DADOS BIOGRÁFICOS

 

Henrique Cunha Jr. nasceu em São Paulo, no bairro do Bexiga, em 1952. Passou a infância no tradicional bairro do Ipiranga, tendo estudado no Colégio Estadual Brasílio Machado. Formou-se em Engenharia Elétrica na USP e em Sociologia na UNESP de Araraquara. Mestre em História, cursou doutorado em Engenharia Elétrica na França. É Livre-docente pela Universidade de São Paulo e Professor Titular da Universidade Federal do Ceará, tendo também lecionado na USP.

Filho do conhecido militante da causa negra Henrique Cunha, foi criado na militância dos movimentos negros. Dirigiu grupos de teatro amador na década de 1970 e foi membro do Grupo Congada, de São Carlos-SP. Participou da fundação da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, tendo sido seu primeiro presidente.

Ficcionista bissexto, publicou poemas, um volume de escritos políticos e dois livros de contos, tendo também composto a peça de teatro Negros que Riem, encenada em São Paulo nos anos 1980. Nesse período, escreveu o romance Sabah Buni, até hoje inédito pois, segundo consta, os originais foram extraviados. Entre 1978 e 1981, participou dos primeiros números da série Cadernos negros.

Em depoimento desta época, publicado no volume 1 de Cadernos negros, afirma que “a vida só tem sentido dentro de um trabalho na comunidade. A participação de cada um é condição para dizermos que vivemos como negros, ou seja, que vivemos. Alguns poucos dizem mentiras, tais como: dinheiro, títulos e outras coisas resolvem os problemas da vida em particular. Eu não acredito nisto.” (Cunha Jr.:1978:4)

Em outro momento afirma: “a volta à África e ao quilombo são entendidas por mim como estado de reflexão que impulsiona as novas realizações. É o caminho do reconhecimento de si, na reconstrução da história em oposição a história do branco opressor. Portanto África, quilombo, escravidão, nos meus escritos são uma fase e um meio de nos explicar e nos entendermos e tomarmos consciência de nossa vida. Estes elementos oferecem energia revolucionária e contêm as formas comunitárias úteis para nossa consciência. Estamos no Brasil e no século XX, portanto é aqui e agora que se deve realizar aquilo que temos de África, quilombo e escravos.” (Cunha Jr.: 1980, p. 42)

Já na Introdução ao volume Tear africano, de 2004, declara:

“considero este livro apenas uma malha do tecido africano que constitui parcela significativa da história e da cultura nacional. Este país é uma imensa consequência de sucessivas vagas de imigrações africanas. Os primeiros tecidos feitos nesta terra saíram de teares africanos, de africanas tecendo o pano. A ignorância e a arrogância dos que nos desconhecem sempre nos fez aparecer na História como seres nus, vindos de supostas tribos de homens nus. Meus textos protestam contra esse descaso da ignorância, e insistem na persistência da dignidade humana, dignidade que representamos e constantemente propomos para a sociedade brasileira como forma civilizada e civilizadora. A bagagem africana tem saberes vários, tecnologias, medicina, propostas políticas, bagagem que o Brasil se especializou em desconhecer e cuja dimensão não ousa imaginar. Tear africano é um chamado a essa imaginação. Trabalha contra a corrente que nega africanos e descendentes de africanos como construtores inteligentes de uma cultura.“ (2004: p. 8).

 


PUBLICAÇÕES

Obra individual

Negros na noite. São Paulo: EDICON, 1987. (Contos)

Negros que riem. [S.l.]: [s.n.], [s.d.]. (Texto teatral)

Tear africano: contos afro-descendentes. São Paulo: Selo Negro, 2004.

Não-ficção

Textos para o movimento negro. São Paulo: EDICON, 1992. (Ensaios)

Educação e Afrodescendência no Brasil. (Co-organizador) 1 ed. Fortaleza: editora da UFC, 2007. v. 1.

Espaço urbano e afrodescendência: estudo sobre a espacialidade negra urbana para o debate das políticas públicas. (Co-organizador). Fortaleza: UFC, 2007.

Antologias

Cadernos negros 1. (org. Cuti). São Paulo: Ed. dos Autores, 1978. (poesia)

Cadernos negros 2. (org. Cuti). São Paulo: Ed. dos Autores, 1979. (conto)

Cadernos negros 3. (org. Cuti). São Paulo: Ed. dos Autores, 1980. (poesia)

Cadernos negros 4. (org. Cuti). São Paulo: Ed. dos Autores, 1981. (conto)

Cadernos Negros 30. (Org. Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa). São Paulo: Quilombhoje, 2007.

Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 3, Contemporaneidade. Organização de Eduardo de Assis Duarte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

 


TEXTOS

 


CRÍTICA

 


FONTES DE CONSULTA

ALVES, Henrique L. Prefácio. CUNHA JR., Henrique. Negros na noite. São Paulo: EDICON, 1987.

BERND, Zilá. Negritude e literatura na América Latina. Porto Alegre: Mercado aberto, 1987.

Cadernos negros 4

OLIVEIRA, Luiz Henrique Silva de. Henrique Cunha Júnior. In DUARTE, Eduardo de Assis (Org.). Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 3, Contemporaneidade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

FILIPPO, Thiara Vasconcelos de. Imagens poéticas o negro, a África e a noite na literatura de Oswaldo de Camargo. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2007. Dissertação de mestrado.

MOURA, Clovis. Prefácio. CUNHA JR., Henrique. Textos para o movimento negro. São Paulo: EDICON, 1992.

NASCIMENTO, Abdias do. In www.quilombhoje.com.br/sobrecadernos/orelhaabdias.htm, acesso em 03/01/2007.

Tear africano: contos afrodescendentes. São Paulo: Selo Negro, 2004.

 


LINKS