DADOS BIOGRÁFICOS

José Salgado Santos Costa, pseudônimo Salgado Maranhão, nasceu em Caxias - MA, em 13 de novembro de 1953, filho de Moacyr dos Santos Costa e Raimunda Salgado dos Santos. Ainda menino teve contato com a literatura de cordel. Na adolescência, mudou-se com sua família para Teresina-PI e desde cedo se viu na necessidade de começar a trabalhar. Empregou-se como faz-tudo numa cadeia de lojas e começou a frequentar a biblioteca local diariamente. Encantado pela poesia, e principalmente com a obra de Fernando Pessoa, teve certeza de que a produção literária guiaria sua vida. Já nessa época, dedicava as noites ao fazer poético além de escrever uma coluna para o jornal da cidade.

Em 1972 conhece Torquato Neto de quem se torna amigo e é estimulado a mudar-se para o Rio de Janeiro em busca de reconhecimento. Com apenas 19 anos, Salgado vai para a cidade grande e logo inicia o curso de Comunicação na PUC. Lá ele conhece um padre jesuíta que o apresenta às artes marciais. Vendo mais sentido nesse universo, passa a dar aulas de tai chi chuan. Sobre seu envolvimento com a tradição oriental o poeta declara em entrevista:

"Foi na cultura oriental que encontrei um caminho e um meio de sobrevivência que não brigam com a poesia. O jornalismo diário, pelo seu exclusivismo e pela sua urgência intrínseca, não deixa espaço à reflexão. E a poesia é uma prática contemplativa, cozinhada em fogo brando, representa o sentido maior da minha vida. Nesse ponto, o modo de pensar oriental trouxe harmonia à minha natureza, trouxe a noção de equilíbrio no caos e de caos no equilíbrio, diferente da visão ocidental que dicotomiza corpo e mente, desconhecendo o percurso da alquimia interna." (In: http://www.secrel.com.br/jpoesia/SMaranhao.html).

Salgado Maranhão também cursou Letras na Universidade Santa Úrsula e participou do movimento de poesia marginal que vigorou nos centros urbanos do país, nos anos 70. Seus primeiros poemas em livro foram publicados na antologia poética Ebulição da escrivatura: treze poetas impossíveis, editada pela Civilização Brasileira e organizada por Salgado, Antonio Carlos Miguel e Sérgio Natureza. A publicação destaca-se por ter sido uma das obras de poesia marginal a ser publicada por uma grande editora e, diante da ótima qualidade, obteve reconhecimento junto à crítica e à mídia. Depois de ler seus poemas nesta antologia, Paulinho da Viola fica interessado em conhecê-lo e juntos formam uma parceria. Consagrou-se por seu trabalho junto à Música Popular Brasileira, tendo composições com Ivan Lins, Elton Medeiros, Zeca Baleiro, Moacir Cruz entre outros.

Em 1998, recebeu o Prêmio Ribeiro Couto da União Brasileira dos Escritores. Neste mesmo ano publicou Mural de ventos, que foi agraciado, em 1999, com o Prêmio Jabuti. Em 2011, recebeu o Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras com A cor da palavra. Em 2014, foi a vez do Prêmio Pen Clube de Poesia, pela publicação de O mapa da tribo. Em 2016, foi novamente vencedor do Jabuti com o livro Ópera de nãos. Tem poemas traduzidos para o inglês, italiano, francês, alemão, sueco, hebraico, japonês e esperanto.

Atualmente consegue aliar à atividade da escrita musical e poética, outra que é fonte de sentido e equilíbrio: mestre em shiatsu e também terapeuta corporal há mais de dez anos, Salgado Maranhão encontra no pensamento oriental a relativização dos valores europeus inerentes à escrita.

Em 2023, vem a público pela Editora Malê a coletânea A voz que vem dos poros, publicação alusiva aos setenta anos do poeta. O crítico Vagner Amaro (2023) afirma ser a poesia do autor tão universal quanto a de Fernando Pessoa e arremata: "dos poros que a voz poética de Salgado ressoa, uma característica ancestral e afrodiaspórica se faz presente, como em 'Carcarás, aboios, lendas, são minha história e destino', 'guardo no corpo a memória que acorda o silêncio' e 'Volto a ti, Caxias, para lavar meus olhos sujos de ventos e maresias'. É deste ponto de vista que o autor apresenta a sua pluralidade temática, complexa, com destaque para a representação dos animais como recurso poético, a zoomorfização, o afeto pela vida e pelos outros, a sedução, a interiorização dos dramas humanos, a alteridade como forma de encontro, deslocamento e/ou provocação/inspiração para o leitor e a brasilidade ora crítica, ora apaixonada". 

 


PUBLICAÇÕES

Obra individual

Punhos da serpente. Rio de Janeiro: Achiamé, 1989.

Aboio: uma saga do nordestino em busca da Terra prometida. Rio de Janeiro: Corisco, 1984.

Punhos da Serpente. Rio de Janeiro: Achiamé, 1989).

Palávora. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1995. Prefácio de Silviano Santiago (poesia)

O beijo da fera. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1996.

Mural de ventos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.

Sol sanguíneo. Rio de Janeiro: Imago, 2002.

Solo de gaveta & Amorágio (livro/CD). Rio de Janeiro: SESC, 2005.

A pelagem da tigra. Rio de Janeiro: Booklink, 2009.

A cor da palavra. Rio de Janeiro: Imago: Fundação Biblioteca Nacional, 2010.

O mapa da tribo. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2013.

Ópera de nãos. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2015.

Avessos avulsos. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2016.

A sagração dos lobos. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2017.

A casca mítica. Prefácio de Muniz Sodré; Posfácio de Iracy Souza. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2019.

Pedra de encantaria. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2021.

A voz que vem dos poros - Antologia poética. Organização de Rafael Quevedo e Vagner Amaro. Rio de Janeiro: Malê, 2023.

 

Antologias

Ebulição da escrivatura: treze poetas impossíveis. Organização de Salgado Maranhão, Antônio Carlos Miguel e Sérgio Natureza. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

O negro em versos: antologia da poesia negra brasileira. Organização de Luiz Carlos Santos, Maria Galas e Ulisses Tavares. São Paulo: Moderna, 2005.

Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Organização de Eduardo de Assis Duarte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011, vol. 3, Contemporaneidade.

Amor e outras revoluções, Grupo Negrícia: antologia poética. Organização de Éle Semog. Rio de Janeiro: Malê, 2019.

 


TEXTOS

 


CRÍTICA

 


FONTES DE CONSULTA

AGUSTONI, Prisca. “Poesia brasiliana”. Testi critici e commentati di opere di: Carlos Nejar, Salgado Maranhão, Eberth Alvarenga, Dalila Teles Veras, Carlos Secchin, e alcune antologie e alcune riviste). In: Semicerchio. Rivista di poesia comparata. Firenze, Ed. Le Lettere, febbraio 2004, n° XXIX, p.64-68.

CARVALHO, João Batista Souza de; SOUZA, Elio ferreira de. Traço exusíaco e escrevivência em O mapa da tribo, de Salgado Maranhão. In: FERREIRA, E.; BEZERRA FILHO, F.J.; COSTA, M.T.A. (Org.). Literatura e cultura afrodescendente e indígena: Brasil, Caribe, Colômbia e Estados Unidos. Vol. 5. Teresina: UESPI, 2017.

CONCEIÇÃO, Jônatas; BARBOSA, Lindinalva (Orgs.). Quilombo de Palavras. 2 ed. Salvador: CEAO/UFBA, 2000. p.112.

COUTINHO, A., SOUSA, J. Galante (Dir.). Enciclopédia de literatura brasileira. 2. ed. rev., ampl., il., sob coordenação de Graça Coutinho e Rita Moutinho. São Paulo: Global Editora; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional/DNL: Academia Brasileira de Letras, 2001. Vol II, p. 1012.

LIRA, Pedro. Uma palavra voraz. In: Palávora, cit.

MORAES, Fabrício Tavares de. O dionisíaco e o apolíneo na poética de Salgado Maranhão: o êxtase e o estático. In: Revista Africa e Africanidades. Ano 2, Número 7, Especial Afro-brasileiros: construindo e reconstruindo os rumos da história, Novembro de 2009. www.africaeafricanidades.com.

PEREIRA, Edimilson de Almeida. Entrevistas: cinco autores afro-brasileiros contemporâneos/Salgado Maranhão. In: PEREIRA, Edimilson de Almeida. Malungos na escola: questões sobre culturas afrodescendentes e educação. São Paulo: Paulinas, 2007, p. 287-291.

PEREIRA, Edimilson de Almeida. Salgado Maranhão. In: DUARTE, Eduardo de Assis (Org.) Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011, vol. 3, Contemporaneidade.

RODRIGUES, Claufe e MAIA, Alexandra (Org.). 100 anos de poesia: um panorama da poesia brasileira no século XX. Rio de Janeiro: O Verso Edições, 2001, vol. II, p. 206-207.

VALENTE, Luís Fernando. O traço apolíneo de Salgado Maranhão. In: PEREIRA, Edimilson de Almeida (Org.). Um tigre na floresta de signos: estudos sobre poesia e demandas sociais no Brasil. Belo Horizonte: Mazza Edições; Juiz de Fora: PPG-Letras/ Estudos Literários/ Faculdade de Letras - UFJF, 2010, p. 460-467.

 


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