Discurso do crítico literário
Apenas a ferina
boêmia citadina
e o discurso terso
de Lima Barreto
a argúcia, o estilo, a ironia fma
o humor
de Machado (o bom Joaquim Maria)
a essência amara
do grande negro
de Santa Catarina
em versos da mais bela branquidade
portais do espaço da modernidade
e mais tarde
a voz crioula
a eclodir no verso
branco
do inventor de Orfeu
Jorge de Lima
e a passar de raspão
na construção
do herói Macunaíma
uma ou outra palavra mais ligeira
tingem de leve
a morenice da musa brasileira.
(Nas tensões do lirismo coletivo
ou individualista
a negritude
tradição ou
ruptura
não tem lugar
nessa literatura).
(Dionísio Esfacelado, 1984, p. 9-13).