DO SOPRO

O sopro que intercepta
o self dos meninos
                          avança
s águas turvas
e o rasgo
             da mirada.

(Límpido perfil do gesto
atado ao transe.)

O sopro lume
                  e larva
pedra
       sangue
                 flor

face ao que consagra
e nutre,
face ao vário
                 desvario
onde anjos rotos
rezam aos abutres.

Há uma zona
em que os cristais
se partem
sob essa aragem ancestral
do sangue.
Há incêndios na raiz
do gesto. Vestígios
de pólvora nas palavras.
E quando há voz,
é a cicatriz que canta.
              (Sol sanguíneo, p. 33-34)