DADOS BIOGRÁFICOS

Jorge Dikamba nasceu na cidade de Itabirito-MG, em fevereiro de 1972. Bacharelou-se em História na UFMG e cursou pós-graduação em Gestão de Projetos Sociais pela mesma instituição.

Musicista e compositor, lançou o CD Dono do Tempo, contendo canções e peças instrumentais e, em 2015, o álbum Cantorias, Folguedos & Quintais, com canções que transitam entre os universos popular e erudito em arranjos que remetem ao medievo e lírica trovadoresca, mineiriana e sertânica.

Como escritor, publicou os livros infantis Amani, em 2010, e A menina na cadeira, em 2011. Em 2019, vem a público o premiado volume de contos Memorial.

Amani narra, a partir de um ponto de vista interno e afro-identificado, o cotidiano de uma criança africana nos tempos da exploração colonial. Em sua rotina de trabalho, aprendizado e diversão, Amani cumpre tarefas estabelecidas na comunidade, ordenha as cabras e ajuda a mãe a manter em ordem a cubata em que residem. À tarde, ele se junta a outras crianças na casa dos anciãos, onde aprende os saberes ancestrais de seu povo. Seu pai é um guerreiro valente e está viajando em missão militar a serviço do rei. Tudo corre muito bem até que, um dia, a aldeia é invadida por “ladrões de pessoas”, o que muda de forma trágica a vida do pequeno personagem. Amani é um dos poucos livros infantis brasileiros que trata da escravização e do tráfico de seres humanos realizado no período colonial a partir da perspectiva da criança negra.

Destaque-se, também, A menina na cadeira, no qual é narrada a história de Luana, personagem que dá título ao livro, e seu amigo João, garoto que acaba de se mudar para a cidade. Encantado com o espaço, ele encontra na biblioteca perto de sua a casa um local para se divertir, conviver e fazer novas amizades. Lá conhece Luana, menina com problemas de locomoção, que cativa a todos com o seu sorriso. Mais tarde, em suas andanças pela cidade, eles percebem o quanto as tarefas mais simples do cotidiano se tornam complicadas para quem depende de uma cadeira de rodas.

Já o premiado Memorial reúne contos de rara intensidade, vazados numa linguagem que remete por vezes à oralidade do “mineirês”, ao mesmo tempo em que revela a presença do leitor de Guimarães Rosa a retrabalhar criativamente os falares do nosso povo. Apoiado nessa sedutora construção de linguagem que por si só assegura ao livro lugar de destaque junto à produção contemporânea, Jorge Dikamba nos conduz a universos os mais díspares: da Babilônia mítica às Minas Gerais dos tempos da Inconfidência; das “águas verdes” do acanhado lago do Parque Municipal belorizontino aos oceanos encrespados do Oriente e daí aos canais e gôndolas de Veneza; do Nordeste brasileiro dos tempos do cangaço às touradas espanholas ainda vivas em século XXI.

Enfim, unindo música e literatura na promoção da cultura afro-brasileira, Jorge Dikamba atua como mestre e griot contemporâneo, a encantar seu público com histórias e canções, num trabalho que combina a performance com o prazer da leitura.

 


PUBLICAÇÕES

Obra individual

Amani. Ilustrações de Juliana Buli. Belo Horizonte, C/ Arte, 2010. (infantil).

A menina na Cadeira. Ilustrações de Juliana Buli. Belo Horizonte: Crisálida, 2011. (infantil).

Memorial. Belo Horizonte: Edição do Autor, 2019. (contos).

 

Antologias

São Raimundo da Viola. In: O Polvo e Outras Histórias. Antologia de autores premiados. Bragança Paulista: ASES, 2011.

A Relíquia Persa. In: Cartonera. Antologia de autores premiados. Foz do Iguaçu: UNILA, 2012. (conto).

Piedade. In: V Prêmio Literário Canon de Poesia 2012 – poesias. Antologia de autores premiados. São Paulo, Scortecci, 2013.

Piedade. In: Além da Terra, Além do Céu. Antologia. São Paulo: Chiado, 2017.

Memorial. In: Mulheres: 29 autores escolhidos em concurso nacional, organização de José Mauro da Costa. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2014. (conto).

Discografia

Dono do tempo. Produção independente, 2012.

Cantorias, Folguedos & Quintais. Produção independente, 2015.

 


TEXTOS

 


CRÍTICA

 


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