DADOS BIOGRÁFICOS

Joel Rufino dos Santos nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de junho de 1941. Historiador, romancista e intelectual engajado na causa negra, teve seus trabalhos censurados pela ditadura civil-militar de 1964. Em dezembro de 1972, foi detido e mandado para o presídio do Hipódromo, em São Paulo. Lá, permaneceu como preso político por um ano e meio, devido a sua militância na Ação Libertadora Nacional (ALN) – organização clandestina que pregava a luta armada contra o regime.

A partir da Anistia decretada em 1979, retomou suas atividades acadêmicas. Na década de 1990, presidiu a Fundação Palmares, onde estabeleceu uma relação mais próxima com as comunidades remanescentes de quilombos e deu início aos trabalhos de reconhecimento dessas comunidades. Realizou, ainda, as celebrações dos 300 anos da morte de Zumbi dos Palmares, ocorridas em União dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas.

Atuou também como subsecretário de Defesa e Promoção das Populações Negras do Rio de Janeiro e membro integrante da Diretoria do Instituto de Estudos da Religião (ISER). Foi professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, lecionando nos cursos de Letras e Comunicação Social. Nos últimos anos, integrou os quadros do Tribunal de Justiça de Estado do Rio de Janeiro, na condição de Diretor-geral de Comunicação e Difusão do Conhecimento.

Ao longo de sua carreira, trouxe a público uma vasta produção, entre escritos historiográficos, ensaios, biografias, romances, narrativas infantis e infantojuvenis, além de livros didáticos. O pensador enveredou também pela dramaturgia: levam sua assinatura três peças teatrais e duas minisséries para a TV. Sua biografia de Zumbi dos Palmares, destinada ao público jovem, tornou-se um clássico do gênero, com dezenas de edições.

Em 1979, Joel Rufino dos Santos foi agraciado com o Prêmio Jabuti, com o livro Uma estranha aventura em Talalai. No ano de 2000, venceu o Prêmio Orígenes Lessa na categoria “O Melhor para o Jovem”, com Quando eu voltei, eu tive uma surpresa, pungente reunião de cartas escritas ao filho de oito anos quando ainda estava encarcerado pela ditadura. Em 2008, voltaria a ganhar o Jabuti, com O barbeiro e o judeu da prestação contra o sargento da motocicleta. E foi ainda indicado para a mais importante honraria da literatura infantojuvenil – o Prêmio Hans Christian Andersen –, nos anos de 2004, 2006 e 2014.

O autor, que há tempos lutava contra um câncer, faleceu, aos 73 anos em 4 de setembro de 2015, no Rio de Janeiro, devido a complicações advindas de uma cirurgia. Poucos dias antes, mesmo com a saúde abalada, ganhou espaço na mídia ao salvar a vida de um jovem negro que estava sendo linchado à luz do dia numa rua de Copacabana. Joel Rufino dos Santos deixou um importante legado para a posteridade, seja por meio dos inúmeros livros voltados a leitores das mais diferentes idades e aptidões, seja pelo exemplo de vida intelectual pautada pelo compromisso com os subalternos de todas as épocas e lugares. Após seu falecimento, foram resgatados os originais de dois romances inéditos - O rio das almas flutuantes, que aborda a saga de personagens africanos refugiados no interior da Bahia no século XIX - e, ainda O amor e o nada, cuja trama explora o ambiente pesado da ditadura civil-militar de 1964 no Rio de Janeiro. Ambos os romances estão publicados pela editora Pallas.

 


PUBLICAÇÕES

Romance

Crônica de indomáveis delírios. Rio de Janeiro: Rocco, 1991.

Paulo e Virgínia: o literário e o esotérico no Brasil atual. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.

Bichos da terra tão pequenos. Rio de Janeiro: Rocco, 2010.

Claros sussurros de celestes ventos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.

O amor e o nada. Rio de Janeiro: Pallas, 2023 (publicação póstuma).

O rio das almas flutuantes. Rio de Janeiro: Pallas, 2023 (publicação póstuma).

Infantojuvenil

O caçador de lobisomem, ou, o estranho caso do cussaruim da Vila do Passavento. São Paulo: Abril Cultural, 1975.

Marinho, o marinheiro, e outras histórias. São Paulo: Abril Cultural, 1976.

Aventuras no pais do pinta-aparece e outras histórias. São Paulo: Abril Cultural, 1977.

O curupira e o espantalho. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

Uma estranha aventura em Talalai. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1978.

Quatro dias de rebelião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.

O noivo da cutia. São Paulo: Ática, 1980.

A pirilampéia e os dois meninos de Tatipurum. São Paulo: Ática, 1980.

O soldado que não era. 7. ed. São Paulo: Editora Moderna, 1983.

Historia de Trancoso. São Paulo: Ática, 1983.

A botija de ouro. São Paulo: Ática, 1984.

Dudu Calunga. Rio de Janeiro: Ática, 1986.

Rainha Quiximbi. São Paulo: Ática, 1986.

Ipupiara, o devorador de índios. São Paulo: Moderna, 1990.

Uma festa no céu. Belo Horizonte: Miguilim, 1995.

Gosto de África. São Paulo: Global, 1998.

Cururu virou pajé. São Paulo: Ática, 1999.

O curumim que virou gigante. São Paulo: Ática, 2000.

Quando eu voltei, tive uma surpresa. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.

O presente de Ossanha. São Paulo: Global, 2000.

O Saci e o Curupira. São Paulo: Ática, 2000.

O grande pecado de Lampião e sua terrível peleja para entrar no céu. Belo Horizonte: Dimensão, 2005.

Vida e morte da onça-gente. São Paulo: Moderna, 2006.

O jacaré que comeu a noite. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007.

Na rota dos tubarões. Rio de Janeiro: Pallas, 2008.

Não Ficção

História nova do Brasil. São Paulo: Ed. Giordano/Ed. Loyola, 1963 (Coautoria).

História nova do Brasil IV. 2. ed. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1964.

O descobrimento do Brasil. Rio de Janeiro: MEC/CASES, 1964. (Col. História Nova 1).

As invasões holandesas. Rio de Janeiro: MEC/CASES, 1964. (Col. História Nova 3).

A expansão territorial. Rio de Janeiro: MEC/CASES, 1964. (Col. História Nova 4).

Independência de 1822. Rio de Janeiro: MEC/CASES, 1964. (Col. História Nova 6).

Da independência à República. Rio de Janeiro: MEC/CASES, 1964. (Col. História Nova 7).

O Renascimento, a Reforma e a Guerra dos Trinta Anos. São Paulo: JCM, 1970.

República: campanha e proclamação. São Paulo: JCM, 1970.

Mataram o presidente. São Paulo: Alfa e Ômega, 1976. (Coautoria).

História do Brasil. São Paulo: Marco Editorial, 1979.

O dia em que o povo ganhou. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.

História política do futebol brasileiro. São Paulo: Brasiliense, 1981.

O que é racismo. São Paulo: Brasiliense, 1982.

Zumbi. 7. ed. São Paulo: Moderna, 1985.

Constituições de ontem, constituinte de hoje. São Paulo: Ática, 1987.

Abolição. Rio de Janeiro: Record, 1988.

Afinal quem fez a República? São Paulo: FTD, 1989.

História, histórias. São Paulo: Editora FTD, 1992.

Atrás do muro da noite: dinâmica das culturas afro-brasileiras. Brasília: MINC / Fundação Cultural Palmares, 1994. (coautoria Wilson dos Santos Barbosa).

Épuras do social: como podem os intelectuais trabalhar para os pobres. São Paulo: Global, 2004.

Quem ama literatura não estuda literatura. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.

Assim foi se me parece: livros, polêmicas e algumas memórias. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.

A banheira de Janet Leigh. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

Carolina Maria de Jesus: uma escritora improvável. Rio de Janeiro: Garamond, 2009.

Saber do negro. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional/Pallas; Brasília: SEPPIR, 2015.

Antologias

Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 2, Consolidação. Organização de Eduardo de Assis Duarte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

 


TEXTOS

 


CRÍTICA

 


FONTES DE CONSULTA

COUTINHO, Afrânio. Enciclopédia de Literatura Brasileira: Oficina Literária Afrânio Coutinho /OLAC e ME/FAE. São Paulo: Global Editora, 2001.

FONSECA, Maria Nazareth Soares. Poesia Afro-brasileira - vertentes e feições. In: O eixo e a roda, Vol. 15, Jul. - Dez. 2007, p. 97-112.

OLIVEIRA, Eduardo de. Quem é Quem na Negritude Brasileira. São Paulo: Edição do autor, 1998.

 

 


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