Estandarte da agonia
Usa-o quem o tece de fios contemporâneos,
embora existisse no passado como estranho.
Teceram-no João e Arthur Timóteo da Costa,
estudando na Escola Nacional de Belas Artes:
sob os modelos cada um gerou a sua fortuna,
menos esperada, mas livre, na livre loucura.
Outro Artur fez seu o estandarte da agonia.
Buscou palavras no abismo e com esforço
salvou-as do certo para o incerto hospício.
Como estreitar esse mergulho? Sabemos as
rotas do navegante Artur Bispo do Rosário?
Quem mediu sua engenharia? O estandarte,
contrário ao que parece, empluma
a navalha onde Arthur estacionou sua nave.
(Blanco. In: Lugares ares: obra poética 2, 2003).