira. São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura / IMESP, 1987.

MENEZES, Raimundo de. Dicionário Literário Brasileiro, volume III. Editora Saraiva, São Paulo, 1969.

OLIVEIRA, Eduardo (Org.). Quem é quem na negritude brasileira. São Paulo : Congresso Nacional Afro – Brasileiro ; Brasília : Secretaria Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, 1998.

COUTINHO, Afrânio. Enciclopédia de Literatura Brasileira. Direção de A. Coutinho e J. Galante de Sousa. 2. ed. rev., ampl., il., sob coordenação de Graça Coutinho e Rita Moutinho. São Paulo: Global Editora; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional/DNL: Academia Brasileira de Letras, 2001. Vol. I, p.806.

 


PUBLICAÇÕES

Obra individual

Black. São Paulo: Edição do autor, 1926.

O Canto do cysne preto. São Paulo: Edição do Autor, 1926. 2.ed. São Paulo: Áurea, 1935. (poesia).

Negro preto cor da noite. São Paulo: Cruzeiro do Sul, 1936. (poesia).

Ressurreição negra. São Paulo: Edição do autor, 1936.

Urucungo. São Paulo: Cruzeiro do Sul, 1936. (poesia).

Dictinha. São Paulo: Edição do autor, 1938. (poesia).

Mestre Domingos. São Paulo: Cruzeiro do Sul, 1938.

O pequeno bandeirante. São Paulo: Cruzeiro do Sul, 1938. (poesia)

Sorrisos do cativeiro. São Paulo: Edição do autor, 1938.

Vigília do Pai João. São Paulo: Edição do autor, 1938. (teatro).

Nova inquilina do céu. São Paulo: Edição do autor, 1943.

Suncristo. São Paulo: Coleção Hendi, 1951.

Não-ficção

Luis Gama e sua individualidade literária. São Paulo: edição do autor, 1924.

Antologias

A razão da chama: antologia de poetas negros brasileiros. Organização de Oswaldo de Camargo. São Paulo: GRD, 1986.

Breve antologia temática. In: O negro escrito. Organização de Oswaldo de Camargo. São Paulo: Imprensa Oficial, 1987.

Poesia negra brasileira: antologia. Organização de Zilá Bernd. Prefácio de Domício Proença Filho. Porto Alegre: AGE, IEL, IGEL, 1992.

O negro em versos: antologia da poesia negra brasileira. Organização de Luiz Carlos Santos, Maria Galas e Ulisses Tavares. São Paulo: Moderna, 2005.

Antologia de poesia afro-brasileira: 150 anos de consciência negra no Brasil. Organização de Zilá Bernd. Belo Horizonte: Mazza edições, 2011.

Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Organização de Eduardo de Assis Duarte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011, vol. 1, Precursores.

 


TEXTOS

 


CRÍTICA

 


FONTES DE CONSULTA

BERND, Zilá (Org.) Poesia negra brasileira. Antologia. Porto Alegre: AGE: IEL: IGEL, 1992.

BERND, Zilá. Introdução à literatura negra. São Paulo: Brasiliense, s/d.

BROOKSHAW, David. Raça e cor na literatura brasileira. Trad. Marta Kirst. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983.

CAMARGO, Oswaldo de. O Negro Escrito: apontamentos sobre a presença do negro na Literatura Brasileira. São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura / IMESP, 1987.

DOMINGUES, Petrônio. Lino Guedes: de filho de ex-escravo a “elite de cor”. In: Afro-Ásia, Revista do Centro de Estudos Afro-Orientais da FFCH-UFBA, nº 41 - 2010, p. 133-166.

DUARTE, Eduardo de Assis. Literatura, política, identidades: ensaios. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2005.

MENEZES, Raimundo de. Dicionário Literário Brasileiro, volume III. Editora Saraiva, São Paulo, 1969.

MOREIRA, Paulo da Luz. Lino Guedes e Vigília de Pai João, – articulando uma voz negra no Brasil, mimeo.

OLIVEIRA, Eduardo (Org.). Quem é quem na negritude brasileira. São Paulo: Congresso Nacional Afro – Brasileiro; Brasília: Secretaria Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, 1998.

ENCICLOPÉDIA DE LITERATURA BRASILEIRA. Direção de A. Coutinho e J. Galante de Sousa. 2. ed. rev., ampl., il., sob coordenação de Graça Coutinho e Rita Moutinho. São Paulo: Global Editora; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional/DNL: Academia Brasileira de Letras, 2001. Vol. I, p. 806.

GOMES, Heloísa Toller. Lino Guedes. In: DUARTE, Eduardo de Assis (Org.). Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011, vol. 1, Precursores.

 


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